Consórcio Petrobras e ExxonMobil Brasil arrematara 10 blocos, insistindo no projeto de esburacar a Amazônia. Brasil deveria estar focado em acelerar medidas para diminuir a demanda interna por petróleo e impulsionar a transição energética justa e popular.

National Park of Oiapoque – Amapá – Brazil © Enrico Marone/Greenpeace
O Greenpeace Brasil lamenta o resultado da 5ª Rodada da Oferta Permanente da Agência Nacional de Petróleo (ANP): dos 47 blocos ofertados na Bacia da Foz do Amazonas, 19 foram arrematados. Consórcios das empresas Petrobras e ExxonMobil Brasil e de Chevron Brasil e CNPC Brasil compram um total de 16.312,33 km² na Bacia da Foz do Amazonas.
“É alarmante que mais de 40% dos blocos ofertados na Bacia da Foz do Amazonas tenham sido arrematados neste leilão da ANP. Ao assumir 10 blocos em consórcio com a ExxonMobil Brasil, a Petrobras se coloca como protagonista de um projeto político arriscado, que está cavando um buraco na credibilidade ambiental do Brasil”, alerta a porta-voz de Oceanos do Greenpeace Brasil, Mariana Andrade.
“A crise climática exige que aceleremos o processo de descarbonização, acordado na COP28, e não o prolonguemos. Ao mesmo tempo que negociadores estão reunidos na Conferência de Bonn para avançar em propostas para uma transição justa, o Brasil ignora seu papel de sede da COP30 e abre a possibilidade de novas fronteiras exploratórias de petróleo em regiões sensíveis da costa amazônica”, completa Andrade.
Em pleno 2025, o Greenpeace alerta que o Brasil deveria estar focado em acelerar medidas para diminuir a demanda interna por petróleo e implementar os marcos regulatórios que impulsionam a transição energética nacional, respeitando os direitos de comunidades em seus territórios e assegurando a proteção dos ecossistemas. Além disso, o desenvolvimento do país já deveria estar baseado em uma matriz energética renovável e na potencialização das economias e atividades sustentáveis que já existem nos territórios amazônicos.
“Além de representar um verdadeiro contrassenso ao Brasil, seguir com a promessa de ‘explorar até a última gota’ é ignorar todos os alertas a respeito da proteção da Amazônia, suas pessoas e seus ecossistemas. Abrir novos poços de petróleo aumentará o risco de desastres ambientais, agravará a crise climática e aprofundará as desigualdades e as ameaças que já pairam sobre as populações costeiras e a biodiversidade marinha”, alerta Andrade.
O que acontece agora
A venda destes novos blocos na Bacia da Foz do Amazonas não encerra o debate, uma vez que o leilão não garante exploração imediata.
Agora, os blocos arrematados precisam passar por processos de licenciamento ambiental que podem durar anos, e não asseguram lucro – à exemplo do conflituoso licenciamento do Bloco 59, localizado na mesma Bacia, as empresas enfrentarão grande resistência social para avançar.
Dinheiro do petróleo não acelera transição energética
A expansão da oferta de petróleo incentiva o consumo global, distancia o mundo de uma transição para longe dos combustíveis fósseis e é incompatível com um projeto de transição energética justa e popular.
“O petróleo, na prática, tem servido para alimentar um modelo que atrasa a transição energética. Além disso, financiar a transição energética com petróleo não terá como resultado uma transição justa, inclusiva nem popular. Investir em petróleo para financiar renováveis é como usar álcool para apagar incêndio: não resolve o problema, apenas piora a situação”, afirma Andrade.

O veleiro Witness, do Greenpeace, conduziu a Expedição Costa Amazônica Viva em 2024, com o objetivo de documentar os potenciais impactos da exploração de petróleo na costa amazônica. A região abriga uma biodiversidade única, incluindo o Grande Sistema de Recifes da Amazônia e vastos manguezais, como os mostrados na foto, no litoral do Amapá. Os manguezais são essenciais para as comunidades locais em termos de alimentação e renda. No entanto, a indústria petrolífera está avançando sobre a área.
Amazônia livre de petróleo
O avanço da exploração de petróleo no Brasil, principalmente na Foz do Amazonas, conduz o Brasil a um projeto econômico insustentável, baseado em um modelo extrativista ultrapassado, socialmente excludente e ambientalmente predatório.
Diante das mudanças climáticas cada vez mais aceleradas e da contribuição dos combustíveis fósseis para a crise global do clima, o Greenpeace defende a urgência de o Brasil traçar um plano concreto de transição energética para longe do petróleo e pede que o governo declare a Amazônia uma zona livre de petróleo como um todo.
Para uso da imprensa
- Imagens sobre a Foz do Amazonas, mediante cadastro no site e uso devido dos crédito
- Imagens sobre comunidades pesqueiras e ribeirinhas da Foz do Amazonas, mediante cadastro no site e uso devido dos crédito
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