Evento no convés do navio ativista conectou música, arte e ação coletiva para refletir sobre adaptação e cuidado com os territórios

A arte que encanta também é ferramenta de força para quem luta por justiça climática, do morro ao mar, defendendo os territórios e os povos mais impactados.
No convés do Rainbow Warrior, navio ativista do Greenpeace, o Rio de Janeiro viveu uma noite em que música, afeto e urgência caminharam juntos. Recebemos a cantora e compositora baiana Majur, que emprestou sua voz à segunda edição do Tiny Deck, apresentação intimista realizada no helideck do Rainbow Warrior.

© Ju Chalita / Greenpeace
O objetivo desse encontro é reunir artistas brasileiros para trocar, cantar e refletir sobre os desafios enfrentados em territórios historicamente vulnerabilizados. Na primeira edição, no Recife, a artista pernambucana Joyce Alane abriu esse caminho. No Rio, a proposta seguiu a mesma essência: escuta, conexão e ação.

Antes do show, uma roda de conversa reuniu vozes que ajudam a traduzir a crise climática para a vida real.
Participaram o médico pediatra e sanitarista, Dr. Daniel Becker, Juliana Wallauer, Isis Pessino, Bella Piero e Alexia Fabriani. O encontro também contou com a presença de Carol Pasquali, diretora-executiva do Greenpeace Brasil, e das coordenadoras das campanhas de Justiça Climática e Oceanos, Leilane Reis e Mariana Andrade.
Foi um momento rico de conversa sobre como responder aos desafios do presente sem perder de vista o cuidado, o amor e a ação coletiva.

Carol lembrou que, enquanto líderes mundiais seguem “conversando” sobre a crise climática, seus impactos já avançam com força sobre a vida das pessoas.
A fala fez referência às discussões da COP30, em Belém, primeira cidade onde o navio aportou no Brasil, que entregaram respostas muito aquém da urgência imposta pela emergência climática.
Diante desse descompasso entre discurso e realidade, a diretora-executiva do Greenpeace Brasil apontou a adaptação climática como um caminho concreto e imediato, capaz de proteger territórios e pessoas enquanto decisões globais seguem emperradas:
“A adaptação é a nossa oportunidade de conectar a crise climática à vida real das pessoas. É sobre a vida do dia a dia, sobre começar a cobrar ações das prefeituras para preparar as cidades e proteger as pessoas. A adaptação é uma pauta mais local, mais palpável

Dr. Daniel reforçou essa perspectiva ao falar do impacto direto das soluções locais no cotidiano das cidades. Para ele, adaptar é também melhorar a qualidade de vida agora. “Se a gente arborizar e botar sombra, por exemplo, a temperatura cai 10 graus. Isso é o que me toca.”
Segundo ele, iniciativas como o plantio de árvores transformam bairros inteiros gerando uma série de benefícios à saúde, fortalecendo vínculos comunitários, ativando a economia local e criando pertencimento. “Isso faz bem para todo mundo e enriquece a vida, além de adaptar as cidades para o clima”, completou.

Depois da roda de conversa, veio a música. Majur encontrou no Rainbow Warrior um espaço de arte e propósito. Em sua voz, a arte aparece como força capaz de atravessar tempos difíceis, despertar consciência e lembrar que viver em coletivo exige respeito. Para ela, a música é missão que pode provocar reflexão, pertencimento e incentivar o amor, ingredientes essenciais para reconstruir uma sociedade mais justa.
“Eu acredito no poder da arte. A gente já passou por uma ditadura e a arte nos salvou. Acredito que, mais uma vez, a arte pode nos salvar de nós mesmos, porque somos nós que produzimos esse problema, especialmente quando falamos de natureza
Comentou a artista e compositora durante o show, que complementou:
“A arte é um veículo de reflexão, com muitas camadas. A música atravessa as pessoas, entra nas casas, desperta a consciência. É preciso consciência para viver em coletivo e com respeito”.
Quando a arte se alia à luta socioambiental, ela amplia horizontes e cria pontes entre emoção e ação. A crise climática não se enfrenta apenas com dados, mas também com sensibilidade, imaginação e coragem para sonhar com outros futuros.
Do morro ao mar, o que se viu foi a confirmação de que as respostas já estão sendo construídas por quem resiste. Comunidades que se adaptam, se organizam e reinventam o cuidado com seus territórios mostram que outro caminho é possível, e urgente.
Conheça algumas dessas histórias que o Greenpeace Brasil encontrou nos territórios. São soluções de adaptação de base comunitária que precisam de reconhecimento oficial, apoio e financiamento:
- Adaptação de base comunitária: o exemplo da Comunidade do Horto (RJ)
- Adaptação climática na prática: coletivo e escola quilombola do Amapá promovem saneamento com tecnologia acessível
Do morro ao mar: justiça climática para quem resiste.
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