Iniciativas pelo Brasil estão recebendo doações para as populações mais vulneráveis aos efeitos econômicos e de saúde nestes tempos de pandemia de coronavírus

Crianças durante o Festival Percurso, inciativa da Agência Solano Trindade, na periferia de São Paulo. Foto: © Christian Braga / Greenpeace

Se para quem tem condições de ficar em casa já pode ser bastante perturbadora a experiência do isolamento, imagine para aquelas que quase nada têm? A pandemia do coronavírus pode ser mais devastadora para as populações vulneráveis: povos indígenas e comunidades ribeirinhas que vivem distantes de hospitais, comunidades sem acesso à água, saneamento básico ou a itens de higiene básica; pessoas em situação de rua e tantos outros que não têm a opção de ficar em isolamento social para se prevenir da Covid-19. Pessoas de baixa renda e trabalhadores informais já são os mais afetados pelos efeitos econômicos da pandemia.

Thiago Vinicius, da Agência Solano Trindade, por exemplo, é morador do Campo Limpo e divide seu tempo entre administrar um coworking, o Armazém Organicamente, e um restaurante. Os espaços buscam gerar renda e democratizar a alimentação saudável para a comunidade. Com a situação atual os espaços tiveram que fechar suas portas e mudar sua forma de atuação, impactando as pessoas que se beneficiavam dessas iniciativas. 

“A situação neste momento é da gente sobreviver e salvar o maior número possível de vidas”, disse para o Greenpeace Brasil. “Estamos trabalhando na agência como uma espécie de Cruz Vermelha para arrecadar o máximo de doações, conectando pessoas que querem doar com as que precisam receber. Precisamos de todo apoio para as vaquinhas das comunidades. A vaquinha hoje é um dos instrumentos mais importantes pois o dinheiro chega sem muitas burocracias”, completou.

Pensando em formas de conectar as pessoas que têm condições de passar essa quarentena em resguardo e que têm possibilidade de apoiar outros grupos, listamos algumas iniciativas. Outros sites também estão fazendo listas, como a  Mídia Ninja e o Instituto Socioambiental (ISA). Vamos elevar nossa humanidade colaborando com o próximo.

  1. Apoie a Agência Solano Trindade – Armazém Organicamente: a Agência Popular Solano Trindade busca arrecadar recursos financeiros para conseguir superar os custos fixos durante o tempo em que a casa está com atividades suspensas.

  2. Apoie os catadores de recicláveis de São Paulo: Por causa do coronavírus, catadores não podem trabalhar nas ruas, como de costume. Está no ar a campanha de financiamento coletivo RENDA MÍNIMA PROS CATADORES.

  3. Apoie os Coletivos de Favelas do Rio de Janeiro: A campanha puxada pelo Movimento 342 e a Associação Procure Saber vai destinar os recursos obtidos para os Coletivos Papo Reto, Voz das Comunidades, Rocinha Resiste e Redes da Maré.

  4. Combate ao Coronavírus nas Comunidades do Rio de Janeiro: O Grupo Amigos do Rio vai arrecadar cestas básicas com itens de higiene pessoal e alimentação. O Instituto Phi fará a compra e a distribuição das cestas, além do mapeamento das zonas com mais necessidades.

  5. Ajude a CUFA a ampliar o combate ao coronavírus: Enquanto parte da sociedade está em quarentena, muitos moradores das favelas estão na rua. É por meio de serviços como coleta de lixo, caixas de supermercados, frentistas de postos de gasolina, portaria, segurança, entregadores de refeições, entre outros, que a cidade se mantém. E é exatamente esse um dos motivos que deixa a favela tão vulnerável. A Central Única das Favelas Brasil (CUFA), em parceria com centenas de organizações sociais, organizaram uma vaquinha de arrecadação.

  6. Complexo da Maré contra o Coronavírus: A comunicação comunitária é uma ferramenta fundamental para informar os moradoras de favelas sobre os riscos da pandemia do coronavírus. O coletivos MARÉ Vive, MARÉ 0800 e AmarÉvê lançaram uma campanha de doação para manter vivas as ações de comunicação durante esse período. 

  7. Fundo de emergência para os sem-teto afetados pelo coronavírus:  O Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem-Tetos lançou uma vaquinha  junto ao Padre Júlio Lancelotti para prestar atendimento às famílias e promover ações de proteção e cuidado. 

  8. Ajude a prevenção da #Covid-19 nas ruas: O Favela Terapia decidiu criar uma ação voluntária e autônoma de arrecadação que garantirá minimamente uma prevenção da Covid-19 às pessoas em situação de rua. 

  9. Moradores de Rua Contra o Coronavírus: Pessoas em situação de rua fazem parte do grupo de risco e em tempos de pandemia precisam ainda mais de atenção e cuidados. Kits com álcool em gel, sabonete líquido, luvas e máscara estão sendo distribuídos na região do ABC, na grande São Paulo, para pessoas em vulnerabilidade nas ruas. Para que isso continue acontecendo, é preciso de verba.

  10. Apoie as periferias: Não há quarentena sem o direito à condições mínimas de existência. Agora, Uneafro Brasil pede apoio às famílias pobres, negras e periféricas de diversas comunidades de São Paulo e Rio de Janeiro.

