Recorde de queimadas na região, no entanto, mostra que ainda há muito o que fazer para cumprir a meta de desmatamento zero;  às vésperas da COP29 e do G20, Greenpeace ressalta a importância de vedar crédito a desmatadores e apoiar o financiamento de soluções de adaptação e mitigação climática

Monitoramento de Desmatamento e Fogo na Amazônia em julho de 2024 | Foto: Marizilda Cruppe / Greenpeace

A retomada do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) é a principal responsável pela queda de 30,6% no desmatamento na região, divulgada nesta quarta-feira (6) pelo projeto PRODES, avalia o Greenpeace Brasil. A área desmatada foi de 6.288 quilômetros quadrados que representa o melhor resultado dos últimos nove anos. Os números, no entanto, evidenciam que o país ainda tem muito a fazer para acabar definitivamente com o desmatamento, objetivo que precisa ser atingido ainda antes de 2030.

“Embora a volta da fiscalização e a estratégia de priorização de municípios críticos tenham refletido positivamente nos números anunciados, o Brasil segue muito longe do objetivo de desmatamento zero assumido pelo governo”, afirma a porta-voz da frente de Florestas do Greenpeace Brasil, Thaís Bannwart.

É preciso bloquear todos os caminhos utilizados pelos desmatadores, com ações estruturantes e medidas de longo prazo, tais como vedar crédito, regular efetivamente os fluxos financeiros que ainda chegam a quem desmata, além de avançar na transparência de informações socioambientais e em mecanismos que promovam a rastreabilidade total de produtos agropecuários.  

Além de medidas estruturantes e políticas, é necessário recursos para a implementação das iniciativas. Depois do fracasso na discussão de mobilização de recursos da COP da Biodiversidade, a expectativa, apesar do cenário desafiador, é de que na COP29, entre 11 a 24 de novembro, em Baku, capital do Azerbaijão, se encontre uma solução para o financiamento dos países em desenvolvimento para viabilizar a transição justa. 

Outra oportunidade é o encontro do G20, no Rio de Janeiro, entre 14 e 16 de novembro, para que os participantes, que também são grandes emissores, reflitam sobre a sua participação no combate às mudanças climáticas e acordem em taxar a riqueza dos super ricos. Isso poderia financiar as ações necessárias para cumprir com o Marco Global da Biodiversidade e o Acordo de Paris.

Fóruns devem discutir a crise do clima

Acabar com o desmatamento é fundamental para reduzir a contribuição do Brasil com a crise climática, tema que estará em pauta nas reuniões da COP29 e do G20. A agropecuária e o desmatamento compõem a maior parte (75%) das emissões domésticas de gases do efeito estufa. De acordo com estimativas do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, 48% das emissões vieram de mudança do uso da terra e 27% foram provenientes do desmatamento, cujo principal vetor é a agricultura. 

“Na discussão sobre quem paga a conta, é fundamental responsabilizar as empresas que contribuíram com o caos climático e que lucram com a destruição da natureza, via tributação, eliminação de subsídios e punição pelos danos que causaram”, aponta Bannwart.  

Já o G20 é uma oportunidade para que os participantes, que também são grandes emissores, reflitam sobre a sua participação no combate às mudanças climáticas e acordem em taxar a riqueza dos super ricos, iniciativa que poderia financiar as ações necessárias para cumprir com o Marco Global da Biodiversidade e o Acordo de Paris.

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