Chegamos aos 30 anos de atuação no país com a urgência de transformar

Os protestos pacíficos, corajosos e criativos são marca registrada do Greenpeace Brasil. Na imagem, marcha durante a Cúpula dos Povos, na Rio+20, cobrando dos governos justiça ambiental e social.  © Rodrigo Paiva / Greenpeace

No dia 26 de abril de 1992, um grupo de ativistas a bordo do navio Rainbow Warrior fincou 800 cruzes no pátio da Usina Nuclear de Angra, no Rio de Janeiro, simbolizando os mortos no acidente radioativo de Chernobyl. O protesto marcava o início das atividades do Greenpeace no Brasil.

Trinta anos se passaram. De lá pra cá, muita coisa mudou. O mundo – que em 1992 se reuniu no Rio de Janeiro para discutir desenvolvimento sustentável e um planeta que começava a dar sinais de aquecimento – hoje vive as consequências de não ter mudado rápido o bastante. Os protestos pacíficos, corajosos e criativos, marca registrada do Greenpeace, hoje se espalham e ganham cada vez mais adeptos.

Nesses 30 anos, os cientistas saíram de seus laboratórios e agora se acorrentam na porta dos bancos que financiam a indústria dos combustíveis fósseis, cansados de esperar que esses tomadores de decisão os escutem com seriedade. A juventude ganhou as ruas e se organizou. Os indígenas se articulam em redes de formação, proteção e incidência política, que sofisticaram a resistência depois de mais de cinco séculos de ataques.

Há 30 anos, a Amazônia tinha perdido 14 mil km² para o desmatamento. Hoje, a destruição da nossa maior floresta já acumula mais de 406 mil km², o equivalente aos estados de SP, PB, RN e o DF juntos. Qual seria o tamanho do estrago se o Greenpeace Brasil – assim como outras tantas organizações e movimentos de resistência – não tivessem dedicado suas vidas a essa causa? Como medir o que esses 30 anos deixam de legado?

Carolina Pasquali ao lado das lideranças indígenas Sônia Guajajara e Marcos Xukuru, e do cantor Chico César, durante o Acampamento Terra Livre (ATL) 2022 © Diego Baravelli / Greenpeace

Pra gente, o que mais importa é saber que temos muito ainda a fazer. Entramos em uma década crucial para a humanidade – aquela que definirá se teremos um planeta hostil à vida humana ou não – com a maturidade de quem já enfrentou muitas crises e desafios, e sabe que a luta é o que nos mantém vivos.

Que possamos celebrar a vida, sem especismos. Que o espírito ativista e a coragem que sempre pautou as ações do Greenpeace sigam inspirando cada vez mais gente. Que saibamos nos reinventar – sempre e constantemente – para estar à altura dos desafios que nos são colocados.

Por fim, que essa reinvenção se traduza em transformação. Consciente, coletiva, ousada e ambiciosa. Que possamos transformar a economia que destrói florestas e aquece o planeta em uma que respeita a vida, o ar puro, a água limpa. Vamos transformar políticas que priorizam o lucro e a ganância de poucos em detrimento de povos e comunidades inteiras em projetos que façam sentido para o nosso país.

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Transformemos nossas cidades, para que estejam adaptadas ao “novo normal” das mudanças climáticas, e assim, possamos viver com bem-estar e segurança.

Vamos transformar os discursos de ódio, o medo e a desconfiança em otimismo, união e esperança. Transformemos o conformismo em ativismo, e o autoritarismo em uma democracia mais madura. Há muito o que fazer, e a gente está só começando.

Obrigada a você, que está ou esteve conosco, de uma forma ou de outra, ao longo destes 30 anos. Só com você caminhando junto poderemos transformar os próximos 30. Vamos?

*Carolina Pasquali é diretora executiva do Greenpeace Brasil

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