Candidatos apresentam propostas que deixam sua saúde e o meio ambiente em risco
Não se trata apenas da falta de propostas para resolver os problemas de saneamento básico ou do atendimento no SUS. Nas eleições de 2018, a sua saúde também está ameaçada por alguns candidatos à Presidência da República que, em busca de apoio eleitoral de empresários e deputados ruralistas, resolveram se comprometer com retrocessos contidos no Pacote do Veneno (PL 6.299/2002), que aumenta o uso de agrotóxicos no país.
O assunto é muito sério! Se for aprovado, o Pacote do Veneno vai permitir o registro de mais agrotóxicos, inclusive mais perigosos e cancerígenos, que acabam indo parar em nossos pratos. Em 2016, por exemplo, fizemos testes toxicológicos em alimentos de escolas municipais do Rio de Janeiro e encontramos resíduos de agrotóxicos em 60% das amostras, incluindo substância banida desde 2012.
Eles dizem “SIM” ao Pacote do Veneno
Os candidatos Jair Bolsonaro, Geraldo Alckmin e Álvaro Dias destacam-se neste perigoso namoro com os agrotóxicos.
Jair Bolsonaro (PSL) declarou: “No que depender de mim, apenas o Ministério da Agricultura decidiria a liberação de defensivos. Eu apoio que a Anvisa fique fora dessa liberação”. O candidato defende que a Anvisa seja afastada do processo de aprovação de agrotóxicos no Brasil, deixando a tarefa exclusivamente nas mãos do Ministério da Agricultura. Em resumo, quer excluir o órgão que analisa os impactos na saúde pública para deixar a decisão apenas com quem tem interesse comercial em aprovar o produto, uma enorme irresponsabilidade. O discurso de Bolsonaro é dirigido às empresas do setor, dando a elas exatamente o que querem, em troca de um enorme risco à saúde da população.
Geraldo Alckmin (PSDB) quis fazer graça com um assunto sério e chamou o Pacote do Veneno de Lei do Remédio. Agrotóxicos são substâncias químicas tóxicas, muitas potencialmente cancerígenas, aplicadas de forma massiva no campo e, portanto, NÃO podem jamais ser comparadas ou chamadas de remédios. Apenas nos últimos 11 anos, 26 mil brasileiros foram intoxicados por agrotóxicos, resultando em 1.824 mortes, segundo levantamento da Agência Pública.
Alckmin ainda disse que o PL 6.299/2002 “busca reduzir o tempo de aprovação de novas moléculas” e que o Pacote do Veneno não vai tirar a importância de outros órgãos governamentais. Não é verdade. O Projeto de Lei não traz uma linha sequer sobre priorizar a aprovação de substâncias menos tóxicas. Pelo contrário, revoga o texto que nos protege em relação à aprovação de substâncias cancerígenas. Além disso, ao excluir as áreas de Saúde e Meio Ambiente das etapas de registro e aprovação, a decisão ficará exclusivamente com o Ministério da Agricultura. Assim, o candidato deu seu recado: se for eleito, trabalhará para a aprovação de mais veneno no prato dos brasileiros.
Álvaro Dias (Podemos) afirmou que o PL 6.299/2002 “tem como objetivo regulamentar a pesquisa, o desenvolvimento, a produção, o comércio e o consumo dos agrotóxicos”. Parece que só o candidato e os deputados ruralistas pensam assim. Diversos órgãos de pesquisa, saúde e meio ambiente, como Fiocruz, Inca, Ibama, Abrasco e Ministério Público Federal se opõem ao texto. Até mesmo a ONU se mostrou preocupada com a possível aprovação do PL do Veneno.
Ele falou, mas não disse
Em suaproposta de governo, Ciro Gomes incentiva o desenvolvimento de agrotóxicos no Brasil que sejam “específicos para as nossas culturas e problemas”, defendendo substâncias de “menor conteúdo tóxico para as pessoas e o meio ambiente”. Apesar de ter demonstrado preocupação com a questão dos agrotóxicos, o candidato do PDT não disse se é a favor ou contra o PL do Veneno e não deixa claro se vetaria ou aprovaria o texto caso seja eleito presidente. A dúvida fica ainda maior quando lembramos que sua vice, Kátia Abreu, já defendeu abertamente o uso de agrotóxicos, argumentando que os mais pobres não tinham outra escolha que não fosse comer comida com veneno, pois esse era o único jeito de produzir comida de forma barata. Não, Kátia, não é o único jeito.
Eles dizem “NÃO” ao Pacote do Veneno
Os candidatos Guilherme Boulos, Luís Inácio Lula da Silva/ Fernando Haddad e Marina Silva se declararam contra o Pacote do Veneno.
Guilherme Boulos (PSOL) declarou que o PL do Veneno é um “retrocesso” e “um atentado contra o meio ambiente e contra a saúde humana”.
A candidatura Lula/ Haddad não faz menção ao Pacote do Veneno em seu plano de governo, mas o ex-presidente Lula (PT) disse que o PL 6.299/2002 irá “envenenar ainda mais a mesa dos brasileiros” e que isso é “inaceitável”.
Marina Silva (Rede) disse que o Projeto de Lei “provoca mudanças com implicações muito sérias para o meio ambiente e a saúde dos brasileiros” e alerta que a medida facilitaria a entrada de substâncias potencialmente cancerígenas no país.
Eles não disseram nada
Não foram encontrados registros de declarações dos candidatos Cabo Daciolo (Patriota) e Henrique Meirelles (MDB) sobre o assunto. Eles também não citam nada em seus planos de governo.
