Entrevistamos Davi Kopenawa para saber como a história do povo Yanomami virou tema do Salgueiro; escola de samba conquistou 4º lugar
“Ya temi xoa, aê-êa
Ya temi xoa, aê-êa
Meu Salgueiro é a flecha pelo povo da floresta
Pois a chance que nos resta é um Brasil cocar”
Enredo Hutukara da Acadêmicos da Salgueiro, 2024
Quantas vezes você ouviu falar do povo Yanomami? Certeza que você deve se lembrar das crianças desnutridas e dos conflitos com garimpeiros, pois essas imagens foram expostas várias vezes em janeiro de 2023, quando o presidente Lula decretou situação de emergência na Terra Yanomami, o maior território indígena do Brasil.
Mas não vamos só falar disso. Queremos falar de um povo guerreiro, com visões de mundo singular, que sonham e ouvem a floresta falar. Essa riqueza de cultura, tradição e luta dos Yanomami é narrada no livro “A Queda do Céu”, do xamã e líder indígena Davi Kopenawa, que serviu de inspiração para a escola de samba Acadêmicos da Salgueiro, do Rio de Janeiro, no Carnaval de 2024.
“O povo salgueiro comprou esse livro, abriu, leu e achou muito bom o pensamento que eu queria passar para o povo da cidade. Eles ficaram emocionadas, enxergaram e escutaram a luta do povo Yanomami para sobreviver nesse país”, conta Davi.
Yanomami no Carnaval
O próprio xamã Yanomami esteve presente no Sambódromo da Marquês de Sapucaí. Você deve estar se perguntando: “mas o povo dele está sofrendo e ele foi desfilar no Carnaval?!”.
Davi Kopenawa explica que o momento é de união dos povos, do povo negro e dos povos indígenas, que por décadas foram massacrados, e esse espaço é fundamental para que a sociedade compreenda a luta Yanomami e se junte a causa.
“O povo salgueiro nos abraçou, fizemos uma aliança para ficarmos fortes, para lutar juntos e defender nossos direitos, nossas mulheres, nossos filhos, nossos costumes. Quem não conhece, vai conhecer”, disse.
Quarto lugar na Sapucaí
No domingo de Carnaval (11/02), a Salgueiro desfilou sob o enredo “Hutukara”, que significa “o céu original a partir do qual se formou a terra”, e ficou em quarto lugar na classificação do grupo especial. A letra também trouxe outros temas, como a defesa da mãe terra e as mudanças climáticas, e destacou a essência e a cosmovisão do povo Yanomami, não só as tragédias.
“Nós, povo Yanomami, estamos vivos. Estamos lutando para isso, para mostrar nossa força junto com a natureza, com a Salgueiro, com os xamãs… Esse é o nosso papel, lutar para não enfraquecer e poder sobreviver. Sem luta, a gente morre e não iremos morrer, vamos falar ao mundo que estamos aqui e estamos lutando para viver”, finaliza Davi.
Quer saber mais sobre a história Yanomami? Então siga a Hutukara Associação Yanomami (HAY) nas redes sociais: @hutukara_yanomami
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