© Marie Jacquemin / Greenpeace © Marie Jacquemin / Greenpeace

Para muita gente, as COPs parecem uma maratona de discursos intermináveis e fotos ensaiadas – e, sinceramente, às vezes são mesmo. Mas também são um dos poucos palcos globais onde o mundo inteiro tenta resolver junto a treta do clima. Com a COP30 prestes a acontecer em Belém, no coração da Amazônia, vale entender o que está em jogo: aqui vão seis pontos para ficar por dentro.

1. Afinal, que babado é esse?

COP é a sigla para Conference of the Parties, ou Conferência das Partes, a cúpula climática anual da ONU criada lá em 1992, no embalo do tratado internacional que definiu as regras do jogo climático. Hoje são 198 países nesse rolê, o que faz da COP um dos maiores eventos diplomáticos do planeta. É ali que governos se juntam para negociar como frear o aquecimento global, cortar emissões e ajudar quem já está sofrendo com os impactos.

Dentro de uma COP você encontra de tudo: líderes mundiais, negociadores, cientistas, lideranças indígenas, jovens ativistas, jornalistas e, claro, uns bons lobistas tentando puxar o cobertor pro lado deles. É caótico, cheio de bastidor e às vezes frustrante – mas é o único espaço onde as pequenas ilhas e as grandes potências sentam na mesma mesa para tentar chegar num acordo.

Sabe aquele trabalho em grupo que vira novela? Pois é: uns se dedicam, outros só enrolam, e tem sempre aquele que promete e não entrega. Ainda assim, pra dar certo, todo mundo precisa estar junto. 

2. Por que essas COPs fazem tanto barulho?

Porque o caos climático não respeita fronteiras, meu bem. Uma seca num canto pode deixar o arroz mais caro do outro lado do mundo. O gelo que derrete no Himalaia vira enchente lá longe. E o calor extremo no sul da Ásia mata quem mal teve culpa nessa história.

É por isso que as COPs existem: para juntar governos que, pelo menos na teoria, deveriam cooperar para resolver um problemão que ninguém dá conta sozinho. “Multilateralismo” pode soar palavrão diplomático, mas significa basicamente isso: países tentando agir juntos.

Sem COP, o mundo seria um cada-um-por-si em plena emergência planetária. E a gente já sabe o desastre que isso dá.

3. O que já rolou de importante nas COPs?

Dá pra ser cético, sim. Mas a história mostra que quando a pressão vem, as COPs entregam. Olha nesse replay alguns dos principais momentos:

  • COP21 (Paris, 2015): saiu o lendário Acordo de Paris, onde os governos combinaram de manter o aquecimento “bem abaixo de 2°C” e buscar 1,5°C. Não é perfeito, mas foi o grande ponto de virada e é o maior acordo climático em vigência atualmente.
  • COP27 (Sharm el-Sheikh, 2022): depois de décadas de briga, nasceu o Fundo de Perdas e Danos, para apoiar os países mais vulneráveis. Uma vitória suada, conquistada na marra.
  • COP28 (Dubai, 2023): o momento “finalmente!”. Pela primeira vez, a COP apontou o dedo pros combustíveis fósseis como raiz da crise climática. Histórico, mas com aviso: agora é hora de acabar com eles de forma rápida, justa e financiada.
  • COP29 (Baku, 2024): o papo foi grana, grana e mais grana: o tal do financiamento climático. Teve promessa, sim, mas bem abaixo do necessário. Por isso, a questão da grana promete ser também uma das grandes tretas da COP30.

Nenhuma dessas vitórias aconteceu por acaso. Elas vieram da força das pessoas: da liderança dos povos indígenas, dos países vulneráveis ao clima que não se calaram, dos ativistas que se recusaram a desistir e dos milhões de apoiadores que seguiram exigindo ação.

4. Nos bastidores das COPs: lobby, tretas e o poder das pessoas

Bora ser sincero: muita gente chama a COP de “festival do blá-blá-blá”. E às vezes é mesmo. Em Dubai, por exemplo, o número de lobistas do petróleo superou quase todas as delegações nacionais. E ainda apareceu o lobby do agro para defender a pecuária industrial. 

É justamente por isso que a presença da sociedade civil, dos povos indígenas, da juventude e dos movimentos é essencial. São eles que colocam o dedo na ferida, desmontam o greenwashing e dão voz a quem quase nunca é ouvido.

O Greenpeace marca presença nas COPs não por acreditar em milagres políticos, mas porque sem pressão, nada anda. É o barulho das pessoas que move o tabuleiro desse jogo. 

5. Qual o tamanho da encrenca climática?

Anota aí: segundo a ONU, com as metas climáticas atuais dos países, estamos indo direto para 3,1°C de aquecimento neste século. Para manter o limite de 1,5°C, os países precisam cortar 43% das emissões até 2030 (comparado a 2019) e continuar reduzindo até 2035.

Essa é a diferença entre um planeta habitável e um colapso climático sem volta. As decisões tomadas nas COPs podem literalmente colocar ou tirar bilhões de toneladas de carbono da atmosfera. E isso muda tudo: para florestas, oceanos, cidades, para as presentes  e futuras gerações. 

6. Por que a COP30 promete ser o auge do climão global?

A COP30 vai acontecer pela primeira vez em Belém, Brasil, no coração da Amazônia. Só isso já faz dela histórica. A floresta abriga milhões de pessoas, uma biodiversidade única e é um dos maiores sumidouros de carbono do planeta: absorve bilhões de toneladas de CO₂ por ano. Mas os cientistas estão alertando: a Amazônia está chegando no limite, prestes a virar fonte de emissões se o desmatamento continuar. Por isso, uma COP no coração da maior floresta tropical do mundo é fundamental para juntar de uma vez por todas as agendas de clima e biodiversidade. Afinal, só assim é possível conter a crise climática. 

Além disso, 2025 marca dez anos do Acordo de Paris, o que faz dessa COP um grande “checkpoint” do clima. É hora dos líderes mostrarem que entenderam o recado e trazerem compromissos à altura da meta de 1,5°C.

As apostas são altíssimas. A COP30 é o momento de trocar promessas por ação, de mostrar coragem em vez de desculpas. E mesmo com toda a desconfiança, a esperança segue sendo o combustível. Porque a mudança nunca vem só de cima: ela começa nas pessoas, nas ruas, nas urnas, nas florestas, nas redes e nas histórias de quem não desiste de lutar por justiça climática.

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