Conquistas em 30 anos de Greenpeace Brasil
Nossa história começa em 26 de abril de 1992, quando um grupo de ativistas instalou 800 cruzes no pátio da Usina Nuclear de Angra dos Reis (RJ) em protesto contra a energia nuclear e em homenagem às vítimas do acidente nuclear de Chernobyl. Algumas semanas depois, em junho daquele ano, foi realizada a Eco-92, a Conferência da ONU para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro (RJ). O evento contou com a primeira vinda do navio Rainbow Warrior ao país. Trinta anos depois, nos multiplicamos e nos tornamos milhares!
Durante o encontro da Eco-92, o navio Rainbow Warrior rumou para Angra dos Reis. Relembrando o trágico acidente na usina nuclear de Chernobyl, 800 cruzes foram afixadas no pátio da usina de Angra. O episódio marca a chegada do Greenpeace ao Brasil.
Em 1993, o Brasil se tornou signatário da Convenção de Basileia, que estabeleceu diretrizes para a importação de resíduos tóxicos e perigosos. Um resultado da pressão do Greenpeace Brasil e outras organizações contra empresas poluidoras.
Nossos ativistas e estudantes locais impediram que um navio ucraniano partisse de Santarém, no Pará, com madeira da Amazônia para exportação à França, Holanda e sudeste asiático. O carregamento do navio foi interrompido por mais de duas horas, quando os ativistas escalaram os guindastes dos navios, se acorrentaram a eles e sentaram-se nas pilhas de madeira serrada.
Após expedição pelo Rio Purus, denunciamos um esquema de roubo de madeira no território indígena Hi-Merimã, o que provocou a abertura de um inquérito na Procuradoria-Geral do Estado do Amazonas.
Com uma faixa de 14 metros escrita “Crime Amazônico” e uma motosserra inflável de seis metros no portão, paralisamos as atividades da madeireira chinesa Compensa, fabricante de compensados, que comprava madeira oriunda de desmatamento em Manaus (AM). Ao fazer um discurso denunciando a prática predatória da empresa, nosso coordenador da campanha de Amazônia na época, que participou da ação, foi aplaudido pelos funcionários.
Depois de uma série de denúncias feitas pelo Greenpeace Brasil, agentes do Ibama e da polícia, além de alguns dos nossos ativistas, adentraram uma serraria na Rodovia Transamazônica no Pará. Foram apreendidos carregamentos de mogno ilegal avaliados em US$ 7 milhões no mercado internacional, à época.
Com os ativistas na frente da sede da empresa, em São Paulo, o Greenpeace denunciou a contaminação de soja transgênica em três produtos da marca. Depois do protesto, a Perdigão finalmente reconheceu que seus métodos de controle não estavam sendo rigorosos o suficiente, e decidiu introduzir novos mecanismos de controle.
A campanha da Amazônia do Greenpeace Brasil teve uma importante conquista em 2003: após intensa pressão, o governo brasileiro suspendeu o comércio de mogno, árvore ameaçada de extinção.
Após quatro anos de mobilização junto ao governo e a opinião pública, o povo Deni teve seus direitos reconhecidos e suas terras demarcadas, no sudoeste do estado do Amazonas. Em uma investigação em campo, descobrimos que uma gigante madeireira da Malásia, a WTK, planejava comprar 313 mil hectares de floresta virgem para explorar madeira. Parte desta área se sobrepunha ao território dos Deni e não poderia ser negociada. Os Deni aguardavam a demarcação de suas terras desde 1985 e pediram ajuda ao Greenpeace Brasil para proteger seu território.
Após muita pressão do Greenpeace com a campanha pela criação da Reserva Extrativista Verde para Sempre, em Porto de Moz, no Pará, o então presidente Lula assinou uma série de decretos que acabou com a exploração ilegal de madeira e declarou a área como unidade de conservação.
Carregando soja transgênica, um navio argentino foi denunciado pelo Greenpeace Brasil. Após o feito, o porto em Paranaguá, no Paraná, não aceitou mais cargas deste tipo devido a possibilidade de contaminação da soja convencional da região.
Junto a ONGs do Brasil e da Alemanha, pressionamos o governo a suspender o acordo nuclear internacional. Após forte mobilização, o acordo foi substituído por uma parceria de incentivo a energias renováveis.
Após a conquista pela criação da unidade de conservação em Porto de Moz (PA), em 2004, o Greenpeace fez uma denúncia contra madeireiros retirando madeira ilegal da reserva extrativista Verde para Sempre. O madeireiro Wagner Lazarini foi multado em mais de R$ 1 milhão por desmatamento ilegal.
