Texto final do G20 cita tributação dos super-ricos mas peca ao não mencionar diretamente o fim dos combustíveis fósseis
A declaração final do G20 2024, que aconteceu no Rio de Janeiro, mencionou, pela primeira vez, a taxação dos super-ricos. A discussão no fórum foi encabeçada pelo Brasil e, apesar de divergências, o texto foi aprovado por consenso pelos países integrantes do grupo.
Este é um movimento fundamental em defesa de um mundo mais sustentável e isso só será possível com sistemas fiscais mais justos e um financiamento climático robusto. Celebramos a atuação do governo brasileiro em liderar a agenda em meio a tensões geopolíticas e aspirações negacionistas de outros líderes globais.
Sendo os mais ricos também os maiores poluidores climáticos, responsáveis por nos trazerem a atual emergência, o G20 deixa um recado importante para a COP29, que acontece em Baku, no Azerbaijão: os grandes poluidores precisam pagar pela destruição que eles causam em nome de lucros exorbitantes!
Apesar do importante passo, o Greenpeace Brasil destaca que a declaração do G20 falha ao não dar enfoque para o fim dos combustíveis fósseis e reforçar o comprometimento dos países com a transição energética, citada de maneira genérica. A gravidade dos eventos extremos, cada vez mais intensos e frequentes, nos exige uma resposta à altura.
Outro ponto de atenção em relação aos resultados do fórum está relacionado a própria tributação, destaque na imprensa internacional.
Ainda que a menção tenha sua importância, os líderes do G20 poderiam ter sido ainda mais ambiciosos e assertivos na apresentação de mecanismos para progressos verdadeiramente ambiciosos na tributação de indivíduos com elevado patrimônio líquido.
Se as maiores economias mundiais estão levando a sério o enfrentamento às crises climáticas, da biodiversidade e socioeconômica, precisam estar na vanguarda da cooperação fiscal internacional, demonstrando liderança e garantindo que os super-ricos sejam tributados de forma justa e adequada.
A transformação do sistema fiscal global não pode ser adiada e deve ter como objetivo principal o combate da desigualdades entre países e o financiamento de ações climáticas que impeça o planeta de viver tragédias ainda piores.
Ação interrompida
Com o objetivo de fortalecer a mobilização em defesa da taxação dos super-ricos, o Greenpeace Brasil realizou uma manifestação pacífica próximo à Cinelândia, no Rio de Janeiro.
No entanto, a organização foi impedida de dar continuidade à ação por forças da Segurança Nacional que cumpriam uma determinação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), em decorrência da reunião do G20 que se encontrava a 700 metros do local.
A determinação impediu a exibição de um banner, na empena do Edifício Bokel, colocado por escaladores, com os dizeres: Those who profit from pollution must pay! Tax the super-rich! (Quem lucra com poluição tem que pagar! Taxem os super-ricos!).
Diante das circunstâncias, não foi possível fazer com que a mensagem da organização sobre a importância de tributar os super-ricos chegasse ao mundo por meio desta grande faixa, neste momento em específico.
Globalmente, a mobilização dos escaladores e ativistas do Greenpeace segue ocupando as ruas, as redes e fazendo coro à voz daqueles que se posicionam e lutam por um mundo mais digno, verde e justo.
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