Agricultura e Alimentação
Agroecologia: a fome também é um problema ambiental
Infelizmente, 2022 foi marcado pelo agravo da fome em todo o Brasil. Enquanto o agronegócio bateu recordes de safras e exportação, a maioria das famílias brasileiras não teve acesso a uma alimentação adequada, com mais de 33 milhões de pessoas sem ter o que comer.
Em vez de combater a fome, a bancada ruralista tentou, durante todo o ano, aprovar o Pacote do Veneno (PL 1459/2022), um projeto de lei que libera mais agrotóxicos no Brasil, inclusive substâncias cancerígenas e já proibidas em outros países.
Para frear esse retrocesso, ao longo de 2022, o Greenpeace Brasil esteve junto às sociedades civil e científica participando das mobilizações contra a autorização de mais venenos no país, o que incluiu diversas reuniões, atos e atividades, como o Ato Pela Terra, em Brasília, e o Café Agroecológico, no Congresso Nacional.
A ciência e a história já comprovaram que agrotóxicos pioram a insegurança e soberania alimentar. A prova disso é que, nos últimos quatro anos, mais de 2 mil agrotóxicos foram liberados no Brasil – e mesmo assim o país voltou ao Mapa da Fome.
Isso é reflexo do nosso modelo atual de produção de alimentos, que prioriza a produção em larga escala, com o uso indiscriminado de venenos a favor do lucro de grandes produtores agrícolas, sem se preocupar com a saúde da população brasileira e com os impactos ambientais.
Mas existe sim uma solução: a agroecologia, que nada mais é do que uma produção agrícola que cultiva alimentos orgânicos, sem veneno, e que protege a biodiversidade.
Além de ser capaz de combater a crise alimentar e a crise climática de uma só vez, o modelo agroecológico permite relações justas de trabalho e maior distribuição de renda, combatendo a desigualdade social e abrindo novas possibilidades para agricultores e agricultoras familiares espalhados pelo país.
Comida sem veneno e saudável na mesa da população brasileira sempre foi e sempre será uma de nossas principais bandeiras.
“Para qualquer região do país que você olhe, há movimentos populares do campo e da cidade criando redes de solidariedade e de comercialização para garantir comida saudável e sem veneno na mesa da população brasileira.”
Marina Lacôrte, coordenadora da campanha de Agricultura e Alimentação no Greenpeace Brasil.