Dos blocos 172 blocos que irão a leilão, 47 estão na Bacia da Foz do Amazonas, em áreas altamente sensíveis do território brasileiro. Em vez de expandir novas fronteiras petrolíferas, o Brasil deveria se concentrar em traçar plano para se afastar dos combustíveis fósseis. 

Imagem captada durante a Expedição Costa Amazônica Viva, que teve com o objetivo de documentar os potenciais impactos da exploração de petróleo na costa amazônica. Na foto se vê um pescador artesanal no barco, de chapéu vermelho, jogando sua rede na água.

O Greenpeace Brasil conduziu a Expedição Costa Amazônica Viva para documentar os potenciais impactos da exploração de petróleo na costa amazônica. A região abriga uma biodiversidade única, incluindo o Grande Sistema de Recifes da Amazônia e vastos manguezais, que são essenciais para as comunidades locais em termos de alimentação e renda. A expedição navegou pela costa do Amapá e do Pará, colaborando com pesquisadores do Instituto de Pesquisa Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA) para coletar dados sobre as correntes marítimas e contribuir para a compreensão e proteção desse ecossistema único.

O Greenpeace Brasil vê com extrema preocupação a 5ª Rodada da Oferta Permanente de Blocos de Petróleo, promovida pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) na próxima terça-feira, 17 de junho. Entre os 172 blocos que irão a leilão, 47 estão localizados na Bacia da Foz do Amazonas, em áreas altamente sensíveis do território brasileiro e adjacentes ao Bloco 59, arrematado em 2013 e em processo de licenciamento e alvo de resistência há mais de uma década por representar alto risco ambiental, social e climático.

“É inacreditável que, em pleno ano de COP30 no Brasil, a ANP siga com intenções de esburacar a costa amazônica, ofertando 47 novos blocos na região”, afirma a porta-voz de Oceanos do Greenpeace Brasil, Mariana Andrade.

Além da Foz do Amazonas, blocos em outras quatro bacias sedimentares serão leiloados no dia 17:  Parecis; Potiguar; Santos e Pelotas.

“Enquanto deveríamos estar focados em nos distanciar dos combustíveis fósseis, a ANP promove uma 5ª rodada de leilão de novos blocos de petróleo em diferentes regiões do Brasil, colocando em jogo a segurança socioambiental de toda a costa brasileira, e, em especial, a amazônica. Um leilão desta magnitude certamente aprofundará ameaças que já vulnerabilizam as populações costeiras e a biodiversidade marinha no Brasil”, explica Andrade.

Diante das mudanças climáticas cada vez mais aceleradas e da contribuição dos combustíveis fósseis para a crise global do clima, o Greenpeace defende a urgência de o Brasil traçar um plano concreto de transição energética para longe do petróleo.

Se levarmos a sério a crise climática e a agenda global de descarbonização, a conclusão é evidente: os ativos de combustíveis fósseis estão perdendo valor. Em vez de expandir para fronteiras petrolíferas, o Brasil deveria se concentrar em garantir uma estratégia coerente e um mandato social e político para se afastar dos combustíveis fósseis”, pontua a porta-voz. 

“O Brasil, com sua sociodiversidade, sua matriz energética já majoritariamente limpa e sua capacidade de inovação, pode liderar um movimento de transição energética justo, popular e equitativo”, completa.

Impactos complexos


Em julho de 2023, um time do Greenpeace Brasil visitou comunidades da Bacia da Foz do Amazonas (Oiapoque e Bailique) e fez registros visuais da biodiversidade local. A região está sendo visada pela indústria do petróleo.

O Greenpeace também vem alertando que explorar petróleo na Bacia da Foz do Amazonas, uma região tão sensível da Amazônia — onde o conhecimento sobre a dinâmica das correntes marinhas ainda é limitado — poderá ter impactos complexos, como colocar em risco a segurança alimentar tanto das comunidades que têm seus modos de vida associados ao mar, como de todo o norte do Brasil. 

Em um estudo apoiado pelo Greenpeace em 2024, boias equipadas com GPS foram soltas em diversos pontos da Bacia da Foz do Amazonas para mapear o comportamento das correntes superficiais que poderiam transportar o óleo em caso de um acidente na região. Veja o resultado deste estudo na página especial Costa Amazônica Viva.

“Com os equipamentos atingindo a costa brasileira e águas internacionais em poucas horas, foi possível perceber que a dinâmica de correntes nesta área é muito complexa e que há um enorme risco de um possível derramamento de óleo atingir as comunidades e ecossistemas costeiros muito rapidamente e causando danos irreversíveis”, explica Andrade.

Dinheiro do petróleo não irá acelerar transição energética

O petróleo, na prática, tem servido para alimentar um modelo que atrasa a transição energética. Além disso, financiar a transição energética com petróleo não terá como resultado uma transição justa, inclusiva, nem popular.

Além disso, apostar no petróleo como motor da transição energética contradiz os compromissos climáticos do Brasil, uma vez que a extração de petróleo na margem equatorial ampliaria as emissões de CO₂, distanciando o Brasil do protagonismo climático global em um momento decisivo para a agenda ambiental. 

“O apoio por parte do governo ao projeto de exploração de petróleo na Foz do Amazonas revela a ausência de um plano concreto para uma transição energética justa, que inclua um cronograma claro para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis e garanta políticas efetivas que reduzam os impactos e promovam uma relação mais harmoniosa, com controle social, dos projetos de energia renovável”, diz Andrade.

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