No Dia da Amazônia, mostramos o “caminho das pedras” para reconstruir os sistemas de proteção da floresta, rumo à Amazônia que precisamos

Amazônia que precisamos | Floresta próxima ao Rio Manicoré, no sul do Amazonas, na Amazônia. As comunidades ribeirinhas estão lutando para terem seus direitos territoriais reconhecidos e sua floresta protegida. © Valdemir Cunha / Greenpeace

Dia 5 de setembro é o Dia da Amazônia, uma data para celebrar a força e a importância deste bioma, mas também para fazermos uma pergunta chave: que Amazônia queremos para o futuro? 

2022, afinal, é ano eleitoral. Teremos nas mãos o poder de decidir se queremos seguir com a economia da destruição, que traz lucro para poucos enquanto prejudica toda a sociedade, ou se queremos propostas e ações que ajudem a construir a Amazônia que precisamos: com valorização da ciência, da floresta em pé e de seus povos. 

Não é uma escolha difícil, pelo menos não para quem  entende que não podemos destruir nosso planeta, indefinidamente, sem consequências. Inclusive, nenhum político vai dizer que adora derrubar árvores. Pega mal, né? Mas, na prática, muitos deles têm agido precisamente pela destruição da floresta. 

Segundo um levantamento realizado pela Repórter Brasil, dois terços dos deputados federais com mandato atualmente, agiram contra o meio ambiente. Eles votaram medidas e elaboraram projetos de lei contrários e danosos à natureza, aos povos indígenas e aos trabalhadores rurais. 

Mas essa parcela de parlamentares não está sozinha na sanha pela destruição de nosso patrimônio natural. Nos últimos anos, vimos um tremendo esforço dos governos estaduais e federal em apoio ao garimpo, à legalização do crime e ao avanço da destruição. 

O último ministro do Meio Ambiente não estava brincando quando disse que iria “passar a boiada”. Se compararmos a média dos anos de governo Bolsonaro, a área desmatada na Amazônia teve um aumento de 52% (média de 11.339 km² entre 2019 e 2021), em relação à média dos três anos anteriores (média de 7.458 km² entre 2016 e 2018). 

O que o governo pode fazer para salvar a Amazônia?

Proteger a Amazônia é fundamental para o equilíbrio climático, para garantir os meios de vida das populações que vivem na região e é uma condição  para manter o ciclo da água no Brasil. Sem floresta, não tem água, não tem comida, não tem futuro!

Por isso, é preciso que os próximos governantes e legisladores tomem medidas urgentes para frear esta destruição. Listamos cinco medidas que devem ser tomadas, ainda nos primeiros dias do novo  governo, para iniciar a reconstrução da agenda socioambiental do país e proteger a nossa floresta:

  1. retomar, imediatamente, a execução de um plano eficiente e articulado de combate ao desmatamento, nos moldes do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAM);
  2. destinar orçamento adequado para ações e políticas de proteção ambiental e de direitos territoriais, bem como fortalecer os órgãos ambientais e fundiários como Ibama, ICMBio, INCRA e FUNAI. Tal fortalecimento inclui renomear servidores capacitados para cargos de chefia de órgãos relevantes para a pauta socioambiental, a realização de concursos públicos e a contratação de servidores;
  3. destinar florestas públicas ainda não destinadas para conservação e uso sustentável, reconhecendo os direitos à terra de povos indígenas, comunidades tradicionais e agricultores familiares (inclusive territórios de uso comum e assentamentos da reforma agrária);
  4. retomar o processo de responsabilização por crimes ambientais e a aplicação de multas e penalidades previstas em lei;
  5. retomar o processo de demarcação dos territórios de povos indígenas e comunidades tradicionais. Isso envolve a criação de mecanismos e implementação de  ações para a desintrusão de invasores, também o combate a atividades criminosas nesses territórios, em especial o garimpo, e o combate à violência contra esses povos.

Este é um ano decisivo para o Brasil e para o mundo: ou mudamos a forma de fazer política e como encaramos a Amazônia agora, ou colocaremos o planeta e o nosso país na direção de um futuro difícil para todos.

Como salvar a Floresta Amazônica: saiba mais

Fatores como  avanço do desmatamento, o garimpo ilegal, a extração ilegal de madeira, o avanço da agropecuária e da grilagem sobre florestas públicas, a expansão do crime organizado e a violência contra os povos indígenas são ameaças que podem levar a floresta a um estado de degradação irreversível. Não basta saber como salvar a Amazônia, é preciso agir.

Além disso, os impactos dessa destruição predatória da floresta são uma preocupação para o futuro, mas também já podem ser percebidos  no curto prazo, com climas extremos e chuvas arrasadoras.

Quais são os impactos da falta de preservação da Amazônia?

Em adição ao desmatamento na Amazônia, a falta de preservação da Floresta Amazônica tem impactos profundos e variados, tanto local quanto globalmente, afetando a biodiversidade, o clima, as comunidades locais e até a economia

Veja, a seguir, alguns dos impactos mais significativos.

