O navio do Greenpeace está chegando ao Brasil para a COP30 e queremos te apresentar um pouco mais de sua história

Em meio à tensão da Guerra Fria e às consequências invisíveis da corrida nuclear, o Greenpeace emergiu como uma das principais vozes globais em defesa da paz, do meio ambiente e da vida.
As ações da organização em alto-mar com sua frota de embarcações se tornaram conhecidas mundialmente. E o Rainbow Warrior, embarcação que virá ao Brasil para a COP30, uma referência ativista!
Para que você conheça mais dessa jornada, elencamos três momentos emblemáticos (dos muitos) dos ativistas da organização com o navio.
Confira.
As Ilhas Marshall e o Greenpeace
Entre as diversas missões conduzidas pelos ativistas do Greenpeace no Rainbow Warrior, uma ficou marcada na história como símbolo de humanidade e solidariedade: a ajuda ao povo das Ilhas Marshall, vítimas diretas dos testes nucleares realizados pelos Estados Unidos no Pacífico.
Foi ali que a embarcação se transformou em muito mais do que um navio — tornou-se refúgio, esperança e ponte para um futuro mais justo.
Em 1985, o Wainbow Warrior ajudou a realocar cerca de 350 habitantes do Atol de Rongelap, nas Ilhas Marshall, após mais de 10 anos de contaminação por testes nucleares norte-americanos. O episódio ficou conhecido como Operação Exôdo.
O pedido partiu do senador local Jeton Anjain, que procurou o Greenpeace em busca de ajuda para retirar sua comunidade da ilha, que havia se tornado insegura pela radiação. A tripulação, liderada por ativistas como Bunny McDiarmid e Steve Sawyer, respondeu ao chamado e iniciou a operação que levou famílias inteiras, pertences e materiais de construção para a ilha de Mejatto, a 180 km de distância.
Ao chegar, o navio foi recebido com cartazes que diziam “Amamos o futuro de nossos filhos”, frase que simbolizava a coragem e o amor daquela comunidade, que decidia abandonar seu lar em nome da sobrevivência das próximas gerações. A evacuação, descredibilizada pelo governo dos Estados Unidos na época, acabou se tornando um marco na luta antinuclear e um gesto profundo de solidariedade internacional.
A operação também criou laços duradouros entre o Greenpeace e o povo de Rongelap. Décadas depois, Bunny e outros tripulantes retornaram às Ilhas Marshall para celebrar os 40 anos da missão. Foram recebidos com emoção: a comunidade usava camisetas estampadas com a imagem de Jeton e Sawyer a bordo do Rainbow Warrior em 1985 — um símbolo da amizade que resistiu ao tempo.
Durante a visita, também foram iniciadas novas pesquisas científicas para medir os níveis de contaminação nuclear ainda existentes nos atóis, reforçando a importância contínua da luta por justiça e reparação ambiental.
A Operação Êxodo não foi apenas um resgate — foi um ato de coragem coletiva que uniu duas histórias: a das Ilhas Marshall e a do Greenpeace, em defesa da vida, da dignidade e do futuro.
Rainbow Warrior enfrenta a pesca industrial
Em junho deste ano, mês em que se comemora o Dia dos Oceanos, ativistas do Greenpeace interromperam uma operação de pesca industrial com espinhel no Oceano Pacífico Sul, apreendendo quase 20 quilômetros de equipamentos de pesca perto da Austrália e da Nova Zelândia.
Com uma equipe de ativistas em um pequeno barco, a tripulação do navio Rainbow Warrior libertou mais de uma dúzia de animais, recuperou todo o espinhel (aparelho de pesca) e mais de 210 anzóis usados por um navio de pesca industrial com bandeira da União Europeia.
Entre os animais libertados, estavam um tubarão-anequim ameaçado de extinção, oito tubarões-azuis quase ameaçados e quatro peixes-espada. A tripulação também documentou a captura de tubarões ameaçados de extinção pelo navio durante sua operação de espinhel.

“Salvamos espécies importantes que, de outra forma, teriam sido mortas ou deixadas para morrer nos anzóis. [..] Essas embarcações afirmam estar mirando peixe-espada ou atum, mas testemunhamos tubarão após tubarão sendo recolhido por essas frotas industriais, incluindo três tubarões ameaçados de extinção em apenas meia hora”, explicou Georgia Whitaker, ativista do Greenpeace Austrália-Pacífico.
A ação no mar também trouxe à tona a mobilização do Greenpeace Austrália-Pacífico relacionada ao tema. Os dados mais recentes sobre pesca mostraram que quase 70% da captura de navios da UE foi de tubarão-azul somente em 2023.
Mais de dois terços dos tubarões em todo o mundo estão ameaçados de extinção, e um terço deles corre risco de extinção devido à sobrepesca. Um dos papéis importantes dos navios do Greenpeace é apoiar na documentação desse tipo de atividade, na denúncia pública dessas violações e na pressão para que os governos protejam a vida marinha.
Detenção após ação pacífica em defesa de um Futuro Sem Plásticos
Em 30 de novembro de 2024, cinco ativistas do Greenpeace Internacional a bordo do Rainbow Warrior participaram de uma ação pacífica contra a poluição plástica e acabaram detidos por mais de 6 meses pelas autoridades locais, só podendo voltar para casa no final de junho de 2025.
Durante as negociações sobre o Tratado Global de Plásticos em Busan, os ativistas escalaram o mastro de um navio petroquímico prestes a transportar plásticos tóxicos no complexo Hyundai Daesan Refinery, na Coreia do Sul.

Após 48 horas detidos, Al, Ash, Jens, Sam e a Capitã Guerreira do Arco-Íris, Hettie, foram liberados, mas ainda seguiram sob investigação e impedidos de deixar o país.
A longa investigação só terminou no dia 11 de junho de 2025, depois de meses de mobilizações pelo mundo. O Tribunal Judicial de Seul anunciou sua decisão — uma multa pecuniária — e os cinco puderam voltar para a casa duas semanas depois.

O Greenpeace há muito tempo utiliza a ação direta não violenta em todo o mundo para conscientizar sobre a crise ambiental e pressionar por mudanças estruturais. Infelizmente, o caso dos cinco ativistas levantou questões sobre a proteção do espaço cívico, bem como sobre as liberdades e direitos fundamentais que deveriam ser garantidos em uma sociedade democrática.
Gostaríamos de dar uma merecida salva de palmas e agradecer aos ativistas Al, Ash, Jens, Sam e Hettie, capitã do Rainbow Warrior, que permaneceram fortes por tantos meses acreditando na importância da mobilização. A luta por um futuro sem plásticos continua e contamos com você!
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