Produzimos o relatório “Comendo a Amazônia”, que detalhou como a demanda mundial por soja produzida na região alimenta a destruição da floresta. A rede McDonald’s foi a primeira a responder à denúncia, se comprometendo a eliminar a soja amazônica de sua cadeia de suprimentos. A campanha conquistou uma moratória de dois anos na compra de soja proveniente de novos desmatamentos na Amazônia.
Recebemos do jornal Folha de S. Paulo o prêmio Top of Mind, na categoria Preservação do Meio Ambiente.
Em meio à campanha contra a aprovação do arroz transgênico pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), o Greenpeace Brasil se mobilizou para expor os possíveis danos que o arroz transgênico da Bayer poderia causar à saúde humana e ambiental. Também fizemos um protesto na Casa Civil, da então ministra Dilma Rousseff, que tinha o poder de vetar a liberação. Com o ato, a votação foi adiada.
Relatório que produzimos revelou que marcas como Nike, Adidas, BMW, Gucci, Timberland, Honda, Walmart e Carrefour impulsionaram, involuntariamente, o desmatamento da Amazônia. Com a denúncia, muitas dessas marcas anunciaram a suspensão de compra de produtos vindos do desmatamento.
Colocamos um banner no Encontro das Águas, em Manaus (AM), para nos manifestarmos contra a exploração petrolífera na região. Uma semana depois, com a pressão de outras organizações da sociedade civil, os blocos na Amazônia ficaram de fora do leilão da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Junto com outras ONGs, entidades religiosas, artistas e mais de 1,4 milhão de brasileiros e brasileiras, entregamos no Congresso Nacional um projeto de lei (PL) pressionando para o fim do desmatamento. Esse momento também marca a primeira vez que a sociedade leva à casa um PL pelo fim do desmatamento nas florestas do país.
Ao lado do povo Munduruku, lutamos contra a construção da Usina Hidrelétrica de São Luiz do Tapajós em seu território. A campanha global pedindo para que o Tapajós continuasse vivo, assim como toda forma de vida à sua volta, alcançou um milhão de assinaturas! A licitação foi arquivada em 2016 após grande pressão da sociedade civil.
Em 2017, fizemos uma expedição à bacia da foz do Rio Amazonas para registrar a grande diversidade do recife dos Corais da Amazônia, até então desconhecida. Em seguida, iniciamos uma grande campanha para frear a atividade petrolífera na região, que colocava em risco a biodiversidade local. Mais de dois milhões de pessoas ao redor do mundo participaram de um abaixo-assinado se declarando contra a exploração de petróleo. No fim de 2018, o Ibama anunciou a rejeição definitiva da licença ambiental para que a petrolífera Total atuasse na região.
Ambientalistas, artistas e lideranças indígenas se uniram às mais de 1,5 milhão de pessoas que exigiram a revogação do decreto que extinguiu a Renca (Reserva Nacional do Cobre e Associados), liberando a área na Amazônia para exploração mineral. A grande mobilização nacional deu resultado e o governo Michel Temer recuou.
Em 2018, o Greenpeace Brasil e outras organizações da sociedade fizeram uma intensa campanha contra os agrotóxicos quando a ofensiva ruralista conseguiu que o Pacote do Veneno (PL nº 6.299/2002), fosse colocado em votação na Câmara dos Deputados. A mobilização fez com que a votação fosse adiada por 10 sessões legislativas, e, apesar da aprovação do texto pelos parlamentares, a campanha fortaleceu o debate público. Na imagem, Marina Lacôrte, porta-voz da campanha de Agricultura e Alimentação do Greenpeace Brasil, durante as votações. Atualmente, o Pacote do Veneno tramita no Senado mas com forte oposição da sociedade.
Em setembro de 2019, realizamos um sobrevoo na Terra Indígena Munduruku para expor e denunciar o garimpo ilegal que assola a região. A equipe de pesquisa do Greenpeace Brasil analisou os alertas de desmatamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e mostrou que, em dois anos, a destruição da floresta na Terra Indígena Munduruku aumentou quase seis vezes. A denúncia ganhou repercussão nacional.
A pandemia da Covid-19 limitou nossas operações em campo, mas não a nossa solidariedade. Ao longo de 2020, conseguimos distribuir 125 toneladas de alimentos, insumos e equipamentos para comunidades indígenas em situação de vulnerabilidade em áreas remotas da Amazônia. Foram 191 mil quilômetros percorridos em 126 viagens feitas com o nosso avião para prestar ajuda emergencial a mais de 160 mil indígenas.
Em maio de 2021, o Greenpeace Brasil e organizações parceiras iniciaram a campanha “Comida para quem precisa de comida de verdade”, com o objetivo de doar e promover alimentos agroecológicos, produzidos pela agricultura familiar, para pessoas em situação de vulnerabilidade e insegurança alimentar aprofundada pela pandemia. No total, foram doadas 59 toneladas de alimentos saudáveis e mais de 14 mil pessoas foram atendidas em 12 estados brasileiros.