Estado atingiu 1.691 focos no mês, maior índice desde 1999. Licenças para uso do fogo concedidas pelo governo eram em área de pastagem
São Paulo, 22 de fevereiro de 2024 – Roraima atingiu, nesta quinta-feira (22), a marca de 1.691 focos de calor no mês de fevereiro – é um recorde da série histórica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), iniciada em 1999. Dados do Inpe mostram que o estado é o líder no ranking nacional de queimadas em 2024. Mesmo em meio ao período de estiagem e com o recorde de focos de calor, o governo estadual liberou 55 licenças ambientais para queimadas.
O Greenpeace Brasil teve acesso aos dados de licenças para queimadas em Roraima, publicadas no Diário Oficial, e constatou que, no dia 9 de fevereiro, foram publicadas 55 licenças para uso de fogo, sendo a maioria em área de pastagem, das quais apenas duas foram revogadas, segundo dados referentes até o dia 22.
Dos 10 municípios com o maior número de queimadas no mês de fevereiro, todos estão em Roraima. O município de Mucajaí é o mais atingido pelas queimadas, com 365 focos de calor, seguidos de Caracaraí (220) e Amajari (213).
Para Rômulo Batista, porta-voz do Greenpeace Brasil, o governo estadual de Roraima é um dos responsáveis por esse aumento dos focos de calor na região: “Ao contrário de outras regiões do bioma, que tem um intenso período de chuvas entre dezembro e maio, Roraima está no período de seca, justamente por ser o estado localizado mais ao norte do país. Esse período, que já apresenta uma grande diminuição das chuvas, segue ainda mais intensificado esse ano pelo fenômeno El Niño, que ainda deixa seus efeitos na região. Por isso, é inaceitável que o governo estadual tenha concedido licenças para queimadas nessa situação, elevando os focos de calor na região, colocando em risco o meio ambiente e a saúde da população”.
A efeito de comparação, no mês de fevereiro de 2024, até a presente data (22), Roraima apresentou 1.691 focos de calor – isso é mais que todos os meses de fevereiro dos últimos cinco anos somados. “Na atual crise climática que vivemos, cuja maior contribuição do Brasil vem justamente do uso do fogo, não é possível que continuemos usando em grandes propriedades a técnica mais arcaica para manejo do solo. Esta atividade deveria ser restrita ao uso tradicional dos povos indígenas, comunidades tradicionais e agricultores familiares. Para atingir os objetivos assumidos internacionalmente, referentes a redução da emissão dos gases do efeito estufa, como o Acordo de Paris, devemos tecnificar a nossa agropecuária, devolvendo milhões de hectares que devem ser reflorestados com florestas nativas e persistentes, além de atingir o desmatamento zero o quanto antes”, finaliza Batista.
Informações detalhadas sobre os dados de queimadas em Roraima estão disponíveis neste documento.
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