Na Assembleia Geral da ONU, presidente brasileiro ataca a mídia, mente sobre áreas florestais e ambição climática, e exalta manifestações antidemocráticas

Em parceria com o coletivo The Iluminator e com o Greenpeace USA, o grupo Defend Democracy in Brazil organizou uma série de projeções criticas a Bolsonaro em Nova Iorque, onde acontece a Assembleia da ONU (Foto:Ken Schles)

O grupo Defend Democracy in Brazil, com apoio do Greenpeace Estados Unidos e do coletivo The Illuminator, organizou protestos e diversas projeções em Nova Iorque para denunciar as mentiras de Jair Bolsonaro no tradicional discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque. Outros grupos também se uniram ao coro contra o presidente e espalharam mensagens nas redes sociais.

Durante o encontro, que aconteceu na manhã desta terça-feira (21), Bolsonaro retratou um Brasil que não existe. Além de afirmar que o desmatamento diminuiu, o presidente declarou que o país possui áreas florestais intactas desde a época da colonização, 66% de acordo com ele, e que a demarcação de terras indígenas é suficiente para os povos originários.

No entanto, hoje as terras indígenas demarcadas somam apenas 13,8% do território brasileiro e o desmatamento na Amazônia bate recordes sucessivos em seu mandato. Já a área florestal brasileira é de menos de 60%, e é formada também por florestas plantadas.

Isso significa que não estamos em um país com florestas primárias e intactas, mas sim, com uma política conivente com as altas taxas de desmatamento e com a grilagem. Segundo dados do sistema DETER, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), este é o terceiro ano seguido em que o desmatamento ficou acima de 6.000 km no período de janeiro a agosto, processo que exacerba as alterações climáticas em todo território brasileiro.

O presidente também defendeu mobilizações antidemocráticas que aconteceram recentemente no Brasil e afirmou que a mídia distorce fatos. Único mandatário a discursar sem estar vacinado, Bolsonaro insistiu em defender o tratamento inicial para o Covid-19, ignorando, mais uma vez, o que diz a ciência e as autoridades da saúde.

Ao enaltecer a contribuição feita ao Acordo de Paris, que na realidade é mais fraca do que a que a antecede, sua fala desconsidera os subsídios que seu governo tem dado à indústria do carvão e de como tem desacreditado a crise do clima. Hoje o país sofre um risco de apagão resultado das más escolhas energéticas da gestão, que prioriza uma matriz energética suja e mais cara.

“Apagão, desmatamento, grilagem, fome, crise do clima, e violação de direitos. É essa a real descrição do Brasil que vivemos”, critica Fabiana Alves, coordenadora da campanha de Clima e Justiça do Greenpeace.

Aliado às decisões equivocadas e autoritárias de Bolsonaro, está o Congresso Nacional, principalmente na figura de Arthur Lira, presidente da Câmara, que passa a boiada contra o meio ambiente e populações tradicionais para atender as vontades do setor agrário, excluindo a sociedade do debate democrático.

Os resultados são a pressa em aprovar vários projetos de lei que vão resultar em mais desmatamento, mais violência e na intensificação da emergência climática. Entre eles, o PL 490, que avança contra a demarcação e favorece exploração de terras indígenas, o PL da Grilagem, o PL do Licenciamento Ambiental e o pacote do veneno.

Esse é o quadro anti-democrático do Brasil, governado com único e exclusivo objetivo de atender às vontades de quem tem mais dinheiro, e dos poucos aliados políticos do presidente da República.

O discurso de abertura da ONU feito por Jair Bolsonaro é fantasioso e antidemocrático, além de avesso ao mundo necessário pós-Covid que os principais líderes globais buscam construir. A realidade do país é sombria e muito distante do país das maravilhas vendido por ele.

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