Dia Mundial dos Corais da Amazônia é celebrado hoje; apoio à expansão da indústria petrolífera na Bacia da Foz do Amazonas é uma ameaça aos recifes
O avanço do petróleo na Bacia da Foz do Amazonas representa uma ameaça não só para os povos e comunidades que têm nas águas da costa amazônica uma fonte de alimento e renda, mas também para toda a biodiversidade local.
Neste 28 de janeiro, Dia Mundial dos Corais da Amazônia, relembramos a descoberta do Grande Sistema de Recifes do Amazonas e a importância de protegê-lo. A data foi criada em 2017, quando as primeiras imagens de dezenas de espécies de peixes, esponjas-do-mar, corais e rodolitos (algas calcárias) foram reveladas ao mundo após expedição científica apoiada pelo Greenpeace Brasil.
Os primeiros registros nos mostraram um verdadeiro tesouro natural: um ecossistema rico em texturas, cores e formatos, que sobrevive em águas profundas, com pouca luminosidade, e que segue chamando atenção de cientistas.
A ameaça do petróleo
Na época da expedição, a petroleira francesa Total queria perfurar áreas perto dos Corais da Amazônia. Em resposta, cerca de 2 milhões de pessoas ao redor do mundo se uniram e participaram da campanha “Defenda Os Corais da Amazônia”.
A falta de segurança socioambiental para o empreendimento, somada à pressão pública, fez com que o Ibama negasse a permissão para a empresa iniciar as atividades. O mesmo aconteceu com a britânica BP, que também desistiu da exploração no local devido aos riscos socioambientais, econômicos e reputacionais.
Em 2021, a Petrobras assumiu a operação do bloco FZA-M-59, na Bacia da Foz do Amazonas, localizado a menos de 40 km dos recifes amazônicos. Em maio de 2023, o Ibama indeferiu novamente o pedido para exploração, agora para a estatal brasileira, priorizando a proteção socioambiental do Amapá e região.
Na decisão, Rodrigo Agostinho, presidente do órgão ambiental, seguiu orientação da área técnica e argumentou que a nova fronteira exploratória é de alta vulnerabilidade socioambiental.
Ele reiterou que é necessária a realização da Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS) para as bacias sedimentares, o que coloca a viabilidade ambiental do projeto em xeque.
A distância, a vulnerabilidade da fauna local e planos de emergência insuficientes também fundamentaram a decisão – a petrolífera demoraria cerca de 43 horas para chegar ao local em caso de acidente.
Apesar disso, há uma grande pressão política e econômica para que a área seja explorada. A Petrobras, por sua vez, apresentou novos estudos e aguarda resposta do Ibama.
Caso a exploração do bloco 59 seja autorizada, os recifes da Amazônia podem ser diretamente impactados em caso de vazamento. Ou seja: a ameaça continua!
Mobilização
Segundo dados do monitor Amazônia Livre de Petróleo, atualmente na Amazônia brasileira existem 451 blocos, marítimos e terrestres, nas categorias “em estudo”, “oferta” e “concessão”, o que nos dá a dimensão do tamanho da ameaça aos povos, à floresta e aos rios e mares da costa amazônica.
A campanha “Petróleo na Amazônia Não” está pressionando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governo federal para que cumpram a promessa de proteger a Amazônia e a declarem uma zona livre de petróleo, impedindo novos projetos na região. Podemos contar com você?
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