Você sabe o que é biodiversidade? A biodiversidade é o conjunto de todos os seres vivos que habitam o planeta ou um determinado local, ou seja, todas as plantas e animais da terra, incluindo nós, humanos, o que levou bilhões de anos para se desenvolver e alcançar um equilíbrio. A biodiversidade é importante porque é justamente o equilíbrio proporcionado por ela que traz purificação da água e do ar, controle de doenças e pestes, polinização, solos férteis e proteção ao aquecimento global.
Mas ações humanas estão levando espécies à extinção a um ritmo alarmante, ameaçando a biodiversidade e colocando esse frágil equilíbrio em risco. Estudos mostram que o desaparecimento da biodiversidade global vem ocorrendo mil vezes mais rápido do que se acontecesse naturalmente e, atualmente, cerca de 1 milhão de espécies podem desaparecer para sempre, caso não controlemos o desmatamento e outros fatores que levam à perda de biodiversidade.
Além disso, quanto mais destruímos ecossistemas naturais, mais facilitamos o aparecimento de doenças, que podem se transformar em pandemias e trazer perdas para toda a sociedade.
Desde 1940, o desmatamento figura entre os principais fatores que favorecem a transmissão de doenças de origem zoonótica, aquela transmitida de animais para seres humanos.
Por outro lado, quando a floresta e sua biodiversidade são protegidas, além de funcionarem como escudos para conter a disseminação de doenças, elas podem fornecer as informações e insumos necessários para combatê-las. Ou seja, proteger a floresta é um grande negócio para nossa saúde e sobrevivência!
Em apenas quatro anos, foram descobertas 600 novas espécies de plantas e animais na Amazônia, mesmo com toda a dificuldade de se empreender pesquisa no Brasil e com a redução crescente dos investimentos na ciência e na conservação do meio ambiente.
Infelizmente, muitas destas espécies só são identificadas quando seu habitat e sua existência já estão em grave risco, devido ao desmatamento para a ampliação da fronteira agropecuária, roubo de madeira, garimpos ou obras de infraestrutura. Estamos perdendo riquezas que sequer conhecemos.
* O mapa traz apenas as espécies recém-documentadas com informações geoespaciais
De agosto de 2018 a julho de 2019, a Amazônia perdeu quase 10 mil km² de floresta – a maior taxa de desmatamento da década – área equivalente à 8 cidades do Rio de Janeiro. Junte a isso a catastrófica política ambiental do Brasil e temos uma bomba com enorme potencial de gerar danos irreversíveis.
A conservação da Amazônia é fundamental para minimizar a crise climática e ainda mais importante para as espécies e pessoas que vivem ali. A ciência vem alertando sobre a possibilidade, cada vez mais real, de chegarmos a um ponto de ruptura, em que a floresta não conseguirá mais se recuperar e perderemos muitas espécies e incontáveis benefícios que a floresta oferece a toda a sociedade, como a distribuição de água pela atmosfera, que irriga as plantações de boa parte do país, e a estocagem de carbono.
“A floresta é um grande livro aberto, mas as pessoas não” querem ler”, disse Valter Calheiros, educador ambiental em Manaus (AM). Precisamos ler o livro da floresta e aprender com os povos que sabem como viver e evoluir com ela. É necessário conhecê-la, em todo o seu potencial, para que possamos preservá-la.
Em meio a esforços para reverter a crise do clima e da perda de biodiversidade, o Greenpeace lançou, em fevereiro de 2020, o Programa Tatiana de Carvalho de Pesquisa e Conservação da Amazônia, um projeto idealizado para incentivar e apoiar pesquisadores brasileiros no estudo sobre novas espécies da biodiversidade amazônica.
Através de edital, foram selecionados 18 projetos de pesquisa em botânica e zoologia, que receberão apoio do Greenpeace ao longo de dois anos, com investimento de R$ 438 mil, em duas categorias: bolsa de estudo individual e apoio financeiro à trabalhos de campo.
A pesquisa científica, visando o conhecimento da biodiversidade da Amazônia, precisa ser priorizada no Brasil. Lamentavelmente, a maior floresta tropical do mundo é alvo de um dos menores esforços de amostragem da biodiversidade. E neste momento estamos vendo, na prática, a diferença que investimentos na ciência fazem para a toda a sociedade.
O edital foi inspirado no trabalho da ativista Tatiana de Carvalho, que trabalhou por quase uma década no Greenpeace, atuando na linha de frente da luta ambiental e pela proteção da floresta. Este programa é uma forma de continuar o trabalho a que Tati dedicou a vida: proteger a Amazônia.
