Lideranças vão a Brasília discutir a participação indígena nas eleições 2022

A expectativa é que cerca de 7 mil lideranças se dirijam a Brasília nos próximos dias © Diego Baravelli / Greenpeace

Assim como nos últimos anos, 2022 começou de maneira dramática para os brasileiros – e se mostra especialmente desafiador aos povos indígenas, que permanecem mobilizados na defesa de seus direitos. Vimos em 2021 uma forte expansão do garimpo nos territórios, o incremento da violência contra aldeias e comunidades, a criminalização de lideranças e uma nova onda da pandemia de Covid-19.

Em estado de mobilização permanente, uma vez mais delegações de todo o país chegam a Brasília (DF) para a 18ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL) – já consagrado como o momento em que os povos indígenas denunciam a violação recorrente de seus direitos e buscam a solidariedade da sociedade brasileira. Acontecendo de 4 a 14 de abril, a expectativa das organizações indígenas é reunir representantes de mais de 100 povos de todas as regiões do Brasil.

Atuação política  

Com o tema ‘Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e Aldear a Política’, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) promoverá uma série de debates expondo a omissão do governo frente à necessária retomada dos processos de demarcação das mais de 800 Terras Indígenas ainda não reconhecidas Brasil afora; bem como definindo os marcos de atuação política dos povos indígenas no processo eleitoral.

Para além disso, o acampamento deve denunciar o famigerado #PacotedaDestruição – uma série de iniciativas do Executivo e do Legislativo que colocam em risco a sobrevivência física e cultural dos povos indígenas e a conservação de milhares de quilômetros quadrados de vegetação nativa – principalmente as florestas da Amazônia. 

Entre essas iniciativas, destaca-se o Projeto de Lei 191/2020, que abre as Terras Indígenas aos interesses do setor mineral, de gás, petróleo e de energia – ignorando o impacto desses projetos nos muitos modos de vida dos mais de 305 povos indígenas do país. 

Programação

O Acampamento Terra Livre terá dez dias de programação e mais de 40 atividades. Além do enfrentamento da agenda anti-indígena, saúde e educação são outros temas que devem dominar os debates realizados durante o acampamento.

Membro da Coordenação-Executiva da Apib, Sônia Guajajara reitera que desde o primeiro dia de governo Bolsonaro o movimento vem denunciando os crimes e perseguições contra suas lideranças: “São inúmeras as ameaças que recebemos, em virtude da não demarcação de nossas terras, além do desmatamento e invasão dos nossos territórios. Quando não são as perseguições contra nossos representantes que se opõem a esse desgoverno de Jair Bolsonaro, é o Congresso que tenta nos massacrar com a tinta da caneta”.

Para o porta-voz da Campanha Amazônia do Greenpeace Brasil Danicley de Aguiar, esta edição do ATL chega num momento muito particular do Brasil, após três anos de governo Bolsonaro: “Não há diálogo possível com autoridades que incentivam a invasão de territórios, criminalizam lideranças indígenas, apoiam garimpeiros e toda sorte de crimes ambientais. Por isso, mais uma vez, os povos indígenas voltam à Brasília para exigir o reconhecimento e  demarcação de seus territórios”.

Assista ao vídeo e conheça a maior mobilização indígena do Brasil

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