Esse resultado representa um aumento de 11,3% na área com alertas de desmatamento, na comparação com 2021. É a pior marca desde o início do monitoramento, em 2015

Desmatamento flagrado entre os estados de Rondônia e Amazonas, durante sobrevoo de monitoramento do Greenpeace em agosto de 2022. (© Bruno Kelly / Greenpeace)

Dados do sistema Deter-B, do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), divulgados na sexta-feira (6) mostram que de, 1º a 30 de dezembro de 2022, 218 Km² da Amazônia, estiveram sob alertas de desmatamento, representando um aumento de 125% em relação ao mesmo mês de 2021. Em dezembro, último mês sob a gestão Bolsonaro, os estados que concentram as maiores taxas de desmatamento foram o Pará (48,12%), seguido de Roraima (21,1%) e Amazonas (9,1%). 

No acumulado entre janeiro e dezembro de 2022, houve recorde da série histórica: uma área total destruída de 10.267 km², superando o registrado nos anos anteriores da série, mais um legado de destruição do ex-governo Bolsonaro. 

Vale ressaltar que a taxa oficial do desmatamento no Brasil é medida pelo sistema Prodes/Inpe e o ano base para a medição se dá de agosto de um ano a julho do ano seguinte. Os números acumulados de agosto a dezembro de 2022, portanto, irão compor o resultado da próxima medição do Prodes. Só nesse período, os alertas de desmatamento tiveram aumento de 53,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, o que também é considerado um recorde na série histórica.

“Esse número além de confirmar que tivemos o pior governo na área ambiental desde a nossa redemocratização, já trás um grande problema ao novo governo que acabou de assumir com a promessa de baixar o desmatamento e cumprir os acordos internacionais feitos pelo Brasil, como é o caso do Acordo de Paris.” afirma Rômulo Batista, porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil.

O desmonte das políticas ambientais e o sucateamento dos órgãos de proteção que testemunhamos ao longo do governo de Jair Bolsonaro (PL), incentivou à desmatadores, grileiros e garimpeiros ilegais, de que as atrocidades cometidas contra nossas florestas e seus povos seriam toleradas. O resultado prático disso se traduz nos números, a destruição não parou de avançar e acelerou até o último mês de gestão do ex-governo. 

No caminho da reconstrução de tamanha destruição, é fundamental ter um plano robusto de controle do desmatamento, que inclua entre outras medidas a volta das atividades de comando e controle, a retomada da estratégia de criação de áreas protegidas, a demarcação das Terras Indígenas (TIs) e a devida responsabilização por crimes ambientais nos últimos quatro anos. É preciso também que haja transição ecológica que estabeleça na Amazônia uma economia predominante que consiga conviver com a floresta em pé e que traga um real desenvolvimento para a região. 

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