© Tuane Fernandes / Greenpeace

Nos bastidores da COP30, um dos assuntos que está dominando as rodinhas (e causando aquele burburinho básico entre as delegações) é a Adaptação – ou, em bom português, o plano de sobrevivência do planeta. É sobre como cada país vai se virar com os efeitos da crise climática que já chegaram com tudo: enchentes, secas, ondas de calor, deslizamentos… tudo junto e misturado. E olha, não é exagero dizer que o papo tá quente. Tem país querendo ação, tem país fugindo da conta e tem muito olho revirado nas salas de negociação.

O motivo do alvoroço? Essa COP pode ser o  momento em que o mundo finalmente promete transformar discurso em prática (sim, de novo). Este ano, os países devem aprovar até 100 indicadores globais para medir se o planeta está mesmo ficando mais preparado para enfrentar o caos climático. Esses indicadores são importantes porque, enquanto as metas de mitigação (redução de emissões) são mais fáceis de quantificar – por exemplo, “reduzir 50% das emissões até 2030”, a adaptação é mais complexa de medir. 

Na pré-COP, evento preparatório para a COP30 que reuniu mais de 60 delegações em Brasília, foi estabelecido um cronograma para avançar nesse tópico. Parte dos países tem intenção de definir os indicadores já na 1ª semana da COP30, com a implementação ficando para a semana seguinte. A ideia é que tenha indicadores para tudo: saúde, agricultura, cidades, ecossistemas, e até temas que pouca gente esperava ver nessa lista, como patrimônio cultural, erradicação da pobreza e acesso à água. É tipo uma planilha global da resiliência. Mas, claro, vem o plot twist: o babado maior é sobre os meios de implementação, ou seja, quem vai bancar tudo isso. 

E aí, meu bem, é que a novela começa: os países em desenvolvimento estão cobrando que as nações ricas finalmente paguem o que prometeram há mais de uma década: dinheiro novo, não empréstimo – inclusive alguns países estão buscando uma meta de triplicar o financiamento para adaptação. Já o outro lado, com a União Europeia liderando (e os EUA fingindo que não é com eles), tá tentando empurrar o assunto pro próximo episódio. Resultado: o clima nas negociações tá digno de reality show: discursos inflamados, indiretas diplomáticas e muito “vamos marcar uma reunião paralela para discutir melhor esse ponto”.

Enquanto isso, rola outra treta técnica: como acompanhar e integrar todos esses indicadores aos instrumentos já existentes, tipo as NDCs (as metas nacionais de redução de emissões), os Planos Nacionais de Adaptação (NAPs) e os relatórios de transparência que os países têm que entregar à ONU. A sociedade civil brasileira, junto com o grupo SUR (Brasil, Paraguai, Uruguai e companhia), quer ir além do básico, e está pressionando para incluir dados desagregados por raça e gênero. A ideia é fazer da adaptação um processo realmente justo e transparente, mostrando quem tá mais exposto à crise e quem tá ficando pra trás. Justiça climática com nome, rosto e endereço. 

E o Brasil, claro, não poderia ficar de fora desse roteiro. Como anfitrião, quer mostrar que está pronto para ser protagonista, que entende que adaptação não é luxo, é sobrevivência. O desafio? Garantir que Belém não seja só palco bonito de discurso inspirador, mas o lugar onde o país mostra que sabe cobrar (e entregar) resultados: indicadores robustos, financiamento real e soluções que cheguem em quem mais precisa: das comunidades ribeirinhas da Amazônia às famílias que perderam tudo nas enchentes do Sul. Quer acompanhar de perto essa novela climática? Fique de olho na fofocop.org.br

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