Somente no mês de julho foram 5.373 focos de calor e no ano já são mais de 12.906. Veja as imagens

De acordo com os dados do Programa Queimadas publicados ontem (31) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), julho registrou 5.373 focos de calor no bioma Amazônia, 7,9% maior que o mesmo período no ano passado. Sua grande maioria, senão todos, são ilegais, visto que o Decreto nº 11.100/22 proibiu o uso do fogo no Brasil, em especial na Amazônia e Pantanal, desde 23 de junho de 2022.
Os focos de calor em julho se concentraram nos estados do Pará (31,3%), Amazonas (26,6%) e Mato Grosso (22,3%). A Amazônia segue sob intensa ameaça com a ilegalidade e destruição ainda devastando grandes áreas. Na última semana de julho, realizamos uma série de sobrevoos de monitoramento de paisagem na região do sul do Amazonas e em Rondônia e encontramos diversos flagrantes de queimadas em plena atividade.
“Este é só inicio do verão amazônico, estação com menos chuvas e umidade, onde infelizmente a prática de queimadas e incêndios florestais criminosos explodem, seja para queimar as áreas que foram derrubadas recentemente e deixadas para secar ou mesmo queimando áreas de florestas que já foram degradadas pela extração ilegal de madeira, por exemplo”, explica Rômulo Batista, porta-voz da Amazônia do Greenpeace Brasil.
Por ser uma floresta úmida, a Amazônia dificilmente pega fogo sozinha. O fogo é quase sempre causado pela ação humana, isso porque na região as queimadas têm uma ligação íntima com o processo do desmatamento. Assim, é comum que o avanço do fogo se dê no mesmo ritmo que o avanço do desmatamento no bioma.
No primeiro semestre de 2022, os alertas de desmatamento do Inpe apontaram para um aumento de 10,6% na devastação em relação ao mesmo período de 2021, um triste recorde com quase 4.000 km² de destruição. Isso é reflexo dos atos e omissões dos poderes Executivo e Legislativo, que promoveram o desmantelamento das políticas ambientais e sociais promovidas desde a Constituição de 1988.
“Infelizmente, é muito difícil ser otimista para os próximos meses na Amazônia, sendo um ano eleitoral no qual, historicamente, a destruição aumenta muito, mas também são meses decisivos para refletir sobre a Amazônia que precisamos, escolhendo representantes que irão proteger a floresta amazônica, o maior patrimônio de toda a população brasileira, com a sua rica biodiversidade e os povos que nela habitam”, conclui Rômulo.
Toda essa destruição e fogo, além de dizimar a floresta e a sua rica biodiversidade, também afeta a saúde da população local por conta da fumaça e fuligem gerada. No ano passado, estivemos em Porto Velho (RO) para registrar de perto estes impactos, problema que se repete ano a ano.
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