Imerso numa experiência inovadora, eu, Richard, tive a oportunidade de representar os voluntários brasileiros em uma jornada no Chile e conhecer ativistas climáticos do país

Richard Alves, voluntário do Greenpeace e mobilizador climático, em atividade de plantio em Brasília, cidade onde mora.

Assim que cheguei na cidade de Valparaíso, no Chile, já pude notar a urgência e gravidade da situação do povo chileno. Vi manifestações sociais e políticas que reivindicam posições governamentais e vi também a forma truculenta como agem os policiais chilenos ou “yuta e pacos”, como são popularmente chamados. 

Uma estudante de 23 anos que não quis se identificar, e que conheci durante uma visita à Universidade Federico Santa Maria, me disse sobre o quanto é chocante para ela acompanhar cenas como a de um  carro policial blindado jogando jatos de água e gás lacrimogêneo nos manifestantes e em qualquer um que estivesse no caminho. Ela também estava muito inconformada com a forma de atuação da polícia, conforme relatei em um dos áudios que gravei no Chile e que é possível conferir ao final do texto.

Os maiores desafios da viagem começaram quando cheguei à Universidade de Valparaíso, onde fui conhecer e dialogar com os estudantes e também fazer algumas entrevistas. Nessas conversas, eu perguntava sobre como funcionavam os movimentos pelo clima na região, como eles estavam participando e qual o impacto das mudanças climáticas na vida deles. A partir daí, pude notar que antes mesmo da pauta climática entrar na conversa, as questões sociais e políticas da região e do país apareciam como os primeiros pontos da conversa, como me disse Gabriel Fuentes, de 22 anos: 

“Estamos em um momento favorável para  abordar os problemas sociais e políticos e assim conseguir trabalhar melhor as pautas climáticas. Há coisas que não se pode negar, por exemplo, o impacto gerado pela exploração de animais para consumo. Por isso me tornei vegetariano. 

E temos que nos manter em rede. Por isso agradeço o contato com jovens do Brasil. O fato de saber que aqui estou lutando por algo e que jovens de outra parte do mundo também estão pois me deixa seguro e motivado para o futuro .”

Ao ver jovens de outro país ou em uma situação de dinâmica social diferente do Brasil, me encantei pela forma de engajamento daqueles ativistas, tanto os da universidade quanto os que estavam na praça para debater sobre as mudanças climáticas e estruturar as manifestações. Vi brilho nos olhos de cada um e a garra de mudança que só estando em contato direto para entender bem como foi essa sensação. 

Enquanto jovem ativista, me identifiquei com eles porque entendo  que assim deveria ser o pensamento e ação de toda a juventude. Temos força, maior disponibilidade de tempo e disposição, por isso deveríamos fazer mais, principalmente no Brasil. Nós, mobilizadores climáticos, estamos fazendo nossa parte, plantando uma semente de engajamento de jovens e para jovens a fim de  que essa se torne uma forma de multiplicar o ativismo e principalmente o ativismo relacionado à pauta do clima.

Sinto ainda que a partir dessa imersão no Chile, renovei meu espírito de ativista e pude priorizar metas do que pretendo fazer no Brasil: tentarei envolver cada vez mais jovens periféricos nos debates e manifestações sobre o clima, pois são eles os mais afetados pelas mudanças climáticas, mas também os que menos têm acesso e oportunidade para discutir sobre o tema.

Escute os áudios diários que fiz durante essa jornada, com meus relatos pessoais e também entrevistas com os jovens mobilizadores:

– Áudio #1: Mudanças e Engajamento no Chile

– Áudio #2: Jovens Engajados

– Áudio #3: Intercâmbio Climático

– Áudio #4: Clima de Despedida

Richard Alves tem 19 anos, é estudante, voluntário, ativista, mobilizador climático e o atual facilitador do grupo de Voluntários do Greenpeace, em Brasília.

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