São Paulo, 20 de abril de 2023 – Um estudo do Greenpeace encontrou resíduos de diversos agrotóxicos em limões produzidos no Brasil e vendidos na União Europeia (UE). Foram testadas mais de 50 amostras da fruta compradas em supermercados e mercados atacadistas na Áustria, Bélgica, França, Alemanha, Itália, Holanda, Espanha e Suécia e todas, exceto uma, continham resíduos de agrotóxicos. Mais de 90% das amostras contendo resíduos apresentaram um coquetel tóxico de até sete agrotóxicos diferentes.
O novo relatórioAcordo UE-Mercosul: um coquetel tóxico aponta que, das 52 amostras analisadas, 51 continham resíduos de agrotóxicos, sendo que seis entre os ativos encontrados não são aprovados para uso na UE. Além disso, um terço das amostras continha glifosato, um herbicida potencialmente cancerígeno. Muitos dos agrotóxicos – entre eles o glifosato e os inseticidas imidacloprida e cipermetrina – são vendidos no Brasil por empresas europeias.
Cerca de metade dos pesticidas encontrados são considerados altamente perigosos por representarem um alto risco à saúde de seres humanos e animais e ainda, para o meio ambiente. De acordo com Marina Lacôrte, coordenadora de Agricultura e Alimentação do Greenpeace Brasil. “Agrotóxicos já envenenam milhares de pessoas todos os anos no Brasil e matam milhões de abelhas, para citar apenas duas de suas diversas consequências. Quem, então, irá se beneficiar do acordo UE-Mercosul? Certamente não são as pessoas, especialmente da América do Sul, e sim essa indústria nociva de agrotóxicos que insiste em colocar as pessoas em segundo lugar.” afirma a especialista.
Efeitos desastrosos do Acordo UE-Mercosul
Apesar da Comissão Europeia estabelecer metas para reduzir o uso de agrotóxicos, o acordo comercial entre a UE e o Mercosul promete eliminar tarifas sobre as exportações de agrotóxicos do bloco europeu para os países do Mercosul, além de reduzir o controle sobre os alimentos importados, colocando também sua própria população em risco.
“Em primeiro lugar, os gigantes químicos europeus já produzem e exportam para o Brasil substâncias altamente tóxicas, muitas que sequer são aprovadas para uso dentro da própria União Europeia, o que já suficientemente injusto e absurdo, embora a região acabe por reimportar algumas delas na forma de resíduos nos alimentos. Em segundo lugar, o acordo chancela uma relação comercial tóxica entre a União Europeia e os países do Mercosul, consolidando uma conduta neocolonial e extrativista com consequências assimétricas inaceitáveis. E por fim, o acordo ainda perpetua um modelo agrícola e econômico que está destruindo nosso planeta em um momento em que o mundo clama por uma mudança de rota. Ambos os governos, brasileiro e europeu, precisam enterrar o acordo UE-Mercosul de uma vez por todas.” complementa Lacôrte.
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