Durante visita, alunos de escolas públicas conhecem mais sobre as riquezas do fundo do mar e respondem perguntas sobre como percebem a crise climática

Estudantes na ponte de comando do navio.
© Marlon Diego / Greenpeace

A visita de estudantes do ensino fundamental e médio ao navio do Greenpeace, no Recife, encontrou duas lutas que sempre caminharam juntas: a defesa dos oceanos e a busca por justiça climática.

Ao passarem pela Tenda Oceânica e pelo espaço de Justiça Climática, estudantes compartilharam vivências que mostram como a crise climática, o racismo ambiental e a ameaça aos ecossistemas costeiros, como manguezais, arrecifes e áreas de pesca, se encontram no cotidiano de quem vive em territórios mais vulnerabilizados. Ao mesmo tempo, reforçaram a riqueza da vida presente nesses ambientes e a urgência em protegê-los.

Crianças e adolescentes de escolas participantes da iniciativa Escola Azul visitaram o navio Rainbow Warrior, em Recife, para uma atividade educativa voltada à proteção dos oceanos e à justiça climática.
A experiência teve início na Tenda Oceânica e de Justiça Climática, onde os estudantes participaram de uma imersão introdutória sobre o tema. Em seguida, fizeram um tour guiado pelo navio, conhecendo suas funções, histórias e o papel do Rainbow Warrior em ações globais de defesa ambiental. Ao final, os participantes participaram de uma oficina de artivismo, produzindo cartazes com mensagens ativistas.
O objetivo da atividade foi oferecer uma vivência formativa e inspiradora para estudantes das Escolas Azuis,
© Marlon Diego / Greenpeace

Maria Júlia Silva dos Santos e Olga Beatriz Neves Rocha, ambas de 17 anos e estudantes da Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) José Maria Alves da Silva, em Porto de Galinhas, falaram sobre como percebem e sentem os impactos da crise climática no lugar onde vivem. Para elas, a resistência e a garantia de defesa de direitos começa pela educação e pela escuta das pessoas que carregam a memória e a história do território. 

Elas relataram como as marisqueiras de Maracaípe, mulheres negras, trabalhadoras e guardiãs do mangue, têm seus direitos ameaçados pela grilagem, pela violência e pela tentativa de expulsão de áreas ocupadas há gerações. Enquanto o mangue abriga espécies fundamentais e mantém vivo um ecossistema essencial ao litoral, essas mulheres enfrentam pressões de quem chega buscando transformar o território em lucro rápido, destruindo o que sustenta a população local.

Para as estudantes, a união da comunidade é fundamental para pressionar governos e impedir que interesses privados avancem sobre o território. “Como lembra uma professora nossa, é preciso agir como um quilombo, ou seja, a gente precisa se unir e se fortalecer para se proteger”, defende Olga.

No espaço de Justiça Climática, os alunos responderam a perguntas que revelam como percebem a crise climática em seu dia a dia.
© Marlon Diego / Greenpeace

No espaço de Justiça Climática, a juventude também respondeu a perguntas que revelam como percebem a crise climática em seu dia a dia. Quando ocorre um evento extremo, a maioria diz se sentir muito preocupada. Pessoas negras, periféricas, idosos e crianças foram apontados unanimemente como os mais impactados. Moradia e mobilidade apareceram como as áreas da vida mais afetadas. E, ao pensar em quem deve liderar as ações de proteção da cidade, o poder público surge em primeiro lugar, mas a opção “todo mundo junto” recebeu muitos votos, reforçando exatamente o que Maria Júlia e Olga trouxeram: sem ouvir, considerar e valorizar quem vive o impacto, não há política climática efetiva.

Na Tenda Oceânica, jovens e crianças descobriram um novo mundo pouco conhecido, mas muito importante para a saúde dos oceanos, o mar profundo.
© Marlon Diego / Greenpeace

Na Tenda Oceânica, alunos e crianças descobriram um novo mundo pouco conhecido, mas muito importante para a saúde dos oceanos, o mar profundo. Um ecossistema repleto de mistérios, animais que possuem bioluminescência e características únicas. O peixe-diabo fez o maior sucesso, com seu jeito particular de se reproduzir – onde o macho precisa “morder” a fêmea, e após esse contato, vive nela pra sempre até sua reprodução – informação que fazia as meninas revirarem os olhos e se indignarem um pouco, embora compreendessem que cada espécie tem suas características individuais e todas são importantes para manter os mares vivos.

A experiência no navio apenas confirmou que cuidar dos oceanos e dos territórios historicamente mais vulnerabilizados não é algo distante, pois já é parte da vida de quem depende do mar para existir, de quem vive o dia a dia da transformação

A visita terminou com a certeza de que as novas gerações também querem, e precisam, que a mudança considere suas vozes, pois a juventude tem muito o que dizer sobre o que sente e pensa a respeito do lugar onde mora. 

Se você acredita nessa força coletiva, assine a petição Do morro ao mar: justiça climática pras comunidades que resistem e fortaleça quem protege o território todos os dias, e precisa de apoio, reconhecimento e financiamento para que a mudança aconteça.

© Marlon Diego / Greenpeace

Aberto ao público

A embarcação do Greenpeace segue viagem rumo à sua próxima parada, a cidade do Rio de Janeiro, onde realizará visitas gratuitas abertas ao público. Nos dias 20 e 21 de dezembro de 2025, das 9h às 16h, o Rainbow Warrior estará ancorado na Praça Mauá, 224, oferecendo à população a oportunidade de conhecer de perto o navio símbolo do ativismo ambiental, entender seu papel nas campanhas do Greenpeace e interagir com a equipe da organização e com a tripulação.

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