Em meio à maior crise de saúde já enfrentada pela sociedade brasileira, Salles propõe usar o momento da pandemia como oportunidade para encobrir o projeto de destruição do governo e avançar com medidas anti-ambientais

Imagem mostra floresta destruindo e queimando, em Altamira, no Pará.
Imagem aérea mostra queimadas e destruição da floresta na região de Altamira, no Pará, em agosto de 2019. (Foto: Victor Moriyama / Greenpeace)

É estarrecedor o posicionamento desumano e vergonhoso do Ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, divulgado na última sexta-feira (22). Em vídeo da reunião interministerial, que aconteceu no dia 22 de abril, quando o governo deveria estar assegurando e planejando medidas de combate à maior crise de saúde pública já enfrentada pelo Brasil, o Ministro defendeu abertamente, sem nenhum pudor e com profundo desrespeito a milhares de famílias em luto, usar o momento da pandemia como uma oportunidade ideal para “passar a boiada” da destruição ambiental, já que concentra a atenção da mídia e sem grande barulho por parte da sociedade.

A fala de Ricardo Salles evidencia os perigos que a sociedade vem denunciando desde o primeiro dia de mandato do governo Bolsonaro e cujos resultados já são comprovados no chão da floresta. O desmatamento da Amazônia aumentou 30% em 2019 e, nos primeiros meses de 2020, os alertas já apontam crescimento de 62%. Mas ao invés de proteger a floresta e seus povos, o Ministro sugere usar as mortes provocadas pela pandemia para encobrir o projeto de destruição do governo e avançar com as medidas anti-ambientais, sem diálogo com a sociedade. Salles defendeu de maneira firme o uso do momento crítico que vivemos para beneficiar seus interesses sombrios.

Um Ministro de Meio Ambiente, condenado por improbidade administrativa, que usa o sofrimento e a morte das vítimas da pandemia para avançar de forma violenta com uma política de destruição e de forma deliberada, dolosa e declarada, e atenta contra a própria pasta não tem moral para ocupar o mais alto cargo ambiental do país que abriga enorme porção da maior floresta tropical do mundo. 

Com a comprovação do desvio de finalidade à sua função, esperamos que o Ministério Público federal, o STF e o Congresso tomem medidas imediatas para que Ricardo Salles seja retirado do cargo imediatamente. 

O Greenpeace se solidariza com os familiares e amigos dos mais de 20 mil brasileiros mortos pela Covid-19, com as centenas de milhares de pessoas contaminadas e com todos que enfrentam sérias dificuldades em decorrência da pandemia.

A política anti-ambiental do governo Bolsonaro, que tem resultado no aumento expressivo do desmatamento da Amazônia, da violência no campo e da ameaça aos povos indígenas deve ser interrompida imediatamente. Sua política nefasta gera prejuízos incalculáveis à população, às florestas, à economia brasileira e ao clima global. O Brasil merece mais.

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