Iniciativa homenageia e fortalece quem não se cala diante das injustiças, cria resposta e abre caminho para a construção de uma sociedade justa e sem desigualdades


Aniversário de 12 anos da Batalha da Matrix, em maio de 2025, quando a cultura hip hop se uniu à luta por Justiça Climática. Uma das fases da batalha teve como tema o “Rap Pelo Clima”, incorporando as pautas da justiça climática e do racismo ambiental. A proposta foi fazer com que as rimas trouxessem à tona vivências, memórias e percepções das quebradas sobre a crise climática, evidenciando como as consequências dos eventos extremos se sobrepõem às vulnerabilidades e às desigualdades nos territórios periféricos. © Luan Braz / Greenpeace

O Greenpeace Brasil lança o projeto Corre de Quebrada, que valoriza culturas periféricas, escuta a quebrada e fortalece a luta por justiça climática a partir de quem já está na linha de frente. É um projeto que busca construir e fortalecer uma rede a partir da potência coletiva que se manifesta na cultura de quem faz não apenas porque quer, mas porque precisa. Do funk ao grafite, do passinho ao slam, das batalhas aos mutirões, o que a quebrada cria também denuncia, cura e propõe uma realidade diferente da atual

Queremos conectar histórias, ideias, sonhos e lutas de quem não se cala diante das desigualdades: quem cria arte, levanta mutirão, denuncia injustiças e reivindica direitos básicos que deveriam ser garantidos. Estamos falando de moradia segura, água limpa, transporte digno, educação, emprego, saúde, alimentação, lazer, entre muitos e muitos outros. Para isso, o projeto se encontrará em espaços espontâneos de manifestação cultural, como batalhas de rima, rodas de poesia, slams, festas e mutirões, terrenos férteis para a expressão criativa e também para a mobilização política que se conecta a muitas outras regiões do Brasil.

Mas por que falar de cultura da quebrada quando falamos de clima? Porque não é de hoje que a crise climática está presente no cotidiano das periferias. Nas casas invadidas pelas enchentes, no calor extremo que afeta a saúde, na falta de água na torneira, na comida cada vez mais cara, na fumaça e no ar que adoecem e no transporte público precário e insuficiente. Esses problemas não acontecem isolados: são o acúmulo do abandono histórico, do racismo ambiental e da ausência de políticas públicas que garantam o básico para todos.

E é nesse ponto que ecoamos as palavras de Nego Bispo, que no livro A terra dá, a terra quer, diz que “O mundo é grande e tem lugar para todo mundo. O mundo é redondo exatamente para as pessoas não se atropelarem.” Se há espaço para todas e todos, por que não há acesso igual aos direitos que garantem uma vida digna? A justiça climática nasce justamente dessa contradição: não tem como falar de sustentabilidade enquanto a desigualdade for regra e enquanto uns poucos tiverem privilégios à custa da maioria.

Para Nego Bispo, é nosso dever valorizar e cuidar da geração neta, representante do presente e do futuro: “O presente é o interlocutor do passado e o locutor do futuro. Cabe às pessoas decoloniais, em qualquer lugar do mundo, educar sua geração neta para que não ataque a minha geração neta.” Essa é também a missão de projetos como o Corre: criar pontes entre passado, presente e futuro a partir da escuta, da cultura e da mobilização coletiva.

O Corre de Quebrada nasce oficialmente no dia 22 de setembro, com uma página que reúne informações, histórias e convites para mobilização, e ganha as ruas no dia 23, na Batalha da Matrix, tradicional batalha de MCs de São Bernardo do Campo (a segunda edição do Rap Pelo Clima no território).

Nesse encontro, o Rap pelo Clima volta em novo formato (veja aqui como foi a primeira edição), trazendo MCs que rimam a partir de temas do cotidiano das quebradas e da crise climática. A disputa será também um grito coletivo contra o racismo ambiental e um chamado por justiça climática.

Victor Monteiro, voluntário do Greenpeace Brasil no ABC Paulista, e MC Magrão, vencedor da batalha, no aniversário de 12 anos da Batalha da Matrix, em maio de 2025. © Luan Braz / Greenpeace

O projeto segue vivo na página e nas redes sociais, como espaço para troca de informações, divulgação de eventos, denúncias, ideias e sonhos coletivos. Quanto mais gente somar, mais forte será a cobrança por direitos e a construção de caminhos que realmente funcionam para a quebrada.

Porque se o mundo é redondo para que ninguém se atropele, é hora de garantir que todas e todos possam caminhar com dignidade. A juventude já mostra que esse futuro está em construção agora, na cultura, no corre e na luta coletiva.

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