Prefeitos de algumas das maiores capitais aderem ao compromisso “Good Food Cities” e devem incentivar o consumo de vegetais em suas compras públicas

No último dia 10, os prefeitos de 14 dentre as maiores cidades do mundo, incluindo Paris, Los Angeles, Lima, Tóquio e Seul, assinaram a “The Good Food Cities Declaration” (Declaração das Cidades pela Boa Alimentação, em tradução livre), onde se comprometeram a reduzir o volume de carne servida em suas instituições públicas como parte da resposta à atual emergência climática.

A declaração foi divulgada durante a Cúpula de Prefeitos da rede C40, em Copenhague. Os prefeitos signatários prometem alinhar as diretrizes de suas compras de alimentos a uma “dieta de saúde mundial”, que favoreça alimentos de origem vegetal ao mesmo tempo que incentiva melhores formas de produção e consumo, até 2030.

“A principal fonte de emissões de gases do efeito estufa do Brasil é o desmatamento e a principal causa disso é o avanço da pecuária e do plantio de commodities, como soja, sobre as florestas”, afirma Adriana Charoux, da campanha Amazônia do Greenpeace. “O poder público tem a obrigação de estimular formas que viabilizem ao consumidor individual o exercício de escolhas mais responsáveis com sua saúde e o meio ambiente em seu cotidiano”, diz.

As cidades comprometidas com a declaração são: Barcelona, ​​Copenhague, Guadalajara, Lima, Londres, Los Angeles, Milão, Oslo, Paris, Cidade Quezon, Seul, Estocolmo, Tóquio e Toronto.

O Brasil que já faz diferença

Oficina da Tia Nice, chef local, para produção de nhoque de mandioca, durante a Semana da Alimentação de 2018. (© Fridas Comunica e Fotografa / Greenpeace)

Apesar de nenhuma cidade brasileira ter assinado o documento, o Brasil tem experiências de muito sucesso nesse sentido, onde o incentivo público à uma alimentação com menos carne, mais variada e com mais vegetais tem trazido excelentes resultados.

O programa Segunda Sem Carne, realizado em parceria com a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), promove a adoção de uma alimentação rica em vegetais e sem proteína animal ao menos uma vez por semana em prédios e colégios públicos. Apenas no primeiro semestre de 2019, mais de 40 milhões de pratos a base de vegetais foram servidos em território brasileiro. A iniciativa ajuda a promover uma alimentação balanceada na vida da população, contribuindo também com a redução de doenças provocadas pelo consumo de produtos de origem animal. Esse ano, a campanha completou 10 anos, com 327 milhões de refeições vegetais servidas no Brasil.

Outras iniciativas do poder público que promovem a oferta de uma alimentação mais saudável são o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição Alimentar (PAA). Eles instituem a obrigatoriedade de que 30% da compra de alimentos para a merenda escolar seja feita diretamente de produtores familiares, o que favorece uma alimentação mais variada e sazonal para os alunos, enquanto incentiva a economia local.

Precisamos cobrar os órgãos responsáveis (prefeituras e governos do estado) para que implementem tais programas e exigir que avancem ainda mais no processo de oferecer uma alimentação variada e de qualidade para as crianças nas escolas e que, de lambuja, ainda contribuam para um meio ambiente saudável no futuro. Toda a sociedade ganha com isso!

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