Debate encampado pelo movimento Eco Pelo Clima, na Assembleia Legislativa do Estado, diantes das fortes chuvas, contou com a presença de organizações e movimentos sociais

Presença da população na audiência pública sobre emergência climática no auditório Dante Barone da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul | Foto: Carlos Macedo

São Paulo, 18 de setembro de 2023 – Na tarde desta segunda-feira (18), foi realizada no auditório Dante Barone da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, uma audiência pública sobre emergência climática. O debate aberto foi pedido em carta pelo Eco Pelo Clima, movimento jovem climático do Fridays for Future, junto com pessoas da sociedade civil, organizações e movimentos sociais. O Greenpeace Brasil esteve presente para apoiar a sociedade civil e contribuir com a discussão sobre a Emergência Climática vivida no Estado, principalmente diante das enchentes provocadas por chuvas intensas e que vitimaram 48 pessoas em 98 cidades do interior, e deixaram mais de 25 mil pessoas desabrigadas ou desalojadas. No total, o número de afetados chega a mais de 340 mil pessoas.

Eventos extremos, como os que ocorreram nas últimas semanas, têm sido recorrentes no Rio Grande do Sul. “Nos últimos meses, a população sofreu os danos severos de três ciclones extratropicais, que causaram enchentes em diversas cidades, desalojando famílias e ocasionando a morte de dezenas de pessoas. Além da perda humana, há também o prejuízo financeiro, o setor da agricultura, que emprega muitas famílias no Estado, teve perdas de R$ 150 milhões, após a passagem de um ciclone.”, conforme trecho da carta assinada pelo Eco Pelo Clima.

Para Renata Padilha, coordenadora do movimento Eco Pelo Clima, a realização desta audiência pública é uma forma de pressionar os governantes pela sua responsabilidade diante da emergência climática,  fomentar o debate sobre a implementação de ações com foco na redução de gases de efeito estufa (GEEs), e sobre a importância de colocar as pessoas mais impactadas no centro das discussões das políticas públicas de enfrentamento das consequências de um planeta mais quente: “Esperamos que o evento de hoje seja o pontapé inicial que precisamos para reunir todas as pessoas na luta por justiça climática. As comunidades e povos mais afetados pela emergência climática não podem seguir pagando com suas casas e suas vidas enquanto o governo estadual escolhe brincar de sustentabilidade.”

Representando o Greenpeace Brasil na audiência, o coordenador da frente de Justiça Climática, Igor Travassos, também salientou a importância do poder público no enfrentamento à emergência climática: “É preciso que o governo aja. Foi decretado Estado de Calamidade Pública devido às tragédias no Vale do Taquari, mas precisamos que as ações sejam pensadas para garantir que as pessoas não morram. Desde 2016, o governo do Rio Grande do Sul tem um Plano de Mitigação e Adaptação visando a consolidação de uma agricultura de baixa emissão de carbono. Isso nos diz que o governo tem uma prioridade, o agronegócio. Enquanto isso, acabamos de perder pelo menos 48 vidas, e milhares de pessoas estão desabrigadas e desalojadas. As perdas e os danos são imensuráveis. Se o governo foi alertado, por que não agiu antes? E agora? Vão esperar as próximas chuvas ou vão implementar medidas que se antecipem às tragédias? ”.

Participaram também da audiência pública as organizações: Jusclima2030, 350.org, Passo dos Negros, APIB, Amigas da Terra, AGAPAN, além da Secretaria de Meio Ambiente e a Defesa Civil do Rio Grande do Sul e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, sendo representado por Inamara Melo, coordenadora-geral de Adaptação à Mudança do Clima.

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