Ação do governo iniciou no dia 02 de maio e deve durar 90 dias, podendo se estender

 Em março de 2025, o Greenpeace Brasil sobrevoou a Terra Indígena Kayapó para denunciar o garimpo ilegal. Crédito: © Samara Souza / Greenpeace

Na última sexta-feira (02/05), o Governo Federal deu início à desintrusão da Terra Indígena Kayapó, localizada no sudeste do Pará, em uma das áreas mais devastadas pelo garimpo ilegal no Brasil. A ação é coordenada pela Casa Civil e envolve mais de 20 órgãos, entre eles Ministério da Justiça, Forças de Segurança, Funai, Ibama e a ABIN, em resposta a uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), a partir da ADPF proposta pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) ainda em 2020, durante a pandemia. A operação tem previsão de duração de três meses, mas conta com o clamor de lideranças indígenas para que tenha ação permanente dentro do território.

A operação é um marco simbólico na luta dos povos indígenas, significa o reconhecimento, pelo Estado, de que a presença de invasores ilegais, como garimpeiros, grileiros, madeireiros, dentro das Terras Indígenas não pode mais ser tolerada. Mas é preciso ir além. A retirada dos invasores, embora essencial, precisa ser acompanhada por ações estruturais de proteção permanente, restauração ambiental, garantia de soberania dos povos originários e punição dos responsáveis pelos crimes cometidos dentro desses territórios.

A Terra Indígena Kayapó, com seus 3,2 milhões de hectares, abriga mais de 6.000 pessoas dos povos Mebengôkre e Isolados do Rio Fresco. Em 2024, ela foi a Terra Indígena mais atingida por incêndios florestais no Brasil, com 3.246 focos de calor entre janeiro e setembro. Imagens de satélite revelam que os incêndios estão diretamente ligados ao avanço do garimpo ilegal, pois o fogo tem sido usado para abrir novas áreas de exploração para a prática ilegal.

O garimpo ilegal na Terra Indígena Kayapó, como em muitas outras, alimenta uma cadeia de violações. Violência armada, tráfico de drogas, exploração sexual, trabalho análogo a escravidão, poluição dos rios por mercúrio e desestruturação da vida comunitária. São muitos os problemas levados pelo garimpo para dentro desses territórios e combater essa prática na raiz, é assegurar qualidade de vida para essas populações.

Segundo o relatório Ouro Tóxico, lançado pelo Greenpeace Brasil em abril de 2025, a atividade garimpeira na Amazônia está em deslocamento. Mesmo com a redução de 31% na área garimpada dentro da TI Kayapó de 2023 para 2024, o problema não está resolvido, apenas mudou de localização. Em outras terras, como a TI Sararé, o garimpo cresceu 93%. Por isso é essencial a presença contínua do Estado, com investimentos em tecnologia de monitoramento, apoio às guardas indígenas e repressão aos financiadores do crime ambiental, além de ações contínuas de fiscalização.


“A desintrusão da Terra Indígena Kayapó é um avanço importante no combate ao garimpo ilegal. Mas ainda estamos no início dessa caminhada e as autoridades precisam contar com a participação ativa das lideranças indígenas durante todo o processo. Essa é uma das demandas centrais da nossa petição Amazônia Livre de Garimpo, que já mobilizou mais de 215 mil pessoas nesse mesmo pedido. É necessário um compromisso político duradouro para proteger os povos indígenas e a floresta, com ações estruturais e permanentes contra o garimpo ilegal”, destaca Grégor Daflon, porta-voz da Frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil.

A Amazônia e os povos indígenas não podem mais esperar. A destruição causada pelo garimpo ilegal ameaça vidas, rios, florestas e o nosso futuro comum. A desintrusão na Terra Indígena Kayapó é só o começo, precisamos de ações permanentes, justiça e proteção real. Assine agora a petição Amazônia Livre de Garimpo e junte-se a milhares de vozes exigindo que o governo continue agindo para acabar com essa cadeia criminosa. A floresta clama por socorro e você pode fazer a diferença.

Sem a ajuda de pessoas como você, nosso trabalho não seria possível. O Greenpeace Brasil é uma organização independente - não aceitamos recursos de empresas, governos ou partidos políticos. Por favor, faça uma doação hoje mesmo e nos ajude a ampliar nosso trabalho de pesquisa, monitoramento e denúncia de crimes ambientais. Clique abaixo e faça a diferença!