Ainda que os resultados das negociações tenham deixado a desejar, a mobilização de diferentes grupos e povos colocaram a participação social na COP30 em outro patamar

As cores, as vozes e a força das pessoas ocuparam a cidade de Belém durante as duas semanas da COP30, no Pará. Enquanto as negociações climáticas se encerraram sem apresentar um mapa do caminho para o fim dos combustíveis fósseis e do desmatamento global, frustrando ambientalistas e organizações da sociedade civil, a “COP de fora” fez história.
A ocupação das ruas e das águas de Belém deixa um legado para as próximas conferências: o da garantia da participação social como fator determinante para o avanço concreto na defesa do planeta e do clima.
A Cúpula dos Povos, que aconteceu na Universidade Federal do Pará (UFPA), reuniu milhares de pessoas e representantes de movimentos sociais. Ao longo de uma semana, foram realizados painéis e discussões sobre a crise do clima, ressaltando a importância do apoio financeiro para os projetos e comunidades que mantêm a floresta em pé e do enfrentamento à desigualdade como saída para mitigar as consequências da crise climática.

O Rainbow Warrior III (Guerreiro do Arco-íris, em português), navio do Greenpeace, também se somou a essa maré. O barco permaneceu atracado no Trapiche Ribeirinho, bem próximo à Cúpula, durante as duas semanas da COP30.
O navio foi palco de eventos e trocas com lideranças indígenas, movimentos de juventude e ativistas climáticos. Também abrimos as portas para que a população de Belém conhecesse mais sobre nosso ativismo e sobre a campanha global “Respeitem a Amazônia”, que já mobilizou mais de meio milhão de pessoas ao redor do mundo.
Mais de 7 mil pessoas participaram das visitas públicas ao navio, que agora segue viagem em direção a Recife para continuar a promover a mobilização e conscientização relacionada à justiça climática e aos oceanos.
O navio Guerreiro do Arco-Íris também participou da barqueta organizada pela Cúpula, onde mais de 200 embarcações ocuparam o Rio Guamá no dia 12 de novembro com o mote “Da Amazônia para o mundo: fim da desigualdade e do racismo ambiental. Justiça climática já!”.
Dois dias depois, com o mesmo objetivo, a Marcha Global pelo Clima levou mais de 40 mil pessoas para as ruas da capital paraense. Os dois momentos registraram a força da união dos povos e mostraram como a mobilização popular pode pressionar as negociações.
A solução está nos territórios
Essa também foi a Conferência do Clima com a maior presença indígena já registrada. Foram milhares de indígenas e lideranças que levaram aos governos, em diferentes espaços e circunstâncias, a demarcação dos territórios como principal reivindicação para conter a crise climática.
Na segunda semana da COP30, o governo brasileiro anunciou o avanço no processo de demarcação de 20 Terras Indígenas – 4 foram homologadas, 10 declaradas e 6 delimitadas. Representando milhões de hectares protegidos. Uma vitória que reflete anos de mobilização dos povos indígenas e reforça o pedido que foi feito na Marcha Indígena durante a COP: “A Resposta Somos Nós – demarcar terras é proteger florestas e enfrentar a crise climática”.
Essa, sem dúvida alguma, foi a COP das pessoas. E isso é primordial para qualquer avanço da agenda climática. Afinal, não há debate climático possível sem a inclusão daqueles que realmente sabem como proteger as florestas e o clima.
E é exatamente por isso que a mobilização que deixou Belém ainda mais colorida durante as negociações globais segue firme e forte, regando as possibilidades criadas pela COP30 para germinar, criar raízes e florescer as mudanças e ações que precisamos.
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