Que o Dia Mundial da Alimentação, comemorado hoje, inspire ações para que todos os brasileiros, independentemente de classe social, possam consumir alimentos orgânicos e saudáveis para as pessoas e o planeta

Alimentação saudável deve ser direito de todos, não um privilégio de poucos.
Outro dia encontrei uma revista antiga, com uma onça-pintada na capa e a chamada “O clima vai mudar a natureza do país – o futuro da natureza e da agricultura”. O ano da publicação, 2009, me chamou a atenção.
Há exatamente 10 anos, cientistas do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, da sigla em inglês) já alertavam que, em um século, as mudanças climáticas causariam alterações profundas na natureza e na agricultura brasileiras. Entre as possibilidades previstas por modelos da época que ajudam a antever esses efeitos, estavam o sumiço da onça-pintada da Amazônia, o desaparecimento total do Cerrado do mapa e perdas no cultivo de soja no Brasil que poderiam chegar a 40%.

Capa da revista de 2009
Em 2019, o alerta dos cientistas permanece: um aumento maior que 1,5 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais pode trazer consequências irreversíveis ao planeta e às pessoas. A ciência afirma aquilo que já enxergamos a olhos nus e sentimos no dia a dia com alterações nas temperaturas e no volume de chuvas. O ser humano está destruindo seu próprio planeta e a corda sempre estoura no lado mais fraco: os que serão mais atingidos pelas catástrofes climáticas são os que menos contribuem para elas. Nossos recursos, nossas florestas e nosso futuro estão sendo roubados de nós e é hora de ação. Mudanças incrementais têm muito valor, mas já não são suficientes. Precisamos de mudanças transformacionais e é por isso que o Greenpeace e tantas outras organizações lutam.
E a agricultura com isso?
Não dá para falar sobre clima sem trazer para a discussão o papel do agronegócio e da agricultura brasileira “convencional”, que se baseia principalmente em monoculturas, como de soja, milho e algodão, voltadas para exportação. Essa agricultura ainda é protagonista quando o assunto é desmatamento e ela mais “abusa” do que “usa” nossos recursos naturais. A terra tem limites: da forma como é utilizada, a produção agrícola que domina nossas paisagens há muitas décadas não tem como se sustentar.
A mudança drástica do clima em determinadas regiões do planeta dificultará ainda mais a produção agropecuária. Se seguirmos assim, tanto a produção quanto o crescimento econômico atrelado a ela serão afetados pela escassez de recursos. Para escaparmos disto, precisamos encontrar meios mais eficientes e sustentáveis de produção e crescimento econômico, e que sejam adotados já.
Por tudo isso, a redução do uso de agrotóxicos tem absolutamente tudo a ver com a diminuição da destruição ambiental e o combate às mudanças climáticas. Diminuir a quantidade de veneno na agricultura é uma questão de sustentabilidade, saúde, direitos humanos e justiça social, o que faz dessa uma luta tão importante para mim e para o Greenpeace.
Quando dizemos “Chega de agrotóxicos!”, não estamos pedindo por um milagre da noite para o dia! Não estamos dizendo que o modelo agrícola atual deve acabar já e que todos os agrotóxicos devem ser jogados fora. Nós pedimos por MOVIMENTO. Que nossos governantes se movimentem rumo a transformações urgentes, ao invés de tentar manter a todo custo um modelo em vias de se esgotar. A agricultura brasileira precisa começar a depender cada vez menos de agrotóxicos. Seu uso não pode ser perpetuado caso queiramos segurança alimentar e clima estável.
Não é razoável continuar empurrando ‘guela’ abaixo da população um sistema que a envenena cada vez mais e que compromete seu presente e futuro, mas é perfeitamente razoável cobrar por políticas públicas capazes de organizar a transição na nossa agricultura e estimular sistemas sustentáveis de verdade — até porque eles já existem, só precisam ganhar força!
Futuro em nossas mãos e pratos
Preocupadas com seu futuro, milhões de pessoas recentemente estiveram nas ruas aderindo à Greve Global pelo Clima, uma mobilização mundial puxada pela juventude de diferentes lugares do mundo exigindo medidas concretas para frear as emissões de gases do efeito estufa e combater o aquecimento global.
Ações como essa comprovam a importância da pressão política e coletiva. Para quem tem o poder da escolha, pequenas ações no dia a dia também contribuem para um planeta mais verde e justo. Por exemplo, optar por uma dieta saudável, sem veneno, que gere menos impacto negativo no meio ambiente e não provoque sofrimento alheio. Até porque, quando mudamos nossas escolhas de consumo, mandamos uma mensagem para governos e empresas de que eles precisam alterar a forma como produzem alimentos.
Que o Dia Mundial da Alimentação, comemorado hoje (16/10), inspire iniciativas agora para que, daqui a alguns anos, todos os brasileiros, independentemente de classe social, possam acessar e comer mais alimentos orgânicos e saudáveis para as pessoas e o planeta.
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