Relatório atual segue classificando como “risco aceitável” a possibilidade dos produtos causarem doenças como câncer, malformação fetal, entre outras;
Projeto de lei visa flexibilizar as regras de aprovação e comercialização de químicos, derrubando a legislação atual

São Paulo (SP), 26 de setembro de 2023 – O Greenpeace Brasil se une a mais de 70 organizações da sociedade civil em um manifesto contra o avanço, no Senado Federal, do Pacote do Veneno (Projeto de Lei 1.459/2022). O novo texto proposto pelo Senador Fabiano Contarato (PT/ES) à Comissão de Meio Ambiente do Senado, com chances de ser votado nesta quarta-feira (27), permite o registro de agrotóxicos cancerígenos, muitos dos quais são proibidos na União Europeia, e promove o crescente envenenamento da população brasileira.
Segundo o comunicado divulgado hoje (26) pelas organizações, “é fundamental a completa eliminação, no relatório, do conceito de ‘risco aceitável’. A tentativa de amenização no voto do relator foi insuficiente e jamais apoiaremos que haja ‘risco aceitável’ para doenças como câncer, malformação fetal, entre outras”.
As organizações reconhecem que o relatório apresentado pelo Senador Contarato busca reduzir danos do PL, com a manutenção do termo “agrotóxico”, a eliminação do registro temporário, entre outros pontos positivos. No entanto, seguem algumas questões críticas.
“O texto ainda permite, por exemplo, a exportação pelo Brasil de agrotóxicos sem registro e cujo uso é proibido em nosso país, ignorando tanto os riscos envolvidos no transporte e sua eventual produção no país, quanto os riscos de desvios dos produtos e, principalmente, os princípios éticos ao se mandar para o exterior (leia-se, países pobres) substâncias que já banimos por aqui”, diz o comunicado das organizações da sociedade civil.
“Apesar de reconhecer os esforços do senador Contarato em promover melhorias no texto, o PL 1.459/22 segue sendo uma ameaça grave à saúde da população brasileira e ao meio ambiente. Por isso, seguimos dizendo não ao Pacote do Veneno”, afirma Mariana Campos, porta-voz do Greenpeace Brasil.
A legislação atual (Lei 7.802/1989) proíbe ingredientes ativos que causam danos severos à saúde – como câncer, malformação fetal e mutações genéticas -, algo que a bancada ruralista
propõe eliminar. “Infelizmente, o relatório apresentado pelo senador Contarato continua dando margem para o registro de substâncias perigosas, sob o argumento do ‘risco aceitável’; portanto, precisamos da exclusão completa desse conceito no texto. E precisamos perguntar: aceitável para quem?! Nenhum risco é aceitável para quem planta e para quem come”, completa Mariana Campos.
A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, signatária do manifesto, também reconhece o esforço do senador Contarato em tentar amenizar as propostas do projeto, mas a essência permanece a mesma: “O texto do senador pretende flexibilizar a liberação de agrotóxicos em benefício do agronegócio, penalizando a população com mais veneno nos alimentos. Nenhum risco de contrair doenças como o câncer é aceitável. O Pacote do Veneno é uma ameaça direta aos esforços de proteção do meio ambiente, promoção da saúde e combate à crise climática”, salienta Jakeline Pivato, coordenadora do movimento.
Assinado por mais de 70 organizações, o Manifesto Contra o Pacote do Veneno é uma reação diante de diversas tentativas dos movimentos em se reunir com o senador Contarato para discutir o projeto de lei, mas nenhuma foi aceita: “É frustrante que, mesmo com todos os alertas que as organizações vêm fazendo, o senador tenha se fechado ao diálogo com a sociedade”, revela Mariana Campos.
“É urgente que o senador atenda às demandas do manifesto, rejeitando o PL e direcionando o Brasil para um caminho de sustentabilidade, por meio de políticas de redução dos agrotóxicos”, conclui Jakeline Pivato.
Assinam o comunicado:
Abrasco – Associação Brasileira de Saúde Coletiva
Ação da Cidadania
ACT Promoção da Saúde
Arayara
Associação Alternativa Terrazul
Associação Brasileira de Agroecologia (ABA)
Associação Brasileira de Naturologia
Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto
Associação ManaCalanga
Associação para a Gestão Socioambiental do Triângulo Mineiro
A Vida no Cerrado
Amigas da Terra Brasil
Associação de Agricultura Orgânica e Biodinâmica Serras Verdes
Articulação de Agroecologia e Agricultura Urbana e Periurbana da RMR
Associação de Amigos e Produtores de Água do Prata
Associação de Comunicação, Educação, Meio Ambiente , Desenvolvimento Sustentável e Assistência Social MATA VIVA
Associação de Servidores do Ministério do Meio Ambiente
Associação dos (as) Agricultores(as) Familiares da Serra dos Paus Dóias – Exu-PE
Associação dos Ambientalistas e Moradores do Jardim Oceania
Associação dos Servidores Federais da Área Ambiental no Estado do Rio de Janeiro
Associação ManaCalanga
Associação Mineira de Defesa do Ambiente – Amda
Associação Potiguar Amigos da Natureza
Associação Sustentabilidade Popular
Banquetaço
Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida
Canteiros Coletivos
Casa Ecoativa
Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata
Centro Vida Orgânica
Certificação Participativa da Cooperativa Central dos Assentamentos do RS
ClimaInfo
Comissão Socioambiental Inter-religiosa da Paróquia de São Domingos
Comissão Pastoral da Terra – MS
Conectas Direitos Humanos
Confederação Nacional dos Trabalhadores Assalariados e Assalariadas Rurais – CONTAR
Conselho Alimentar Municipal de Segurança Alimentar de Piraquara – PR
Coletivo em Defesa do Meio Ambiente na Paraíba
FIAN Brasil – organização pelo direito humano à alimentação e à nutrição adequadas
Fórum Acidentes do Trabalho
Fórum Brasileiro de Economia Solidária
Fórum Brasileiro de Ongs e Movimentos Sociais pelo Meio Ambiente e o Desenvolvimento
Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos
Fórum Potiguar de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos e em Defesa da Agroecologia
Fundação Ecotrópica – Fundação de Apoio à Vida nos Trópicos
Fundação Grupo Esquel Brasil
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
Greenpeace Brasil
Instituto Brasil Orgânico
Instituto Cerrados
Instituto Clima de Eleição
Instituto Krehawa
Instituto Santa Dica
Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN)
Instituto Socioambiental (ISA)
Instituto Território e Justiça
Marcha Mundial por Justiça Climática
Movimento Defesa Preservação Sustentabilidade
Movimento de Luta pela Terra (MLT)
Movimento Nacional Contra Corrupção e pela Democracia
Movimento SOS Chapada dos Veadeiros
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
Movimento Urbano de Agroecologia (MUDA)
Núcleo de Pesquisa e Extensão em Direito Socioambiental EKOA
Observatório do Clima
Proteção Animal Mundial
Reciclã – Rede de Sustentabilidade
Rede de Agroecologia do Maranhão
Rede de Grupos de Agroecologia do Brasil
Rede Ambiental do Piauí
Rede de Apoio Indigenista e Social
Rede Nordeste de Núcleos de Agroecologia
Slow Food Brasil
Terra de Direitos
Terramar
WWF Brasil
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