Mudanças climáticas extremas

Já imaginou uma seca na Amazônia? A Amazônia atua como um importante sumidouro de carbono, absorvendo grandes quantidades de CO₂ da atmosfera. A degradação e o desmatamento da floresta comprometem essa função, contribuindo para o aumento das concentrações de gases de efeito estufa e acelerando as mudanças climáticas

Ainda vale ressaltar que a floresta desempenha um papel crucial no ciclo hidrológico, influenciando padrões de chuva ao redor do mundo. A sua destruição pode levar a secas mais severas e longas em algumas áreas, enquanto outras podem experimentar inundações devastadoras.

Perda da biodiversidade

Mesmo com toda a dificuldade de se empreender pesquisa no Brasil, em apenas quatro anos, foram descobertas 600 novas espécies de plantas e animais na Amazônia. Isso porque a Amazônia é um dos ecossistemas mais ricos em biodiversidade no mundo, abrigando milhões de espécies de flora e fauna, muitas das quais não são encontradas em nenhum outro lugar. 

A destruição do habitat, resultante do desmatamento, leva à extinção de espécies e à redução da diversidade genética, o que pode ter consequências imprevisíveis para a ecologia global.

Riscos de espécies entrarem em extinção

Um estudo do IBGE aponta que entre todas as espécies ameaçadas de extinção no Brasil, 503 estão na Amazônia. Nos últimos 10 anos, esse número aumentou 65%. A acelerada perda de habitats naturais, provocada principalmente pelo desmatamento, coloca inúmeras espécies animais em perigo iminente de extinção.

Essa realidade não só empobrece a biodiversidade global, mas também interrompe processos ecológicos vitais, nos quais esses animais desempenham papéis cruciais, como a polinização, a dispersão de sementes e o equilíbrio de populações de outras espécies. 

Além disso, a perda de predadores e outras espécies-chave pode levar a efeitos cascata, desestabilizando ecossistemas inteiros e afetando outras espécies, incluindo os seres humanos.

Impacto negativo nas comunidades locais

Muitas comunidades indígenas e locais dependem diretamente dos recursos da floresta para sua subsistência, sua cultura e suas tradições. A destruição da Amazônia ameaça o seu modo de vida, expondo-as a conflitos, deslocamentos e perda de identidade cultural

As práticas não sustentáveis ainda podem prejudicar a saúde dessas comunidades, como a contaminação de rios por atividades de garimpo ilegal.

Erosão do solo

Quando as árvores são derrubadas, o solo, anteriormente protegido pelo denso dossel da floresta, fica exposto à ação direta das chuvas e do vento, o que acelera a sua degradação. 

Isso não só resulta na perda da camada fértil essencial para a regeneração natural da floresta e para a agricultura, mas também contribui para o aumento da sedimentação dos rios, afetando a qualidade da água e a vida aquática

A erosão compromete, ainda, a capacidade de sequestro de carbono do solo, fundamental na luta contra as mudanças climáticas.

O que podemos fazer para proteger a Floresta Amazônica? 

Desenvolver uma estratégia abrangente para proteger a Floresta Amazônica é fundamental para garantir equidade climática, proteger os direitos das comunidades tradicionais e preservar o ecossistema florestal.

Confira as ações que nos ajudarão nesse objetivo!

Endurecimento das penas para crimes ambientais

A adoção de sanções mais severas visa não somente reprimir os atos de desmatamento, mas estender a responsabilidade aos que ordenam e financiam tais infrações. Este tipo de postura inclui a implementação de medidas punitivas financeiras, como o congelamento de bens e a destruição de equipamentos utilizados nas práticas ilegais. 

É importante também formar equipes especializadas para combater crimes relacionados à posse de terras, como grilagem e invasões de áreas protegidas. Ter pessoas focadas nesse trabalho reforça o arcabouço legal e operacional para a proteção efetiva do meio ambiente.

Demarcação de terras indígenas e quilombolas

O reconhecimento dos direitos dos povos indígenas sobre as suas terras ancestrais, tantoimpede invasões e explorações ilegais, quanto valoriza o conhecimento tradicional indígena em práticas sustentáveis de manejo da terra, essenciais para a conservação da biodiversidade.

Terras indígenas bem demarcadas resultam em taxas de desmatamento significativamente menores, o que contribui para a manutenção dos ecossistemas e dos serviços ecossistêmicos vitais para a saúde do planeta.

Essa estratégia, aliada à criação e à proteção de Unidades de Conservação, fortalece a conectividade ecológica da região. Assim, é possível garantir a preservação de seu valor inestimável para as futuras gerações.

Maior fiscalização do governo

Para efetivar medidas de proteção ambiental, é crucial reforçar a infraestrutura e a autonomia de órgãos essenciais como o Ibama, o ICMBio e a Funai, garantindo que possuam os recursos e a independência necessários para monitorar, fiscalizar e proteger eficazmente o meio ambiente. 

Isso inclui a restauração de suas funções originais e o aumento de pessoal – por meio de concursos públicos para ampliar a capacidade de fiscalização e a nomeação de especialistas técnicos para posições de liderança – substituindo gestores sem especialização na área. 

Todos pela Amazônia: quem ama, age

Estamos em uma corrida decisiva contra o tempo para reverter os efeitos das mudanças climáticas e, para isso, proteger a floresta é essencial. O Greenpeace acredita no desmatamento zero e em um modelo de desenvolvimento que valorize a floresta viva.

Seja um(a) ativista nesta brigada digital contra a destruição da floresta, doe e ajude a proteger a Amazônia!

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