Moradores de Lokolama,a 45 km de Mbandaka (RDC), dão as boas-vindas à equipe da Expedição do Greenpeace África, que está trabalhando com parceiros locais para pesquisar e identificar a presença de turfeiras tropicais. © Kevin McElvaney / Greenpeace
Moradores da aldeia Lokolama, a 45 km de Mbandaka, na República Democrática do Congo (RDC), dão as boas-vindas à equipe da Expedição do Greenpeace África, que está trabalhando com parceiros locais para pesquisar e identificar a presença de turfeiras tropicais. © Kevin McElvaney / Greenpeace

O Greenpeace tem o prazer de apoiar e endossar o primeiro Congresso Global de Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais das Bacias de Florestas Tropicais, que acontece de 26 a 30 de maio de 2025, em Brazzaville, na República do Congo. 

Este encontro histórico reúne lideranças indígenas, representantes comunitários, ambientalistas e aliados internacionais determinados a defender os ecossistemas florestais mais vitais do planeta. 

As florestas da Bacia da Amazônia (América), do Congo (África) e de Borneo-Mekong e Papua (Ásia) são berços de biodiversidade e patrimônio cultural. Esses ecossistemas críticos são essenciais para a estabilidade climática do planeta — e, no entanto, estão sob constante ameaça do desmatamento, da extração ilegal de madeira, da grilagem de terras e de indústrias agropecurárias. 

Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais têm sido os verdadeiros guardiões dessas terras por gerações, utilizando saberes ancestrais e práticas sustentáveis que são fundamentais no enfrentamento das mudanças climáticas e da perda de biodiversidade.

Entre os temas em discussão, está a destinação de recursos para quem realmente está cuidando das florestas tropicais ao redor do mundo, como o novo Mecanismo Floresta Tropical para Sempre (TFFF, do inglês Tropical Forest Forever Facility), que propõe financiar a proteção de florestas tropicais. O modelo oferece pagamentos por hectare conservado, reforçando que a floresta tem mais valor em pé do que derrubada. O lançamento está previsto para a COP30, em Belém, sob liderança do governo brasileiro.

Conforme a nota informativa publicada neste mês, o Greenpeace destaca que é necessário uma governança forte no TFFF, para que o dinheiro não seja utilizado em atividades que destruam o meio ambiente e violem os direitos humanos. O TFFF deve assegurar total transparência e, principalmente, inclusão das populações indígenas e tradicionais – pelo menos 20% dos recursos devem chegar de forma direta para os povos da floresta.

Rômulo Batista, da Campanha de Soluções da Floresta do Greenpeace Brasil, destacou:

“Na Amazônia, os povos indígenas protegem milhões de hectares de floresta em seus territórios demarcados e não demarcados. Líderes globais e financiadores internacionais devem respeitar esses territórios e investir em suas soluções — e não no agronegócio e nas atividades de mineração que ameaçam e invadem suas terras, florestas e rios.”

Bonaventure Bondo, da Campanha de Soluções da Floresta do Greenpeace África para a Bacia do Congo, declarou:

“Os povos indígenas e comunidades tradicionais são os guardiões das florestas remanescentes do mundo. Na Bacia do Congo, eles desenvolvem iniciativas locais baseadas em soluções para proteger as florestas e preservar a biodiversidade, utilizando seus conhecimentos tradicionais. Este Congresso é um chamado ao mundo: reconheçam e fortaleçam os povos indígenas e comunidades tradicionais para que liderem a proteção sustentável de nossas florestas — para o bem-estar deles e o futuro de todo o planeta.”

Amos Sumbung, da Campanha de Soluções da Floresta do Greenpeace Sudeste Asiático (Indonésia), afirmou:

“No Sudeste Asiático, nossas florestas estão sendo destruídas mais rapidamente do que nunca. A maior floresta remanescente da região está em Papua, na Indonésia — ela não pode ser destruída e deve ser defendida a todo custo. A liderança indígena é a única maneira de interromper essa destruição. Este encontro precisa ser um ponto de virada — em que as vozes dos Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais sejam ouvidas e seus direitos, priorizados nas políticas climáticas globais.”

Como defensor da justiça ambiental e dos direitos das populações tradicionais, o Greenpeace pede à comunidade internacional — governos, organizações internacionais e sociedade civil:

  • Reconhecer e garantir os direitos territoriais dos Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais;
  • Assegurar acesso direto a financiamento para que Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais liderem e ampliem suas próprias iniciativas de proteção florestal;
  • Incorporar os saberes indígenas nas ciências e políticas climáticas e de biodiversidade em todos os níveis;
  • Assumir compromissos concretos que protejam tanto as florestas quanto as culturas que delas dependem.

Por um futuro em que as florestas prosperem, a biodiversidade floresça e os Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais sejam reconhecidos como co-gestores do planeta. O Greenpeace está ao lado deles na exigência por ações urgentes.

Romulo Batista, do Greenpeace, na Expedição Respeitem a Amazônia, para mapear e registrar soluções econômicas e sociobiodiversas praticadas por povos indígenas e comunidades ribeirinhas do Médio Juruá, no Amazonas, em maio de 2025. © Nilmar Lage / Greenpeace

Sem a ajuda de pessoas como você, nosso trabalho não seria possível. O Greenpeace Brasil é uma organização independente - não aceitamos recursos de empresas, governos ou partidos políticos. Por favor, faça uma doação mensal hoje mesmo e nos ajude a ampliar nosso trabalho de pesquisa, monitoramento e denúncia de crimes ambientais. Clique abaixo e faça a diferença!