A escolha que você vai fazer nas urnas afetará a qualidade da comida que consumimos. Os políticos eleitos em outubro terão impacto para sempre no meio ambiente. Na hora do voto, pense nisso.
Sem a ajuda de pessoas como você, nosso trabalho não seria possível. O Greenpeace Brasil é uma organização independente - não aceitamos recursos de empresas, governos ou partidos políticos. Por favor, faça uma doação mensal hoje mesmo e nos ajude a ampliar nosso trabalho de pesquisa, monitoramento e denúncia de crimes ambientais. Clique abaixo e faça a diferença!
Discussão
O Ciro já disse que é a favor de mais agilidade no registro de novos agrotóxicos, mais modernos e mais específicos, e portanto menos prejudiciais, mas reiterou sua posição contrária a retirar a Anvisa e o Ibama do processo, o que segundo ele é um "atalho" indefensável. Por favor corrijam.
Olá, Bruno. Como dissemos acima, apesar de ter demonstrado preocupação com a questão dos agrotóxicos e com a retirada da Anvisa e do Ibama do processo de aprovação de novas substâncias, Ciro Gomes não disse se é a favor ou contra o PL do Veneno e não deixa claro se vetaria ou aprovaria o texto caso seja eleito presidente.
Pelo que eu mesmo disse, ele é a favor de um novo desenho pra uma atualização da lei de agrotóxicos, sem retirar Anvisa e Ibama do processo.
Que engraçado, justo candidatos de esquerda são enaltecidos como salvadores da patria e a favor do ''bem'' por essa ong. Lamentável saber que o greepeace é a favor de candidatos atrasados.
Oi, Marina! O Greenpeace não apoia nenhum candidato ou partido político em disputas eleitorais. Analisamos as propostas dos candidatos à luz de nossas campanhas e valores, e apontamos o porquê de nossas discordâncias e suas consequências negativas para as pessoas e o meio ambiente.
O ex-presidente Lula (PT) disse que o PL 6.299/2002 irá “envenenar ainda mais a mesa dos brasileiros” e que isso é “inaceitável”. Não consigo entender o ex-presidente dizer isso, hoje; não foi ele que assinou este PL? O ano de 2002 foi o início do 1º mandato dele, então ele assinou algo sem saber o verdadeiro fundamento? E se isso é um veneno por que não fez nada no seu mandato de 8 anos ? Também não foi o ex-presidente que assinou a legalização da soja transgênica (2005) no Brasil?
Até onde eu sei, Projetos de Lei não são assinados pelo Presidente da República. Só quando são aprovados pelo parlamento, aí segue para o presidente promulgar ou vetar o projeto.
Corrigindo o que publiquei anteriormente...O Presidente Lula foi eleito em outubro de 2002 e tomou posse em 2003, então ele não assinou a PL 6.299/2002, me desculpem. Mas mesmo assim não fez nada sobre os agrotóxicos durante os seus oito anos de mandato.
O que diz o candidato João Amoêdo sobre isso?
Olá, Betina. Selecionamos os presidenciáveis mais bem posicionados nas pesquisas eleitorais e/ou que estejam participando dos debates de TV, e por isso não analisamos o candidato João Amoêdo. Mas pesquisamos que ele é favorável ao PL 6.299/2002, por acreditar, equivocadamente, que o projeto irá “racionalizar” o processo de avaliação toxicológica dos agrotóxicos. Ele também defende que o parecer final sobre a liberação de agrotóxicos deve ficar nas mãos do Ministério da Agricultura (Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/o-que-dizem-os-presidenciaveis-sobre-polemica-dos-agrotoxicos-181044577.html). Como dissemos acima, deixar a decisão apenas com quem tem interesse comercial em aprovar essas substâncias é uma enorme irresponsabilidade.
E o João Amoêdo?
É assim que eu me sinto - se correr o bicho pega e ficar o bicho come - já está difícil desviar dos corruptos dos que vão permitir o porte de arma, dos que vão permitir a caça aos animais selvagens. . . . . . entre outros, agora tem a preocupação com os agrotóxicos. Difícil !!!!
Temos que comer o que gostamos e de(com) qualidade e procedencia boa e quanto aos politicos que utilizaram,fizeram tanta maldade de ma administracao aos seres humanos,vegetais,animais desse mundo e no inferno nao cabe todos eles e vai explodir por nao comportar todos eles por tanta maldade em saude,educacao,alimentacao,moradia etc...e por ai vai .
Eu como engenheiro agrônomo pesquisador e inicialmente extensionista rural em Veraópolis,Lajeado,Montenegro,Panambi, Farroupilha e substituto em Garibaldi todos no RS defendo após 35 anos de trabalho diretamente nas lavouras com pequenos agricultores a proibição de uso de qualquer agrotóxico por menor poder letal que possa ter e o uso de armadilhas em fruticultura ,caldas em gramíneas e adubação orgânica com compostos e tortas vegetais que dão resistências contra pragas e doenção em solo com mais de 4,5 % de matéria organica,poroso e usado em rotação cultural. Abaixo e Fora qualquer Agrotóxico Ricardo Pinto Porto - Porto Alegre - RS
Caso eu esteja errado em não querer o uso de qualquer agrotóxico peço que me respondam explicando as razões. Sou eng.agr. formado pela UFRGS em 1962 com Mestradoem solos e tambémem Hidrologia no IPH-UFRGS e aperfeiçoamentos em horticultura na UFV / MG e Iótopos marcadores em experimentação agrícola na ESALQ / SP Para mim Abaixo e fora qualquer agrotóxico