Depois de descobrirmos que o descarte ilegal de resíduos está contaminando o meio ambiente na Patagônia, tivemos que agir para mostrar a irresponsabilidade de empresas, como a Total

Ativistas do Greenpeace Argentina bloqueiam a entrada de uma instalação de resíduos tóxicos no norte da Patagônia argentina, de propriedade da Treater S.A. A empresa presta serviços para companhias como Shell e Total. Os banners pedem o fim da era do petróleo.

Quando você imagina a Patagônia argentina o que vem à sua mente? Grandes montanhas, pumas, condores e grandes lagos e rios? Talvez você se lembre também da comunidade indígena Mapuche, que vive desde tempos imemoriais ali?

Agora imagine que empresas como a Shell e a Total começaram a explorar petróleo na Patagônia argentina usando a perigosa técnica de fraturamento hidráulico (fracking), e ainda por cima em uma região sensível. Imaginou? Infelizmente, o que é ruim pode sempre piorar.

Um estudo publicado em dezembro passado pelo Greenpeace revelou ilegalidades no aterro utilizado pelas empresas para descarte de resíduos. É uma área equivalente a 15 campos de futebol, com resíduos perigosos que não são tratados como previsto em lei. Além disso, o aterro está a apenas 5 km da cidade de Añelo e menos de 4 km do Rio Neuquén.

Durante a investigação, o Greenpeace recolheu amostras dos resíduos e detectou altos níveis de poluição, evidenciando a falta de proteção e a contaminação direta dos solos. Nos resíduos foram encontrados hidrocarbonetos, componentes voláteis e metais pesados ​​que poderiam atingir comunidades próximas ao aterro. Escrevemos às companhias de petróleo em questão para informá-las dos resultados dessa investigação, mas elas não tomaram nenhuma ação. Então, tivemos que agir.

Dezenas de ativistas corajosos passaram mais de 30 horas protestando e bloqueando a passagem dos caminhões que transportavam resíduos tóxicos. Eles receberam também apoio da comunidade Mapuche na região, ameaçada diretamente pela atividade das petrolíferas.

Equipe do Greenpeace pega amostras dos resíduos tóxicos despejados na Patagônia argentina. Os estudos detectaram a contaminação do solo

A empresa francesa Total, tão conhecida dos brasileiros por tentar explorar irresponsavelmente perto dos recifes dos Corais da Amazônia, mostra mais uma vez porque não podemos deixar que as petrolíferas perfurem em áreas sensíveis do ponto de vista socioambiental, colocando em risco comunidades tradicionais e o meio ambiente.

Esta ação pacífica realizada na Argentina faz parte de um movimento global de pessoas que estão enfrentando as grandes petrolíferas e exigindo responsabilidade de algumas das corporações mais ricas e poderosas do mundo – como Shell e Total – que impedem ações direcionadas ao combate às mudanças climáticas.

Um relatório divulgado em outubro pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) expôs que estamos longe de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 grau Celsius e que, com falta de ação, caminhamos para um aumento de 3 graus Celsius. Isso significa milhões de vidas em risco, uma crise de migrantes humanos em uma escala que nunca vimos, seca em massa, escassez de alimentos, entre muitos outros problemas.

É urgente abandonarmos as fontes fósseis para combater as mudanças climáticas. Se quisermos limitar o aumento da temperatura média global em 1,5 grau Celsius e reduzir os impactos do aquecimento global, precisamos acelerar a transição para uma matriz energética limpa e renovável. O fim da era do petróleo está próximo.

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