Expedição Costa Amazônica Viva lançou “boias com gps”, chamadas de derivadores, em diferentes pontos da Bacia da Foz do Amazonas para monitorar as correntes marinhas da região

Imagem de um dos derivadores lançados nas águas do Amazonas pela Expedição Costa Amazônica Viva; Dados do monitoramento ainda são iniciais
© Enrico Marone/Greenpeace

Com apoio do veleiro Witness, do Greenpeace, pesquisadores do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA) estão realizando estudos sobre as correntes marinhas superficiais da Bacia da Foz do Amazonas, região de alta vulnerabilidade socioambiental que está na mira da indústria do petróleo.

O levantamento de informações faz parte da Expedição Costa Amazônica Viva, que está acontecendo ao longo do mês de março. A equipe do Greenpeace Brasil e pesquisadores do IEPA lançaram 7 derivadores, equipamentos oceanográficos que emitem sinais de localização, como “boias com GPS”,  ao longo da costa do Amapá.

O objetivo é entender para onde as marés e correntes os levam, para ter mais informações sobre para onde um possível vazamento de óleo seria levado. Vale lembrar que a pressão da indústria e de políticos locais para a abertura de uma nova fronteira exploratória na Margem Equatorial brasileira é grande.


Os dados ainda são iniciais e o monitoramento segue, mas já temos alguns alertas importantes.

Dos 7 derivadores lançados ao mar, por exemplo, dois tocaram a costa do Amapá, na Área de Proteção Ambiental do Arquipélago do Marajó e na Reserva Biológica do Lago Piratuba.

Esses deslocamentos trazem um alerta sobre como a expansão de petróleo na Margem Equatorial brasileira, considerando blocos que estão em estudo, podem trazer consequências graves para a biodiversidade local.

Veleiro Witness está em águas amazônicas para a Expedição Costa Amazônica Viva
© Enrico Marone/Greenpeace


Os os outros cinco atravessaram a fronteira brasileira! Os derivadores lançados mais ao norte da costa amapaense cruzaram a fronteira com a Guiana Francesa em poucas horas, sendo que um já tocou a costa do país francês e outro a costa do Suriname.

Outros dois chegaram à Guiana e já percorreram mais de 800 km. Essas movimentações representam uma grave ameaça ambiental com sérios impasses diplomáticos com os países da Pan-Amazônia.

A exploração de petróleo no Brasil coloca a Pan-Amazônia em risco!

O derivador Tartaruga Marinha, lançado sobre o Bloco 59 da Petrobras, atingiu a fronteira com a Guiana Francesa em 26 horas e depois se deslocou para o norte chegando ao limite das águas jurisdicionais do país, voltando a se direcionar para a costa logo após, onde deriva no momento.

Você deve se lembrar do derramamento de petróleo na costa do nordeste brasileiro em 2019, que atingiu 11 estados e mais de 3.000 km. Agora, imagine a extensão do impacto de um vazamento de óleo na costa amazônica, onde existem correntes marinhas ainda mais fortes, sistemas de macromarés com variação de até 12 metros e a presença de ecossistemas costeiros e marinhas muito sensíveis.

Entre eles, o Grande Sistema de Recifes da Amazônia e o maior corredor contínuo de manguezais do planeta.  Ter mais informações científicas sobre a costa amazônica é fundamental para entendermos o potencial impacto em casos de vazamento de óleo.

No atual contexto de acirramento da climática, é uma contradição apostar nesta região, tão única e sensível, como uma nova fronteira de exploração de combustíveis fósseis.

Para o Brasil ser liderança climática, é preciso que o governo se comprometa com a transição energética justa de verdade, deixando o petróleo no passado e longe de áreas sensíveis. Faça parte desta mobilização!

Você também pode acompanhar os trajetos dos derivadores por meio da página especial da expedição, que conta com atualizações periódicas.

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