A agroecologia é um pacotão do bem para a nossa saúde, meio ambiente e justiça social. Entenda por que você deve apoiar essa forma de produzir alimentos.
Falar sobre boa alimentação está em alta nos últimos anos, mas, para muitas pessoas, o termo “agroecologia” ainda soa como um palavrão. Fizemos este blog para você entender melhor sobre esse conceito e como sistemas alimentares ecológicos podem contribuir para o bem viver das pessoas e do planeta.
Spoiler: você vai notar que usamos a palavra “diversidade” muitas vezes ao longo do texto. De fato, ela é uma das chaves para o caminho rumo à boa alimentação.
1. A agroecologia cuida da nossa saúde e do meio ambiente ao mesmo tempo
Vantagens para a sua saúde:
Nada melhor do que se alimentar com algo que faz bem não apenas para o nosso mundo interno (nosso corpo), como também para nosso mundo externo (o planeta). A Adriana Charoux, nossa estrategista sênior de Agricultura, Alimentação e Floresta, gosta de dizer que a agroecologia nutre a um só tempo as pessoas e a terra.
Vantagens para o meio ambiente
Ainda que tenham diferenças entre si, os sistemas agrícolas de base ecológica colaboram para cuidar de nossa saúde e, ao mesmo tempo, têm enorme capacidade de aliviar os pesados impactos das mudanças climáticas e da perda de biodiversidade, além de contribuírem com a segurança alimentar e nutricional.
2. Ao comprar alimentos agroecológicos, você fortalece agricultores e agricultoras familiares
Para quem pode escolher o que comer, optar por alimentos saudáveis e sem veneno já é muito bom. Agora, se você também puder desviar da porta dos grandes supermercados para comprar diretamente de agricultores e agricultoras familiares, melhor ainda!
3. Alimentos agroecológicos podem alimentar todas as pessoas
A agricultura de base orgânica e agroecológica é totalmente capaz de alimentar as pessoas no Brasil e mundo afora. Mais do que isso, este tipo de produção é a forma mais segura e sustentável de produzir comida de verdade, saudável para as pessoas e para o meio ambiente no longo prazo.
“Infelizmente, a lógica da produção agrícola atual está concentrada em produzir e exportar commodities, e não em fornecer alimentos saudáveis. Por isso, essa transição precisa acontecer de forma imediata!”, alerta Adriana.
Vantagens de encurtar o caminho entre a roça e o seu prato:
– Acesso a alimentos mais frescos e mais baratos;
– Fortalecimento da conexão entre as pessoas, porque as mãos que cultivam o seu combustível diário ganham um rosto de verdade;
– O produtor é melhor remunerado e não fica refém de intermediários, como grandes redes de varejo, que impõem condições comerciais bastante injustas para os pequenos agricultores.
Sobre isso, Adriana reforça: “Quando você elimina intermediários entre produtor e consumidor, é provável que gaste menos com alimentação de qualidade. Sem contar que, ao comer de forma saudável, diminui a chance de usar seu dinheiro com remédios de farmácia”.
Além disso, alimentos livres de agrotóxicos e sementes geneticamente modificadas (os polêmicos transgênicos) significam mais autonomia para o agricultor familiar e produtos mais baratos para você, porque esses insumos externos e tóxicos encarecem a produção e deixam os produtores dependentes de empresas ligadas ao agronegócio.
Argumentos em defesa da agroecologia:
– O problema alimentar do mundo não está no modelo de agricultura em si, seja convencional, industrial ou agroecológico, e sim no conjunto de escolhas políticas e econômicas atreladas a determinada forma de produzir comida. Em outras palavras, se nossos governantes adotarem sistemas de produção, distribuição, comercialização e consumo de alimentos adequados e justos, toda a população poderá ter sua dose de nutrientes diária garantida;
– O atual sistema de produção de comida, que prioriza o acesso a alimentos industrializados em vez de alimentos in natura, não garante a segurança alimentar. Apesar de o mundo hoje produzir calorias suficientes para alimentar toda a população mundial, os jornais seguem mostrando notícias chocantes sobre dois extremos: de um lado, pessoas literalmente morrendo de fome; de outro lado, toneladas de comida indo para o lixo e aumento da obesidade em algumas populações;
– Se incentivar a agroecologia direitinho, todo mundo come: mesmo ocupando menos de um quarto das terras usadas para a agricultura no Brasil atualmente, é a agricultura familiar quem mais coloca alimento de verdade na nossa mesa. A maior responsável pela produção agroecológica no país , ela produz cerca de 70% da nossa comida e representa 67% dos empregos da agropecuária do país, segundo o último Censo Agropecuário Brasileiro, de 2017.
