Alguns parlamentares querem acabar com o principal instrumento de controle dos impactos negativos ao ambiente. Ajude a pressionar para o PL 3.729/2004 sair de pauta!

O licenciamento ambiental é um instrumento extremamente importante para prevenir que empreendimentos como a construção de hidrelétricas, barragens e rodovias provoquem impactos negativos ao ambiente e às populações. Também serve para orientar as medidas de correção e compensação dos problemas que surgem com essas obras.
Mas Arthur Lira (PP/AL), presidente da Câmara, e uma turma do mal de deputados não estão preocupados com a proteção do meio ambiente. Lira quer votar, na semana que vem, um projeto de lei (PL) que é um verdadeiro “libera geral” da destruição ambiental. O deputado Neri Geller (PP/MT) é o relator do PL do Licenciamento (a Lei Geral do Licenciamento Ambiental, nº 3.729/2004) e conseguiu a proeza de propor o pior texto possível, determinando o extermínio do licenciamento ambiental no Brasil. Um dos pontos da proposta absurda é o fim da necessidade de licenciar 13 diferentes atividades que geram impacto ambiental (veja detalhes no box).
Aliados à política antiambiental do governo Bolsonaro, alguns parlamentares estão, cada vez mais, fechando os ouvidos para a sociedade. Ainda que haja consenso entre ambientalistas e ruralistas de que as regras de licenciamento ambiental no país precisam de atualização, como a inclusão de modalidades mais simplificadas de licenciamento, essa versão apresentada por Geller jamais foi debatida publicamente. Em um momento trágico da nossa história, com milhares de mortes diárias por Covid-19 e aumento da fome, fica ainda mais evidente que eles querem passar o trator por cima do bem-estar da população brasileira.
Em carta publicada nesta manhã (07/05), organizações da sociedade civil, incluindo o Greenpeace, exigem que Arthur Lira retire o PL 3.729/2004 de pauta imediatamente, argumentando que a proposta trará retrocessos inaceitáveis, com graves consequências à Amazônia, ao Cerrado e outros ambientes naturais. As organizações classificam o projeto de lei como a “Lei da não licença e do autolicenciamento”. “Trata-se da pior proposta já apresentada desde que o projeto de lei começou a tramitar, há dezessete anos”.
“Considerando o seu conteúdo extremado e desequilibrado, o projeto de lei, se aprovado, resultará na proliferação de tragédias como as ocorridas em Mariana e Brumadinho (MG), no total descontrole de todas as formas de poluição, com graves prejuízos à saúde e à qualidade de vida da sociedade, no colapso hídrico e na destruição da Amazônia e de outros biomas”, diz um trecho da carta.
Entenda os principais problemas do PL 3.729/2004:
1. Pretende dispensar de licenciamento nada menos que 13 tipos de atividades que comprovadamente geram impacto ao meio ambiente, dentre elas: obras para distribuição de energia; outorga sobre uso da água e sistemas e estações de tratamento de água e de esgoto sanitário; ampliação ou obras de manutenção em estradas e hidrelétricas; cultivo de espécies agrossilvipastoris, de silvicultura e pecuária extensiva (mesmo que a propriedade tenha pendências ambientais!);
2. Brecha para uma disputa desleal entre estados e municípios: governadores e prefeitos, com o objetivo de atrair empreendimentos para suas localidades, poderão estabelecer regras de licenciamento menos rígidas do que outras unidades da federação (pior para o meio ambiente e prato cheio para a corrupção);
3. A licença autodeclaratória (chamada de Licença por Adesão e Compromisso), emitida automaticamente sem qualquer análise prévia pelo órgão ambiental, passa a ser a regra do licenciamento no país. Na prática, isso tornará o licenciamento exceção ao invés de regra e se aplicará a empreendimentos como barragens de rejeitos, como Brumadinho e Mariana;
4. Passa a restringir gravemente a participação popular no processo de licenciamento, inclusive das pessoas impactadas por empreendimentos, o que implica em violação de direitos dos povos indígenas e comunidades tradicionais, como as quilombolas;
5. Ameaça às Unidades de Conservação, terras indígenas não demarcadas (¼ do total) e terras quilombolas não tituladas (87% do total), porque a análise dos impactos dos empreendimentos sobre tais áreas não será mais obrigatória. Isso deixará as populações e esses territórios, ricos em biodiversidade, ainda mais reféns da destruição;
6. Restrição à participação de órgãos fundamentais, como ICMBio, Funai, Iphan, Ministério da Agricultura e Ministério da Saúde, o que é inconstitucional e coloca em risco direitos dos povos indígenas, tradicionais e das populações locais afetadas pelas obras;
7. Bancos e outras instituições que financiam os empreendimentos não terão mais nenhuma responsabilidade socioambiental (prevista na Lei nº 6.938/1981), ou seja, caso haja danos ao meio ambiente ou tragédias como a de Brumadinho, elas poderão dizer que não têm nada a ver com o problema;
8. O PL não trata de qualquer questão ligada às mudanças climáticas.
Grilagem + fim do licenciamento = querem a morte da floresta, mas não vamos deixar
O Brasil tá lascado! De um lado, o PL do Licenciamento, instrumento que os ruralistas querem transformar em mera burocracia, reduzindo a participação das populações impactadas e trazendo insegurança jurídica para os próprios empreendedores. Do outro lado, os PLs da Grilagem, na Câmara e no Senado, que querem legalizar o roubo de terras públicas, estimulando mais desmatamento e violência na floresta e no campo.
O trator ruralista está atropelando nossos direitos e decretando a morte da Amazônia e de outros biomas, mas não iremos permitir. Precisamos freá-los já!
Escreva para o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e pressione para que retire imediatamente o PL 3.729/2004 da pauta.
Twitter: @ArthurLira_
Facebook: https://www.facebook.com/arthurliradeputadofederal
Instagram: https://www.instagram.com/oficialarthurlira/
E-mails: [email protected] e [email protected]
Assinam a carta:
- GREENPEACE BRASIL
- INESC – INSTITUTO DE ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS
- INSTITUTO DEMOCRACIA E SUSTENTABILIDADE
- INSTITUTO SOCIEDADE, POPULAÇÃO E NATUREZA
- INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL
- OBSERVATÓRIO DO CLIMA
- SOS MATA ATLÂNTICA
- WWF BRASIL
Leia a carta na íntegra aqui.
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Discussão
Ideia abominável. #fora Lira
Se criarem uma petição eu assino.
Essas PLs são um total absurdo! Precisamos ser ouvidos! Não podemos aceitar!!!
Essas PLs são um total absurdo! Precisamos ser ouvidos! Não podemos aceitar!!!
O primeiro passo é concientizarmos o povo pelos meios de comunicação,radio, TV, FACEBOOK, INSTAGRAM o que vai acontecer num futuro bem proximo se continuarmos a apoiar politicos e donos de terra corrupitos a escavarem as terras para tirar minerio e destruir as florestas.Terremotos,maremotos, dissulnames,ventanias,calor de 49 graus etc... Um presidente que apoia tal comportamento é irresponsavel,ignorante e genocida e quem votou nele consciente ou inconsciente é responsavel por todo tipo de tragedia que esta acontecendo no Brasil e no mundo.Para se livrar desta culpa precisa fazer algo para tirar estes politicos abominaveis do poder.