Do lado de fora, escaladores do Greenpeace estenderam uma faixa de 1.200 m² com a frase: “JBS lucra, florestas queimam” – uma referência tanto às ligações da multinacional com o desmatamento das florestas, quanto à contribuição descomunal do agronegócio à crise climática. Imagens aqui.

  • Os ativistas, que fizeram um protesto pacífico, foram recebidos com truculência pelos seguranças da empresa.
  • Além da ação no Brasil, ativistas do Greenpeace também protestaram contra a empresa em países europeus. Imagens aqui
  • Organização publicou um dossiê reunindo diversas notícias que retratam ligações da JBS com casos de desmatamento ilegal e de violações de direitos humanos, entre outros escândalos, nos últimos 18 anos. Acesse o documento completo aqui.

Ativistas do Greenpeace Brasil interromperam a assembleia anual de acionistas da JBS, realizada nesta terça-feira (29), na sede do complexo da multinacional em São Paulo. Durante o evento, os ativistas se levantaram do meio da plateia e exibiram faixas com os dizeres: “Respeitem a Amazônia”, “Parem de bancar a JBS” e “Seu lucro, nossa extinção”, com o objetivo de chamar a atenção para o papel da empresa na destruição das florestas, em especial da Amazônia, e no consequente colapso climático.

Em frente ao prédio onde ocorria a assembleia geral, dois ativistas se fantasiaram de “bilionários”, fazendo uma alusão aos sócios majoritários da JBS, Joesley e Wesley Batista. Outros ativistas exibiram mais cartazes de protesto e foram retirados do local com truculência por seguranças da empresa, que retiveram os equipamentos de foto e vídeo, demandaram que as imagens fossem apagadas e os empurraram para fora do complexo. A Polícia Militar foi chamada.

No telhado de um galpão dentro do complexo, escaladores do Greenpeace estenderam uma faixa gigante de 1.200 m² com a mensagem “JBS profits, forests burn” (“JBS lucra, as florestas queimam”, em tradução literal). A mensagem em inglês foi utilizada para ampliar o alcance do protesto, já que os impactos causados pela empresa são globais, assim como a própria JBS, que é a maior multinacional de carnes do mundo.

“Fizemos uma ação pacífica dirigida à JBS porque o apetite voraz da empresa por lucro representa tudo o que há de errado com o agronegócio. Suas cadeias produtivas estão alimentando o desmatamento em ecossistemas vitais, como a Amazônia, e as emissões de gases de efeito estufa são colossais, particularmente as de metano”, explica Cristiane Mazzetti, porta-voz do Greenpeace Brasil.

Infelizmente, a empresa respondeu com truculência desnecessária.

Dossiê reúne escândalos da JBS

Durante a ação, o Greenpeace Brasil publicou um dossiê online chamado “JBS: cozinhando o planeta”, reunindo diversas notícias que retratam casos de desmatamento ilegal e de violações de direitos humanos na cadeia produtiva da JBS nos últimos 18 anos, entre outros escândalos e promessas não cumpridas. O material também mostra a relação de instituições financeiras em todo o mundo com o grupo JBS e chama o setor financeiro a repensar sua relação com empresas e grupos que lucram às custas da destruição das florestas.

“O império da JBS foi construído com base em promessas quebradas, muita destruição ambiental e diversos escândalos de corrupção. Empresas como essa não deveriam encontrar apoio no mercado e nem no sistema financeiro”, alerta Mazzetti.

Protesto global contra a entrada da JBS na Bolsa de NY
O protesto dos ativistas do Greenpeace nesta terça-feira ocorreu poucos dias após a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) ter aprovado o pedido da JBS para listar suas ações na Bolsa de Valores de Nova York.

O Greenpeace é contra a listagem da JBS no mercado americano, uma vez que ela ajudará a empresa a financiar uma expansão global pautada no aumento das emissões globais e na ameaça de ecossistemas vitais, como a floresta amazônica. Por isso, além do protesto no Brasil, ativistas da organização também protestaram em frente a prédios da JBS e de suas subsidiárias na Europa, em países como Luxemburgo, Holanda, Suécia e Itália.

“Diante de tanta destruição ambiental e climática, a JBS não deveria ser recompensada com o aval para listar suas ações também na Bolsa de Valores de Nova York, uma vez que isso encherá ainda mais os bolsos de seus chefes bilionários e garantirá mais financiamento para replicar um modelo de negócio predatório, contribuindo para que o planeta mergulhe ainda mais no caos climático”, diz Mazzetti.

Uma investigação recente da Unearthed (braço de jornalismo investigativo do Greenpeace no Reino Unido), Repórter Brasil e The Guardian alertou que é provável que a JBS não cumpra sua principal meta ambiental, a de eliminar o desmatamento de sua cadeia produtiva na Amazônia até o final deste ano. A reportagem lembra que, no início de 2025, o diretor de sustentabilidade da JBS, Jason Weller, afirmou que a meta anunciada pela empresa em 2021 de zerar emissões líquidas até 2040 “nunca foi uma promessa”.

“Em um mundo com eventos extremos cada vez mais frequentes e intensos, nenhum setor da economia está isento de contribuir ambiciosamente para a redução das emissões. Porém, compromissos voluntários como o da JBS não nos levarão até lá, vide seu forte histórico de promessas não cumpridas. Os governos precisam regular urgentemente o setor agropecuário, de maneira a garantir o alinhamento com o Acordo de Paris, com as metas do Marco Global da Biodiversidade”, conclui a porta-voz do Greenpeace Brasil.

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