Um exemplo de sucesso:
Hoje, o Brasil é o maior produtor de arroz agroecológico da América Latina. Grande parte dessa produção é garantida pelas mãos de 363 famílias assentadas do Movimento de Trabalhadores Sem Terra (MST), em áreas de reforma agrária distribuídas em 13 municípios do Rio Grande do Sul. Na safra de 2018/2019, a área plantada foi de 3.433 hectares (o equivalente a mais de 4.800 campos de futebol), divididos em 15 assentamentos. A estimativa de colheita foi de cerca de 16 mil toneladas de arroz!
O que parece mágica não aconteceu da noite para o dia. A produção de arroz nos assentamentos começou de forma convencional, há 20 anos. De acordo com Emerson Giacomelli, um dos produtores de arroz da região, motivos bem sérios levaram os camponeses à transição para a agroecologia: “a profunda crise econômica do setor, o surgimento de inúmeros problemas de saúde, a poluição nos assentamentos, o manejo inadequado de recursos naturais devido ao uso abusivo de agrotóxicos e a busca de autonomia no plantio, beneficiamento e comercialização”.
4. Agroecologia é sinônimo de diversidade
O Brasil é super reconhecido por suas comidas típicas, pelas tradições alimentares com sabores tão particulares e variados, de acordo com a região do país. Em tempos de mudanças climáticas e em que a agricultura industrial vem ditando os sistemas alimentares, essa mistura e variedade têm se perdido. Ou, pelo menos, não está presente nos supermercados. Temos milhares de espécies conhecidas, documentadas, centenas delas comestíveis, mas nossa dieta do dia a dia tem ficado cada vez mais empobrecida.
Na produção familiar, especialmente a de base agroecológica, seja qual for a técnica utilizada, o que reina são sistemas que se beneficiam da biodiversidade, do manejo combinado de alimentos e cultivo de floresta.
Vantagens da diversidade na produção de alimentos:
– Mais saúde e nutrientes para nosso corpo: uma agricultura diversificada pode facilitar o acesso a uma alimentação balanceada, tanto para os consumidores quanto para os próprios produtores, que passam a depender menos da compra de alimentos. Além disso, a Fiocruz mostrou que a diversidade na alimentação é uma ótima aliada no combate à desnutrição infantil;
– Ajuda na manutenção dos ciclos da vida. Não é papo de “O Rei Leão”: culturas diferentes plantadas no mesmo espaço se apoiam mutuamente no crescimento e enriquecimento da terra. A variedade de espécies torna tudo mais colorido, tirando a monotonia, e a terra fica abastecida com nutrientes essenciais para que continue fértil, úmida, sequestrando carbono e mantendo serviços essenciais prestados pela natureza, como a chuva, para a continuidade da vida animal e vegetal;
– Fortalece a soberania e a segurança alimentar. Por exemplo, se uma determinada cultura de feijão for duramente impactada por uma estiagem ou excesso de chuva, outra variedade pode ser mais resistente e vingar, evitando que a população sofra sem este alimento básico da dieta.
A diversificação também é chave para garantir a sobrevivência de quem produz. Se um alimento não estiver em sua época de colheita ou não tiver valor interessante, o produtor poderá ofertar outros, ao longo das diferentes estações.
5. Agricultura com diversidade biológica e social tem enorme potencial econômico
A agricultura de base ecológica é o único caminho possível para uma recuperação econômica que garanta também justiça social e ambiental. Quando incentivamos a transição da agricultura convencional para a agricultura ecológica, estimulamos uma economia baseada na diversidade — biológica e de saberes.
Vantagens para a sua saúde:
– Menos exposição a agrotóxicos e outros produtos químicos altamente nocivos e utilizados na agricultura convencional e industrial, que podem causar doenças como câncer, malformação fetal, disfunções hormonais e reprodutivas;
– Aumento da nutrição humana, devido à maior variedade e qualidade dos alimentos.
Vantagens para o meio ambiente:
– A agroecologia vê a natureza como uma aliada na produção de alimentos e não como algo perigoso, que deve ser controlado ou exterminado para que somente uma cultura se desenvolva. A diversidade de espécies é fundamental;
– Mais respeito aos processos naturais dos ecossistemas, ao solo, à água e às espécies animais e vegetais;
– Menor dependência de combustíveis fósseis, cuja queima é um dos grandes motores de emissão de gases de efeito estufa.
Vantagens da agricultura com a floresta em pé:
– Valorização de alimentos nativos que a Amazônia, o Cerrado e outros ambientes naturais têm a oferecer, como açaí, guaraná, buriti, castanhas, frutas, sementes e muitas outras culturas;
– Ajuda a garantir a sobrevivência e autonomia de populações tradicionais, ribeirinhas, agroextrativistas, quilombolas e indígenas, que possuem valiosos conhecimentos sobre sistemas alimentares agroecológicos, acumulados por séculos;
– Intensificar o combate ao desmatamento faz com que o Brasil ganhe competitividade econômica. Lideranças de outros países já deixaram claro que não querem mais comprar produtos manchados com a destruição florestal;
– É uma ótima oportunidade para que o Brasil não se limite à exportação de commodities como soja, milho e algodão, e gere mais empregos no setor.
