São Paulo – Proteger e restaurar florestas e reformar urgentemente o sistema global de alimentos são as principais soluções para a alarmante crise que afeta solos e clima, segundo o mais recente estudo científico da ONU.

O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), publicado nesta quinta-feira, 08, revela que desde o período pré-industrial a temperatura média do planeta aumentou 0,87 ° C, mas de forma diferente sobre os oceanos e a superfície terrestre. Em terra, o aumento de temperatura já é de 1,53 °C – acima, portanto, da meta de 1,5 °C definida pelo Acordo de Paris aprovado por 155 nações – inclusive o Brasil – em 2015. Essa rápida elevação está impulsionando a desertificação e a degradação do solo, com preocupantes impactos sobre a segurança alimentar.

“Proteger nosso clima e alimentar o mundo exige ação urgente. O relatório do IPCC chega no momento em que os alertas de desmatamento da Amazônia mostram crescimentos absurdos, bem acima da destruição verificada ano passado” afirma Paulo Adário, estrategista sênior de florestas do Greenpeace. “Cientistas do mundo inteiro reunidos pelo IPCC demonstram que, para combater a crise climática, já não basta apenas zerar as emissões globais de combustíveis fósseis. É fundamental zerar o desmatamento, proteger e restaurar nossas florestas e ecossistemas naturais, que são sorvedouros naturais de CO2, além de substituir commodities agrícolas por alimentos sustentáveis, reduzindo a produção e consumo de carne, hoje o maior vetor de destruição da Amazônia e outros ecossistemas”, completa.

Segundo o IPCC, o consumo de carne mais do que duplicou nos últimos 60 anos, à medida que os solos foram convertidos para uso agrícola a um ritmo sem precedentes na história da humanidade. Hoje, as emissões do sistema alimentar como um todo, incluindo produção e consumo, representam até 37% do total global de emissões de gases de efeito estufa induzidas pelo homem.

“Empresas agrícolas precisam abandonar promessas vagas e mudar radicalmente suas práticas predatórias; e governos precisam assumir suas responsabilidades para com a proteção de florestas, respeitando o direito das populações tradicionais e povos indígenas. Mudar a forma como produzimos alimentos e o que comemos ajudará a proteger o clima e a promover a segurança alimentar em escala global”, diz Adário.

O relatório especial do IPCC é o mais amplo estudo científico feito até hoje sobre sobre mudança climática e os solos. Os cientistas alertam que mais de um quarto da superfície coberta por terra no planeta está sujeita à degradação induzida pelo homem. O relatório aponta também que 23% das emissões humanas de gases de efeito estufa provêm do desmatamento, das queimadas e da agricultura, mas afirma que as florestas e o solo, se bem manejados, podem atuar como um poderoso sorvedouro de carbono para ajudar a mitigar o pior das mudanças climáticas.

Assessoria de Imprensa
Rebecca Cesar
[email protected]
(11) 3035-1167 e (11) 9-5640-0443

Sem a ajuda de pessoas como você, nosso trabalho não seria possível. O Greenpeace Brasil é uma organização independente - não aceitamos recursos de empresas, governos ou partidos políticos. Por favor, faça uma doação hoje mesmo e nos ajude a ampliar nosso trabalho de pesquisa, monitoramento e denúncia de crimes ambientais. Clique abaixo e faça a diferença!