Organização alerta que o financiamento proposto de $20 bilhões ao ano até 2025 e de $30 bilhões até 2030 para proteger a vida no planeta é urgente, mas quantias ainda são insuficientes.

São Paulo, outubro de 2024 – Porta-vozes do Greenpeace Brasil estão em Cali, na Colômbia, onde participam da COP16, a Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade. A reunião global é a primeira a ocorrer desde a criação do Marco Global da Biodiversidade de Kunming-Montreal, em 2022, na COP15, o primeiro acordo a estabelecer metas globais para proteger a biodiversidade e deter a extinção de espécies induzidas pela ação humana.
“A COP16 é um momento crucial para colocar em prática ações de combate à perda de biodiversidade. Com o planejamento e o financiamento adequados, as metas do Marco Global poderão ser implementadas a nível nacional e poderemos combater a crise da biodiversidade, um processo em curso de extinção em massa que ameaça toda a vida no planeta”, afirma a especialista em política internacional do Greenpeace Brasil, Camila Jardim.
A porta-voz lembra que as metas de implementação nacional do Marco Global de Biodiversidade, chamadas NBSAPs (sigla em inglês para Estratégia e Planos Nacionais de Biodiversidade), deverão ser atualizadas durante a conferência, mas para que tais metas sejam efetivas, elas precisam de financiamento para implementação. Por isso, o Greenpeace defende que países desenvolvidos e que historicamente lucram com a exploração de recursos naturais têm a responsabilidade de prover tal financiamento global.
“A previsão de países desenvolvidos proverem $20 bilhões ao ano até 2025 e $30 bilhões ao ano até 2030 é um bom primeiro passo, mas não são valores suficientes, uma vez que as necessidades de financiamento em biodiversidade chegam aos 700 bilhões de dólares por ano”, aponta Jardim.
Marco Global de Biodiversidade precisa entrar em prática
Desde a adoção do Marco Global da Biodiversidade de Kunming-Montreal, a destruição da fauna e da flora globais só acelerou. O agronegócio, a pesca industrial, a extração de combustíveis fósseis, a mineração em alto mar e os lucros corporativos continuam ameaçando a vida no planeta e lucrando com essa destruição, que poderá nos levar a uma extinção.
“Após a conquista do acordo do Marco Global da Biodiversidade de Kunming-Montreal, precisamos colocá-lo em prática. Há dois elementos centrais para que isso aconteça: o primeiro é garantir o financiamento apropriado, o outro é apresentar metas e políticas nacionais de biodiversidade atentas aos compromissos firmados”, completa Jardim.
O Marco Global da Biodiversidade conta com com 23 metas para reverter a perda de biodiversidade no mundo, restaurar, manter e melhorar as contribuições do meio ambiente às pessoas (tais como a regulação do ar, da água e do clima, a saúde dos solos, a polinização e a redução do risco de enfermidades), além de colocar a natureza em um caminho de recuperação até 2050.
Pesquisas apontam que a perda atual de biodiversidade é motivada pela atividade humana, principalmente o uso insustentável da terra, uso de água e energia e mudanças climáticas. Atualmente, 40% de toda a terra foi convertida para produção de alimentos. A agricultura também é responsável por 90% do desmatamento global e responde por 70% do uso de água doce do planeta, devastando as espécies que habitam esses lugares ao alterar significativamente seus habitats.
Emergência climática e perda de biodiversidade: crises conectadas
Em novembro, onze dias após o término da COP16, ocorrerá a 29ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climática, a COP29. O Greenpeace também estará lá, alertando a necessidade de se conectar as agendas de biodiversidade e mudanças climáticas, uma vez que tanto a crise do clima, como a da biodiversidade, estão intimamente conectadas.
“Para encontrarmos caminhos para conter as crises do clima e da biodiversidade, os países precisam promover avanços em um programa conjunto de diálogos entre a COP16 e a COP29, que levem a medidas efetivas em prol da sustentabilidade da vida na Terra”, diz Jardim.
Sem a ajuda de pessoas como você, nosso trabalho não seria possível. O Greenpeace Brasil é uma organização independente - não aceitamos recursos de empresas, governos ou partidos políticos. Por favor, faça uma doação hoje mesmo e nos ajude a ampliar nosso trabalho de pesquisa, monitoramento e denúncia de crimes ambientais. Clique abaixo e faça a diferença!