No Dia Internacional da Mulher, ressaltamos que defender os direitos das mulheres também é defender o meio ambiente

Meninas e mulheres são afetadas desproporcionalmente pela crise climática (Marizilda Cruppe/Greenpeace)

O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é muito mais do que uma data para render homenagens às mulheres. É um momento para reconhecermos todas as conquistas do gênero feminino e, principalmente, para refletirmos sobre o que ainda precisa ser feito para avançarmos na construção de um mundo verdadeiramente igualitário.

As notícias que lemos e ouvimos todos os dias escancaram que o caminho a ser percorrido ainda é longo. As mulheres seguem sendo as principais vítimas da violência, da discriminação e da falta de acesso a direitos fundamentais em diferentes contextos.

Também são elas que mais sentem na pele as consequências da destruição do meio ambiente. Quando se trata da crise climática, por exemplo, as meninas e mulheres são as mais impactadas, principalmente as que se encontram em uma situação de vulnerabilidade aprofundada por fatores econômicos, sociais e culturais.

Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), 70% das pessoas que vivem em condições de pobreza são mulheres, que também são esmagadora maioria em comunidades dependentes de recursos naturais para subsistência. Já nas áreas urbanas, 40% dos lares mais pobres são chefiados por elas.

Além de reconhecermos que a alteração do clima afeta desproporcionalmente o gênero feminino, é preciso considerar ainda outros marcadores sociais como classe, raça, idade e localização geográfica.

Mulheres negras, quilombolas, indígenas, da periferia, mães e mulheres trans protagonizam múltiplas vivências, com particularidades que devem ser levadas em conta quando falamos sobre justiça climática e ambiental.

O Grupo de Trabalho em Gênero e Clima, do Observatório do Clima, também frisa que elas são pouco representadas em espaços de tomada de decisão e gestão ambiental. Um processo que, somado a outros fatores socioeconômicos, minam a capacidade das mulheres de enfrentarem e se adaptarem às mudanças climáticas.

Ao mesmo tempo, são elas que estão na linha de frente das ações que protegem a biodiversidade do planeta e na busca de soluções efetivas, a começar pelas guardiãs das nossas florestas: as mulheres indígenas.

As mulheres também atuam na agricultura familiar, levando alimento saudável para os pratos da população brasileira, estão na liderança da mobilização social por fontes de energia limpa e segurança hídrica, e, cada vez mais, se destacam no ativismo ambiental da juventude.

Jovens participal de ato em defesa de justiça climática durante Greve Global pelo Clima (Barbara Veiga/Greenpeace)

Em um contexto de tantos retrocessos, tanto na área ambiental quanto no que tange os direitos humanos, deve estar entre nossas prioridades lutar contra os impactos socioambientais que se cruzam nos corpos das mulheres.

Principalmente daquelas que vivem nos territórios do Mapa (Most Affected People and Areas – Pessoas e áreas mais afetadas, em português), que compreende, principalmente, os países do Sul-Global.

Entendendo que a igualdade de gênero também é parte da luta ambiental e um fator determinante na construção do mundo que queremos, o 8 de março é uma oportunidade para reforçar que todas, todos e todes temos responsabilidade nesse processo.

Falar sobre justiça socioambiental é defender uma outra relação com a natureza, que demanda mudanças estruturais do sistema econômico, e uma perspectiva transversal que nos ajude a entender as vulnerabilidades específicas das populações.

A transformação da realidade que vivemos, tão insustentável e desumana, não pode mais ser adiada. Por um mundo mais verde, justo e com igualdade de gênero!

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