Estudo do Greenpeace mostra que, em 2015, a queima de carvão foi pelo menos 2% menor que no ano passado. O movimento foi puxado principalmente pela China, que está apostando em fontes renováveis
O ano de 2015 deve ficar marcado como um momento chave na luta contra as mudanças climáticas. Pela primeira vez na História, a humanidade registrou uma queda no consumo de carvão. O combustível, usado principalmente para produzir energia nas termelétricas, é altamente poluente. Sua queima é uma das principais responsáveis pelo aquecimento global.
Entre janeiro e setembro de 2015, o consumo de carvão caiu pelo 2,3% – até possivelmente 4,6% – em comparação com o mesmo período do ano anterior. Os dados são de um estudo que o Greenpeace Internacional acabou de lançar.
As principais razões para a boa notícia, segundo o documento são puxadas pela China – responsável por cerca de metade da demanda mundial do mineral. O país travou uma batalha pesada contra a poluição atmosférica. Afinal, a cada ano, cerca de 1,2 milhões chineses morrem devido à má qualidade do ar em seu país. Por isso, há um grande esforço pela promoção de energias renováveis e até reformas econômicas, que abram o caminho para o setor.
A utilização de carvão para gerar energia na China caiu mais de 4% nos nove primeiros meses deste ano. E as importações do mineral diminuíram 31%. Como a demanda por eletricidade não parou de crescer, a solução foi supri-la com instalações de usinas com fontes renováveis. Um instituto ligado ao governo chinês prevê uma eliminação gradual do carvão até 2050 e uma matriz com 50% de fontes renováveis, como solar e eólica até 2030.
Segundo Lauri Myllyvirta, da campanha de Energia e Carvão do Greenpeace Internacional , o combustível está em uma derrocada terminal. “Os países que investem na exportação de carvão estão tomando decisões imprudentes. Eles serão como cicatrizes no mundo e irão prejudicar o clima, mesmo com poucas perspectivas de retorno sobre seus investimentos”, disse.
Para aumentar o pesadelo da indústria do carvão, muitas outras nações estão diminuindo seu consumo e aumentando os investimentos em energia limpa. Na União Europeia, como um todo, a demanda pelo carvão está caindo desde 2012. No ano passado, a queda no consumo foi recorde: 6,5% menos carvão queimado do que em 2013. E, para esse ano, o cenário continua estável.
A Alemanha é um exemplo de como a matriz energética por ali está se transformando. Segundo o relatório do Greenpeace Internacional, enquanto o consumo de eletricidade cresceu 2,6% entre os alemães, as termelétricas tiveram 0,9% menos funcionamento. E as fontes renováveis (sem contar as hidrelétricas) cresceram 29% em um ano.
O Reino Unido também mostra como está fazendo sua revolução energética. Desde 2013, 17 usinas termelétricas foram desligadas e demanda pelo carvão caiu mais de 10% no primeiro semestre de 2015. A expectativa é que metade dessas usinas estarão desativadas até o 2016.
Momento histórico
Além da derrocada do carvão, outras duas boas notícias marcaram o final desse ano: a desistência da Shell em explorar petróleo no Ártico e a rejeição de Barack Obama ao oleoduto Keystone XL.
Desde 2012, o Greenpeace trabalha para impedir a exploração de petróleo na região do Ártico. Até que em outubro, depois de muita pressão, adesões e muitas assinaturas apoiando a campanha, finalmente a Shell declarou que está deixando a região por tempo indeterminado.
A outra vitória que comemoramos faz menos tempo. Em 6 de novembro, o presidente dos Estados Unidos rejeitou formalmente a construção do oleoduto Keystone XL, entre o Canadá e o estado norte-americano do Nebraska. A decisão encerrou uma batalha de sete anos em que movimentos ambientais, entre eles o Greenpeace, alertaram sobre o risco que a obra traria, agravando o aquecimento global.
Ao anunciar a decisão, Obama assumiu que o oleoduto não contribuiria significativamente para a economia dos Estados Unidos. Além do projeto não reduzir os preços da gasolina, esse petróleo vindo do Canadá não aumentaria a segurança energética dos EUA, afirmou.
A Conferência do Clima em Paris, no começo de dezembro, está chegando. Esse momento, somado a esses acontecimentos e ao estudo do Greenpeace mostram que estamos diante de uma oportunidade única para conseguirmos reduzir de uma vez as emissões.
Para que o aquecimento global não passe dos 2oC, as emissões vindas da queima do carvão precisam cair pelo menos 4% a cada ano, até 2040. E o Greenpeace quer ainda mais ambição, com a saída de cena do carvão, do gás natural e do petróleo de uma vez por todas. A meta é termos 100% fontes renováveis até 2050. Somente assim, o planeta estará seguro das mudanças climáticas e com eficiência energética.
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