Políticas do novo governo colocam em risco o clima global e a imagem do Brasil no mercado internacional

Em abril, ativistas do Greenpeace recepcionaram o presidente Jair Bolsonaro em Israel com um grande banner com a mensagem em inglês: “Bolsonaro, pare com a destruição da Amazônia”.

Nos últimos dias, o relator da ONU para Extrema Pobreza e Direitos Humanos, Philip Alston, declarou que as políticas de Bolsonaro são uma ameaça ao meio ambiente global. A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse ver com “grande preocupação” a situação no Brasil, a qual descreveu como “dramática”, especialmente na Amazônia. O presidente francês, Emmanuel Macron, foi além e chegou a declarar que não assinaria um acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, caso Bolsonaro saísse do acordo climático de Paris.

A enxurrada de críticas internacionais não são apenas coerentes, como profundamente graves. Em seis meses, a única agenda adotada pelo novo governo foi a de enfraquecer leis e órgãos de proteção e fiscalização ambiental, atacar os povos indígenas e as áreas de preservação, além de adotar medidas que beneficiam criminosos ambientais e estimulam o desmatamento. Além disso, há a alarmante liberação recorde de 239 agrotóxicos, sendo que destes, 43% são altamente ou extremamente tóxicos e 31% são proibidos na União Europeia. Confira aqui a relação de todas as medidas e ameaças.

“Em apenas seis meses de gestão, Bolsonaro já coleciona retrocessos gigantescos para o meio ambiente e para a imagem do Brasil. O atual governo representa uma ameaça ao equilíbrio climático e isso custará muito caro à nossa economia”, comenta Márcio Astrini, coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace.

Um dos escândalos recentes que ganhou repercussão internacional foi a onda de ataques arquitetados pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ao Fundo Amazônia, composto por doações de países como Noruega e Alemanha. Argumentando que havia “indícios de irregularidades” no uso dos recursos, Salles anunciou que imporia novas regras ao fundo, desviando seu uso da finalidade original, que é preservar e desenvolver de forma sustentável a floresta. Os doadores, que já aportaram mais de R$ 3,3 bilhões desde o início da operação em 2009, negaram a proposta.

“Na verdade, Salles queria retirar o dinheiro da preservação ambiental para entregá-lo a grileiros de terras e para promover seus interesses políticos. Não conseguiu. Porém, as ações do governo podem resultar no fim dos repasses ao país. Seria uma grande perda para o meio ambiente, o que, obviamente, parece não preocupar o governo”, afirma Astrini.

Não é de hoje que a agenda anti-ambiental de Bolsonaro tem sido amplamente criticada em todo o mundo. Recentemente cerca de 340 organizações pediram à União Europeia que interrompa as negociações sobre um acordo comercial com o Mercosul até que o governo ofereça garantias de não retrocesso em suas políticas socioambientais. Em abril, mais de 600 cientistas europeus pediram à União Europeia ações no mesmo sentido.

As ameaças de Bolsonaro uniram, de forma inédita, oito ex-ministros do Meio Ambiente brasileiros que, em maio, divulgaram uma carta conjunta criticando duramente suas políticas ambientais. “A governança socioambiental no Brasil está sendo desmontada, em afronta à Constituição”, declararam Rubens Ricupero, Gustavo Krause, José Sarney Filho, José Carlos Carvalho, Marina Silva, Carlos Minc, Izabella Teixeira e Edson Duarte.

“Bolsonaro está na contramão do mundo. Suas decisões jogarão por terra décadas de conquistas ambientais e poderão transformar o Brasil em um dos vilões do clima”, analisa Astrini.

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