“Declaração de Sira” é assinada durante “Acampamento dos Defensores da Floresta”, realizado no fim de setembro na Indonésia
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São Paulo, 7 de outubro de 2025 – Entre 23 e 26 de setembro, 89 jovens lideranças indígenas participaram do “Acampamento de Defensores da Floresta” (Forest Defender Camp), na Vila Sira, dentro no território indígena Tehit-Knasaimos, na Papua Ocidental, região com as florestas mais conservadas da Indonésia. Com apoio do Greenpeace, foram quatro dias de discussões intensas e atividades culturais, onde os participantes elaboraram um chamado à ação para os líderes mundiais, expresso na “Declaração de Sira”.
Representantes das sete regiões da Papua Ocidental, Bacia do Congo, Amazônia e Bornéu assinaram a declaração que reflete as demandas e os desafios comuns enfrentados pelos povos indígenas. Em suma, jovens das maiores florestas tropicais do mundo reivindicam proteção legal aos direitos indígenas e o acesso direto ao financiamento climático para os guardiões dos ecossistemas mais críticos do planeta.
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A jovem liderança da Amazônia e representante da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Nathalia Kycendekarun Apurinã, destaca que as florestas tropicais e as pessoas que as protegem são a base da vida na Terra, salvaguardando a biodiversidade e proporcionando estabilidade ao ar, à água e ao clima.
Ela enfatiza que a juventude indígena compartilha o compromisso de proteger suas terras ancestrais, honrar sua herança e garantir um futuro para seus descendentes: “A crise climática exige que todos – governos, empresas e organizações internacionais – se juntem a nós. A solução existe e está enraizada em nosso conhecimento tradicional e em nossa conexão com a natureza. A hora de agir é agora. Líderes dizem que buscam uma resposta, mas a resposta sempre esteve aqui. A resposta somos nós”.

Proteger as florestas é a solução
Durante a abertura do acampamento, Nabot Sreklefat, da Comunidade da Juventude Indígena de Knasaimos, acredita que a presença de representantes de toda a Papua Ocidental e de outras grandes regiões de floresta tropical é uma fonte de profunda inspiração. “Vergonhosamente, as vozes dos jovens, especialmente os indígenas, são rotineiramente marginalizadas na tomada de decisões. Minha esperança é que, deste acampamento de defensores da floresta, nossas vozes cheguem ao cenário nacional e internacional”.
Para Gylain Mbale Mola, líder indígena da Bacia do Congo, foi uma oportunidade para jovens indígenas ao redor do mundo compartilharem experiências, lutas e também esperanças. “Enfrentamos os mesmos desafios e nos unimos para defender a Terra, exigindo nossa inclusão, reconhecimento e a integração de nossos conhecimentos tradicionais nas políticas de combate às mudanças climáticas”.
A porta-voz da Frente de Soluções da Floresta do Greenpeace Brasil, Vanessa Pedroza, destaca que os jovens que construíram a Declaração de Sira são as vozes das grandes florestas tropicais do planeta, os pulmões do mundo. “Carregam o conhecimento ancestral e a força que protegem não só esses ecossistemas, mas todos os sistemas que sustentam a vida na Terra. Pela primeira vez, essas juventudes se uniram em uma só voz para propor soluções conjuntas aos desafios de suas regiões. A Declaração de Sira é um chamado à ação, que une a proteção das florestas à defesa dos direitos de seus povos. É um compromisso guiado pelas vozes que vêm do coração da floresta. Nosso presente e futuro depende de ouvirmos e seguirmos essas vozes”.
Kiki Taufik, chefe da Campanha Global de Florestas do Greenpeace Indonésia, espera que a Declaração de Sira leve as demandas dos Povos Indígenas à COP30, no próximo mês: “A dupla crise climática e da biodiversidade representa uma ameaça global existencial ao futuro da geração mais jovem. As vozes que chegam aos ouvidos dos líderes mundiais devem ser as dos verdadeiros protetores de nossas florestas. Os jovens indígenas são a chave para o futuro da Terra”.

Greenpeace Brasil lança Plano de Ação para Florestas
Em diálogo com a proteção das florestas, o Greenpeace Brasil lançou o Plano de Ação para Acabar com a Destruição das Florestas até 2030. Trata-se de uma nota técnica com análises e considerações de caminhos possíveis para proteção das florestas, para que seja adotado no âmbito do Acordo de Paris, firmado em 2015, e que seja estabelecido por meio de uma decisão na COP30, no próximo mês em Belém (PA).
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