Com o aumento na liberação de veneno nos últimos anos, os riscos à saúde também aumentaram. Mas ainda dá para mudar essa realidade através da agroecologia

O câncer é hoje o principal problema de saúde pública no mundo. Apesar disso, os alimentos com agrotóxicos que podem desencadear a doença são facilmente encontrados nos supermercados, diferente dos alimentos orgânicos e saudáveis. Mas a nossa geração ainda consegue transformar esse cenário. 


Brasil bate recorde em registro de agrotóxicos

O bem-estar da população deveria ser prioridade em todo governo, mas não é o que temos visto. Atualmente, o Brasil é um dos líderes mundiais em uso de venenos e vem batendo recorde de liberação nos últimos quatro anos, 2.182 agrotóxicos foram autorizados, inclusive substâncias cancerígenas e proibidas em vários países. Assim, Jair Bolsonaro se tornou o presidente que mais registrou agrotóxicos desde o início da contagem do Ministério da Agricultura (Mapa), que começou há 23 anos. 

O presidente Lula anunciou mais estímulos à agricultura agroecológica (sem veneno), contudo, em menos de dois meses de mandato, sua gestão autorizou 48 agrotóxicos. Por isso, independente do governo, devemos nos manter vigilantes e pressionando por uma alimentação saudável na mesa de todas as famílias, conforme garante a Constituição. 


Agrotóxicos são capazes de causar câncer

A toxicidade é uma característica intrínseca dos agrotóxicos. Por isso, suas consequências para a saúde humana são muitas: alterações nos sistemas imunológico, nervoso, respiratório, circulatório, endócrino e reprodutivo. Ou seja, agrotóxicos podem causar um conjunto de doenças, até mesmo neoplasias: uma proliferação, benigna ou maligna, descontrolada de células. Se for maligna, é câncer (como leucemia, linfomas, cânceres de mama, testículo, pulmão, etc).  

Para se ter um exemplo, o glifosato – veneno mais utilizado no Brasil – é genotóxico. Isso significa que o contato com o agrotóxico é capaz de danificar o material genético de organismos (o nosso DNA), levando ao surgimento de cânceres e doenças hereditárias. O perigo é maior para crianças e jovens, principalmente em regiões dominadas pelo agronegócio, onde há alto uso desses venenos.

Por causa dos riscos dos agrotóxicos à saúde pública e à soberania alimentar, em janeiro, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) reafirmou sua postura contra os agrotóxicos e, como solução, defende uma produção de alimentos de base agroecológica, visando o bem de consumidores e agricultores.

Chega de Agrotóxicos: foto em Brasília do Projetaço organizado pela rede Projetemos e organizações contra o Pacote do Veneno
Chega de Agrotóxicos: ato do Projetaço contra o uso abusivo de veneno no país. (Brasília, 2022)


Com agroecologia, é possível alimentar toda a população SEM veneno

A verdade é que agrotóxicos só servem para aumentar o lucro de poucos ruralistas, tornando a alimentação das famílias brasileiras cada vez mais escassa e envenenada. Porque enquanto o Brasil bate recorde em registro de agrotóxicos e em exportação de grãos e proteínas, a fome e os casos de câncer cresceram no país.

Na intenção de reverter essa realidade, foi criado o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara), que está engavetado desde 2014. Após as promessas do atual governo, a expectativa é que o Pronara seja finalmente colocado em prática e oficializado em breve. 

E, sempre que for viável, devemos preferir alimentos orgânicos comprados diretamente de produtores ou em feiras, que são mais baratos do que nos supermercados. Mas sabemos que isso não é suficiente. Por isso, temos que seguir cobrando por mais políticas de combate aos agrotóxicos e de incentivo à agroecologia.

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