Agora que você tem um monte de informação sobre a agroecologia, nada melhor do que compartilhar esse conhecimento com a família e pessoas amigas. É de grão agroecológico em grão agroecológico que a gente transforma a terra – e a Terra.
Acesse a lista da agroecologia aqui
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Discussão
Adorei a reportagem! Sempre gostei de macarrâo com bastante alho, desde criancçaé intuitivo!!!
Amei ....
Gosto de agir localmente. Atualmente eu apoio a minha comunidade educativa. Ajudamos a alimentá-los durante a pandemia. Preciso de apoio para que eles plantem alimentos orgânicos em suas comunidades. Há inclusive uma reserva indígena próxima. Vamos iniciar algo em torno do feminismo comunitário.
A agroecologia é combustível natural para a economia circular, que pode ser o novo modelo econômico, ambiental e social para o mundo. O desafio é tirar o Brasil dessa armadilha, que os governantes e empresários sem visão de longo prazo e justiça social, implementaram com esse modelo atual de commodities em larga escala sem valor agregado
Parabens pelas excelentes informações sobre Alimentação Natural, a qual tenho como objetivo para 2021 adotar integralmente
Meu nome é João Paulo Tserenhõnhimirãmiwê, sou liderança e cacique da etnia indígena Xavante, minha aldeia se chama Hu'uró Terra das Onças, localizada no município de Barra do Garças, Mato grosso. Sempre tive muito interesse em colocar em prática o agroecologia, não somos a favor do agronegócio, porém com pouquíssimos conhecimentos e falta de parceiros, tem se tornado um sonho impossível e distante. Venho aqui em nome da minha comunidade, pedir um grito de socorro, que nós auxiliem em projetos, nos ensinem sobre o agroecologia. Obrigado pela atenção.
Precisamos de dar nossa parcela de responsabilidade social! Estamos juntos nessa nova tendência.
Excelente o trabalho que estão executando! Sou vegana há vários anos e acho muito bom o trabalho que vcs fazem
Meu nome é João Paulo Tserenhõnhimirãmiwê, sou liderança e cacique da etnia indígena Xavante, minha aldeia se chama Hu'uró Terra das Onças, localizada no município de Barra do Garças, Mato grosso. Sempre tive muito interesse em colocar em prática o agroecologia, não somos a favor do agronegócio, porém com pouquíssimos conhecimentos e falta de parceiros, tem se tornado um sonho impossível e distante. Venho aqui em nome da minha comunidade, pedir um grito de socorro, que nós auxiliem em projetos, nos ensinem sobre o agroecologia. Obrigado pela atenção. (66) 99254-0520 whatsapp
Parabéns ao Greenpeace no seu trabalho incansável pela defesa da VIDA em harmonia com a natureza!
Nasci no Pantanal Matogrossense. Fui para planalto com 7 anos. Aos 9 anos plantei a minha primeira roça. Agora quero comer croada. Onde acho para comprar?
SE OS GOVERNOS E O PRESIDENTE DESSEM MAIS ATENÇOES A REFORMA AGRARIA NOS TIAMOS MAIS ALIMENTOS SAUDAVEIS E TIAMOS MUITOS MAIS ALIMENTOS SEM AGROTOXICOS
excelente,desejo muito sucesso á voces,estamos juntos nessa luta
Bom dia!! Muito bom disseminar uma agricultura que esteja atrelada a proteção do meio ambiente e do humano.
A Agroecologia deve ser sim difundida e praticada. Além da produção de alimentos saudáveis fixa muitos mais pequenos agricultores no campo, produzindo, sobrevivendo de forma honrada e desinchando as cidades. Muito boa a reportagem
Gostei do blog. Devemos cuidar do nossa saúde ingerindo alimentos com qualidade. Encentivando sempre a produção de alimentos agro ecológicos .Aqui na minha região eu nunca vi uma reunião que tratasse dessa questão junto ao produtor rural.
Muito útil e interessante! Obrigada!
Acredito que conscientizar as pessoas, sobre a importância de vivermos nessa terra sem mata-la, seria o mais sábio, para uma humanidade que depende disso para viver mais tempo por aqui.
O texto é muito bom, apresenta informações necessárias à agricultura brasileira. Espera-se que políticas adequadas à ampliação destas atividades sejam mais valorizadas e se apliquem maiores recursos nesta área.
É de grão agroecológico em grão agroecológico que a gente transforma a terra – e a Terra. Se cada um fizer um pouquinho muitas famílias poderão ser alcançadas.
Muito interessante as informações. Se cada um fizer um pouquinho muitas famílias poderão ser alcançadas.
A luta dera constante , não é necessário agrotóxicos na produção de alimentos , fico muito contente por existir grupos q se preocupem para exterminar os venenos dos alimentos de verdade, aqui em Goiânia nao achei a lista de produtores de alimentos orgânicos, tem como enviar ?