Decisão do Ministério Público Federal estabelece que Ibama e Ministério do Meio Ambiente implementem medidas de registro, controle e fiscalização do maquinário utilizado para atividades de mineração.

Ação Sobre Escavadeiras Usadas pelo Garimpo Ilegal em Terras Indígenas na Amazônia
Ação Sobre Escavadeiras Usadas pelo Garimpo Ilegal em Terras Indígenas na Amazônia © Tuane Fernandes / Greenpeace

O Ministério Público Federal (MPF) recomendou ao Ibama e ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) a criação de um cadastro federal de maquinários usados em mineração, como escavadeiras e dragas, com o objetivo de combater o garimpo em Terras Indígenas e áreas protegidas da Amazônia. A decisão cita dados do relatório “Parem as Máquinas: Por uma Amazônia Livre de Garimpo”, publicado pelo Greenpeace Brasil em 2023, que revelou a presença de ao menos 176 escavadeiras nos territórios Yanomami, Kayapó e Munduruku.

A decisão do MPF exige que o MMA apresente, em 90 dias, um planejamento com etapas de criação do cadastro, enquanto a efetiva implementação das medidas deve ocorrer em até um ano, a partir do acatamento da recomendação, sob risco de ação judicial. 

O levantamento do Greenpeace, realizado a partir de sobrevoos de monitoramento nas Terras Indígenas Yanomami, Kayapó e Munduruku, revelou que, entre 2021 e 2022, ao menos 176 escavadeiras estavam sendo utilizadas de maneira ilegal dentro das três Terras Indígenas, sendo que 75 delas (cerca de 42%) são da marca sul-coreana Hyundai. A investigação também encontrou máquinas da Liugong (China); da Caterpillar (EUA); da Volvo (Suécia); da Sany (China) e de outras empresas multinacionais.

“A recomendação do MPF é uma vitória significativa para a proteção dos territórios indígenas e unidades de conversação. A criação desse cadastro técnico é uma medida fundamental para enfraquecer as redes criminosas que se aproveitam da fragilidade do controle sobre esses equipamentos. Agora, é hora de o governo cumprir sua parte e agir com urgência para proteger essas terras e os direitos desses povos”, diz o porta-voz da frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil, Jorge Dantas.

Na avaliação do Greenpeace Brasil, a criação de um Cadastro Técnico Federal, que tem recomendação de ser operado pelo Ibama, é uma resposta direta à falha do sistema atual, que apenas monitora os indivíduos e empresas envolvidas em atividades poluidoras, sem rastrear o maquinário utilizado. A falta de fiscalização faz com que equipamentos importantes para o garimpo sejam facilmente desviados para áreas de proteção ambiental, como Terras Indígenas e Unidades de Conservação. Ao instituir um cadastro para esses equipamentos, o MPF espera controlar e reduzir a logística que alimenta essa indústria ilegal.

Muito do que é chamado de exploração garimpeira na Amazônia está operando com máquinas pesadas, infraestrutura caras e com um suporte empresarial para cobrir os altos custos. 

Além dos impactos ambientais e sociais, a chegada das escavadeiras acelerou a expansão dos garimpos na Amazônia, expandindo a atividade ilegal para o interior da região e invadindo Terras Indígenas e Unidades de Conservação. De 2010 a 2020, a área ocupada pelo garimpo dentro de terras indígenas cresceu 495%; nas unidades de conservação, o aumento foi de 301% (dados do Mapbiomas).

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