Ação judicial contra Greenpeace Internacional e organizações do Greenpeace Estados Unidos faz parte de estratégia jurídica antidemocrática

Como parte da Semana Global de Ação, ativistas e apoiadores do Greenpeace República Tcheca mostram a solidariedade abrangente da rede global do GP para enviar a mensagem à Energy Transfer: "Não seremos silenciados."
A rede global do Greenpeace realizou uma série de ações em solidariedade e denunciando o processo Slapp. Na imagem, integrantes do Greenpeace República Tcheca . (Foto: © Ray Baseley / Greenpeace)

O Greenpeace Internacional e organizações do Greenpeace nos Estados Unidos estão enfrentando uma ação judicial no valor exorbitante de US$ 300 milhões apresentada pela Energy Transfer (ET). 

Você deve estar se perguntando por quê… A empresa americana, que atua no transporte, armazenamento e terminalização de gasodutos para gás natural e petróleo bruto, construiu um oleoduto em Dakota do Norte, nos Estados Unidos, próximo à reserva indígena Standing Rock.  Mas não sem resistência. 

Indígenas Sioux que vivem no território protagonizaram, entre 2016 e 2017, uma ampla mobilização contra o projeto Dakota Access Pipeline. A ET, no entanto, sem qualquer prova, alega que o Greenpeace teria orquestrado esse movimento – uma fala racista, que pressupõe que os indígenas não têm voz nem capacidade de articulação por si só, que diminui o movimento e atribui ao Greenpeace um papel que ele nunca exerceu.

Desde então, foram sucessivas tentativas de assédio judicial  contra o Greenpeace Internacional e as entidades da organização nos Estados Unidos, com acusações e teorias infundadas que foram, inclusive, rejeitadas pelo tribunal federal do país. 

Apesar do resultado positivo desse primeiro processo, outro similar foi apresentado pela Energy Transfer em nível estadual e ganhou tração, mesmo com o fato de que a única ação concreta que a empresa consegue atribuir ao Greenpeace Internacional seja a assinatura de uma carta pública ao lado de 500 outras organizações. A mensagem da carta se direcionava aos bancos que financiaram a obra e manifestava preocupação com a construção do oleoduto.

Já contra o escritório do Greenpeace Estados Unidos – que apoiou o movimento indígena se unindo às manifestações inclusive depois que elas já haviam começado – o processo da Energy Transfer também atribui declarações supostamente difamatórias, além da responsabilidade pela organização dos protestos.

A ação judicial de US$ 300 milhões se enquadra em uma estratégia jurídica conhecida como SLAPP (Strategic Lawsuit Against Public Participation), uma nova “arma” de petroleiras e de outras empresas para silenciar organizações da sociedade civil.

Solidariedade

Desde 2022, as empresas de petróleo e gás elevaram o número das ações judiciais de intimidação contra as organizações do Greenpeace a um novo patamar.

Eles aplicaram essa estratégia jurídica contra nossos escritórios na França (TotalEnergy), Itália (ENI) e em resposta a outras ações pacíficas que realizamos, como no caso do processo da Shell contra o Greenpeace Reino Unido. 

Isso só demonstra como as grandes petrolíferas se sentem ameaçadas pelo poder do movimento climático, do qual o Greenpeace faz parte. Usando seus lucros altíssimos, elas podem se dar ao luxo de lançar processos SLAPP, criados para intervir nas mobilizações de nossas campanhas e no processo de conscientização das pessoas sobre a causa climática.

Ação anti-slapp na UE

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