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O avanço do desmatamento causa danos irreversíveis a toda a biodiversidade da floresta e para o equilíbrio climático do planeta. A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo e lar de uma imensa biodiversidade ainda pouco conhecida pelo homem. Mas ela continua a ser destruída para dar lugar a atividades como pecuária e monoculturas. No último período, houve um aumento de 30% do desmatamento no Bioma. Mas antes mesmo da destruição total da floresta, o processo de degradação, que é geralmente o estágio inicial do desmatamento, com atividades como a retirada ilegal de madeira, também coloca em risco a sobrevivência de espécies. |
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A queima de combustíveis fósseis é a principal causa do aquecimento global que ameaça a biodiversidade do planeta e toda a humanidade. Além disso, derramamentos de petróleo podem ter enormes consequências, como visto no caso das manchas de petróleo no nordeste do Brasil, que começaram em agosto de 2019 e seguem afetando não só o meio ambiente, como comunidades de pescadores e extrativistas que tiveram sua fonte de renda e de alimentação prejudicada. Os impactos desse petróleo em mangues são um exemplo do que poderia acontecer no caso de um derramamento na floresta. |
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As estradas abrem caminho para o desmatamento e grilagem de terra. Uma das áreas que mais sofre com o desmatamento atualmente é a região do entorno da BR 163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA), no caminho de habitats de espécies ameaçadas. O asfaltamento da BR 319, que liga Manaus (AM) à Porto-Velho (RO), é outro exemplo de desastre potencial, ainda sem licenciamento ambiental. O projeto deve reproduzir problemas observados na BR 163, incluindo degradação, desmatamento e grilagem, em uma área que hoje abriga vastas porções de floresta nativa e biodiversidade. |
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A exploração mineral na Amazônia impulsiona a abertura de estradas, construção de infraestrutura energética e desmatamento. A atividade se espalha também para dentro de áreas protegidas, como Terras Indígenas e Unidades de Conservação, que são grandes pontos de refúgio para a vida selvagem. Além disso, representa grande risco para a qualidade da água e solo no entorno, já que submete o ambiente ao risco de vazamentos de componentes tóxicos. |
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As queimadas têm dois efeitos para os animais e plantas da Amazônia: o imediato é a morte pela ação direta do fogo. Já em longo prazo, a alteração drástica sobre os ecossistemas e perda de habitat muda a relação das espécies com o ambiente e pode causar até a extinção. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 2019 o número de focos de fogo na Amazônia cresceu 30% em relação ao período anterior. |
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A construção de barragens afeta profundamente o ambiente, os povos e os animais que vivem em seu entorno. O represamento de rios isola espécies, interrompendo o fluxo gênico, contamina a água e leva animais à extinção. A construção de uma barragem depende de análise para identificar e mitigar danos socioambientais. O cumprimento destas medidas de mitigação, entretanto, é pouco efetivo, sem contar as tentativas do legislativo de enfraquecer o licenciamento ambiental no Brasil. |
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O desmatamento para a expansão da pecuária é um dos principais motores da destruição da Amazônia. Em alguns casos, a criação de gado é uma das ferramentas usadas no processo de grilagem e regularização de terras ocupadas ilegalmente. Desmatadores utilizam o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que é autodeclaratório, para se autoproclamar donos de terras “produtivas” na Amazônia. O mapa mostra a distribuição de áreas com CAR no bioma. Compare com o mapa do desmatamento. |
Titi (Plecturocebus Miltoni) ![]() Descrita pela ciência em 2014, a espécie só existe no interflúvio dos rios Roosevelt e Aripuanã, nos estados do Mato Grosso e Amazonas. De janeiro a setembro de 2019, foram registrados 204 focos de calor, num raio de até 30 quilômetros de onde vive a espécie. Em todo o ano passado, a região perdeu 3.130 hectares de floresta. Por ser um primata que vive exclusivamente nas copas das árvores, a perda de cobertura florestal é fatal para esta espécie. As principais ameaças são as queimadas e a degradação florestal, que é a primeira etapa para o desmatamento total. |
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Arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus) ![]() A Arara-azul já é uma “velha” conhecida da ciência e ocorre naturalmente em três biomas: Amazônia, Cerrado e Caatinga. Mas o desmatamento para a expansão agropecuária, a degradação pela extração ilegal de madeira e o avanço das cidades reduziram drasticamente seu habitat. Hoje ela ocorre apenas em pequenas áreas dos biomas e a espécie é classificada como Vulnerável pela IUCN (International Union for Conservation of Nature’s). Na Amazônia, ainda ocorrem avistamentos na região central do Pará, que é também o epicentro do desmatamento no bioma. Em 2019 a área desmatada na região em que vive a espécie chegou a 203.460 ha, o equivalente às cidades de São Paulo, Belo Horizonte e Recife juntas. |
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Bromélia Xinguana (Aechmea Xinguana) ![]() |
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