  11. Fundo de emergência para pessoas trans: Sabe-se que a população transvestigênere brasileira (transgênero, transexuais e travestis) é extremamente vulnerável. Com o agravamento de uma pandemia, a situação fica pior. A Casa Chama está promovendo uma ação para arrecadar fundos.

  12. Apoie os povos indígenas: O modo de vida comunitário dos povos indígenas pode facilitar a rápida propagação do vírus nos territórios caso alguém seja contaminado. Com os valores arrecadados pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) será realizada a compra de alimentos, remédios e material de higiene para as aldeias.

  13. Ajude o hospital das clínicas da USP sem sair de casa: Pensando em como impedir que quem circula no hospital fique sem equipamentos de proteção, médicos e profissionais voluntários de outras áreas (como financeira e jurídica) se uniram para criar a campanha #VemPraGuerra, que busca levantar fundos com a contribuição da sociedade civil.

  14. Ajude os povos de Altamira: A Campanha Solidária Pelas Famílias de Altamira precisa arrecadar 40 mil reais para entregar 200 cestas básicas, produtos de limpeza para 200 famílias em situação de fome. Parte dos alimentos serão adquiridos de agricultores familiares e ribeirinhos da região de Altamira.

    Depois da publicação deste texto, incluímos mais algumas iniciativas (atualizado em 5 de maio):

  15. Alimente as pessoas sem desperdícios: O fechamento de restaurantes e do comércio  reduziu a circulação de alimentos e afetou as famílias no campo. Um grupo solidário de restaurantes disponibilizou seus espaços para produzir refeições para pessoas em situação de vulnerabilidade a partir do excedente dos alimentos produzidos por famílias de agricultores.
     
  16. Ajude o Fundo de Emergência da Amazônia: Doe para as comunidades e organizações indígenas e florestais que enfrentam a Covid-19 na floresta amazônica. Entre as atuações que elas têm feito estão a compra de alimentos e suprimentos médicos, além de linhas de comunicação sobre prevenção da doença.

  17. Ajude famílias quilombolas: O quilombo Santa Rosa dos Pretos, no Maranhão, pede ajuda para enfrentar a Covid-19. Sem geração de renda, 120 famílias receberão cestas básicas durante o isolamento social.

  18. Apoie mulheres de Recife: O Grupo Mulher Maravilha (GMM) presta serviços para socorrer pessoas em situação de maior vulnerabilidade. Com sede e atuação em Nova Descoberta, bairro em Recife, considerado um bolsão de pobreza, o GMM está recebendo doação de alimentos, fraldas geriátricas e materiais de higiene e limpeza ou, de transferência bancária de qualquer valor. Local de Doações: Rua Nova Descoberta, 849. Toda segunda-feira das 09h30 às 11h30. Conta Bancária: Caixa Econômica Federal. Agência 4815 Operação 013. Conta Corrente: 8293-0. Para Valeria Araújo Santos, CPF: 296.304.954-49.

  19. Doe ao povo Anacé, de Fortaleza: O povo indígena do município de Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza, está com dificuldade de conseguir alimentação e material de higiene. Onde estão, não podem fazer sua agricultura, nem pescar ou caçar nas matas, e não são empregados assalariados nem contam com a ajuda financeira do governo. São 138 famílias desassistidas nas aldeias Japuara e Santa Rosa. As doações podem ser feitas na conta bancária: Caixa Econômica Federal, Agência 1961. Operação 013. Conta 18252-4, para Aurea Maria Santos M. Filho, CPF: 950. 785. 173-91. Quem fizer a doação, manda o comprovante via mensagem direta no Instagram do grupo.

    E apareceram mais duas iniciativas lindas ligadas à alimentação, que incluímos aqui (atualizado em 17 de junho):

  20. Lute como quem cuida: você pode ajudar a garantir um prato de comida – e a manutenção imediata da vida – para pessoas em situação de rua e vulnerabilidade. O Movimento Sem Teto do Centro (MSTC) e o Movimento Sem Terra de São Paulo (MST/SP) se uniram para a produção de quentinhas saudáveis e saborosas oferecidas a essa população. Chefs convidados pensam de maneira cuidadosa nos alimentos que compõem as quentinhas, para garantir todos os nutrientes necessários. Você pode doar uma ou mais quentinhas. Se houver arrecadação suficiente, o projeto poderá se expandir para outras cozinhas solidárias.

  21. Favela Orgânica: A partir de 15 reais, você pode apadrinhar marmitas que serão distribuídas nas comunidades do Chapéu Mangueira e Babilônia, no Rio de Janeiro. O legal desse projeto é que as marmitas, além de alimentarem quem mais precisa neste momento de crise, carregam a missão de democratizar a comida de verdade, estimular o aproveitamento integral dos alimentos e acabar com o preconceito de que comida vegana é ruim. Como isso é feito? Junto com a marmita e um suco natural, os moradores recebem receitas que deverão ser compartilhadas com ao menos três vizinhos. O Favela Orgânica é liderado pela incrível Regina Tchelly.

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