Os alertas de desmatamento na Amazônia detectados pelo Deter, sistema do Inpe, sinalizam elevação de 40% de destruição florestal nos últimos 12 meses

Extração de madeira no Pará.

Na tarde desta quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro e os ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente), Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) fizeram uma coletiva de imprensa em Brasília para, mais uma vez, criticar e desqualificar os dados de alertas de desmatamento detectados pelo Deter, sistema do Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais).

“Está claro que as atuais políticas de Bolsonaro têm levado ao aumento da destruição da Amazônia. O presidente e três ministros passaram uma hora criticando a ciência e tentando maquiar a realidade. Em nenhum momento apresentaram soluções concretas para o problema real do desmatamento”, comenta Márcio Astrini, coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace.

A verdade: dados do Deter sinalizam para aumento de desmatamento

Os alertas de desmatamento na Amazônia detectados pelo Deter, sistema do Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais), sinalizam um aumento de 40% de destruição florestal nos últimos 12 meses (agosto/2018-julho/2019) na comparação com o mesmo período anterior. Em julho, a quantidade de alertas chega a ser três vezes maior do que no mesmo mês de 2018. Entretanto, os números serão ainda piores, uma vez que ainda não foram divulgados os dados dos últimos cinco dias do mês.

O Deter é uma ferramenta de alertas rápidos de alteração da cobertura florestal, criada pelo Inpe com o objetivo de auxiliar as operações de combate ao desmatamento. A área total do desmatamento só será mesmo conhecida quando divulgados os dados do sistema Prodes, também do Inpe, que historicamente é publicado no final do segundo semestre.

“O Inpe é uma instituição mundialmente reconhecida, que há mais de 30 anos presta serviços de excelência no monitoramento do desmatamento. Ao colocar em dúvida os dados do Instituto, o governo apenas tenta esconder a verdade. Ao invés de lutar contra os fatos e a ciência, o governo deveria cumprir seu papel de proteger o patrimônio ambiental dos brasileiros”.

Nos primeiros seis meses deste ano a quantidade de multas por crimes contra a flora caiu 23% na comparação com a média registrada no mesmo período nos últimos cinco anos. De acordo com o Observatório do Clima, houve uma queda de 70% nas operações de fiscalização realizadas pelo Ibama na Amazônia até abril deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Os números deixam claro a relação direta entre o crescimento do desmatamento e o enfraquecimento da fiscalização ambiental praticado pelo novo governo.

“Bolsonaro implementou no país um projeto antiambiental, que sucateou a capacidade de combater o desmatamento e favorece quem pratica o crime florestal. E agora, na hora de encarar as consequências de suas decisões, tenta esconder a verdade de maneira vergonhosa e culpando terceiros. Os números do desmatamento já são ruins por si só. Mentir só vai aumentar os prejuízos para o país”, declara Astrini.

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