Estrada e Maquinário Ilegais na TI Yanomami na Amazônia
© Valentina Ricardo / Greenpeace

Boa Vista, 12 de dezembro de 2022 –  Um sobrevoo realizado na semana passada, revelou uma  estrada clandestina dentro da Terra Indígena (TI) Yanomami conectando vários pontos de atividade de garimpo ilegal naquele território, no entorno do alto rio Catrimani. A estrada, que tem cerca de 150 km de extensão, passa a menos de 15 km da aldeia do povo isolado Moxihatëtëma, aumentando o risco de encontro e conflito com os garimpeiros e exposição a novas doenças. Essa é a primeira vez que uma estrada a serviço do garimpo ilegal é vista dentro do território Yanomami.

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“É inacreditável que tantos quilômetros de estrada sejam abertos dentro de uma terra indígena, de maneira clandestina, sob os olhos do Estado, que faz vista grossa a essa construção. Essa estrada é uma ameaça real para a vida dos indígenas que vivem ali, pois facilita a transmissão de doenças e causa impactos na cultura, na alimentação e na liberdade dos indígenas dentro desse território”, disse a coordenadora-executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e deputada federal eleita pelo PSOL, Sônia Guajajara.

A estrada pode aumentar em mais de dez vezes a destruição causada pelo garimpo dentro da Terra Indígena. Por se tratar de uma região de difícil acesso, o garimpo no território Yanomami é bastante dependente da aviação, o que implica em altos custos operacionais e na dependência de pequenas aeronaves para transporte de insumos. A abertura da estrada ilegal possibilita o transporte de materiais e maquinários pesados ao território por via terrestre, reduzindo os custos logísticos da atividade. Durante o sobrevoo, quatro escavadeiras hidráulicas foram avistadas pela equipe do Greenpeace Brasil.  

Essas máquinas são usadas também para o incremento da estrutura que facilitam o crime ambiental, como a construção de postos de abastecimento, acampamentos e outras estradas. 

Situação similar já ocorreu nas terras dos Munduruku e Kayapó, os dois territórios mais afetados pelos efeitos do garimpo em terras indígenas. Nessas áreas, se viu um aumento explosivo no tamanho da área degradada e um ganho de produtividade exponencial. Monitoramento feito pelo Mapbiomas mostrou que, entre 2010 e 2020, as áreas de garimpo dentro de Terras Indígenas (TIs) cresceram 495% – sendo as TIs Yanomami, Munduruku e Kayapó as mais prejudicadas por essa atividade ilegal.  

De acordo com o porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil, Danicley de Aguiar, a chegada de maquinário pesado ao interior da Terra Indígena Yanomami coloca o garimpo ilegal realizado por ali “em outro patamar”.

“A descoberta da estrada e a chegada desses equipamentos a uma região tão sensível é um alerta muito preocupante. Esses maquinários aumentam em mais de dez vezes o potencial destrutivo da exploração garimpeira, expandindo a exploração a locais inacessíveis numa velocidade brutal. Com esses recursos, é uma questão de tempo – e de não muito tempo – para o garimpo chegar na área dos povos isolados. As autoridades precisam trabalhar urgentemente na desintrusão da Terra Indígena Yanomami, sob o risco de termos prejuízos socioambientais irreversíveis naquela região”, disse o porta-voz. 

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